Releases 20/05/2016 - 11:02

Tecnologia inovadora de "cirurgia do DNA" desperta interesse da comunidade científica mundial


rio de janeiro--(DINO - 20 mai, 2016) - Atualmente, com o avanço da ciência ligada ao estudo do genoma humano, já é possível, de forma fácil e relativamente barata, identificar mutações genéticas no DNA de cada pessoa e, em determinados casos, "programar" sua correção. Diferente de alguns anos atrás, quando fortunas incalculáveis foram aplicadas em uma engenharia científica para apresentar o Projeto Genoma Humano, hoje o sequenciamento genético é um procedimento acessível, embora a correção de mutações ainda seja algo extremamente caro. Mas isso poderá mudar dentro de alguns anos, de acordo com uma corrente de especialistas. Cientistas de universidades internacionais buscam entender mais sobre o método utilizando CRISPR/CAS9, técnica de edição genética que poderá representar a cura de inúmeras patologias como Alzheimer, tipos de câncer e até doenças infecciosas.

Segundo Jacques P. Tremblay, diretor do Departamento de Medicina Molecular da Universidade de Laval (ULAVAL - Canadá) e especialista em assuntos ligados à genética, os resultados alcançados em animais por meio do CRISPR/CAS9 têm sido motivo de grande entusiasmo entre a comunidade científica internacional. Desde 2013, ano em que a tecnologia foi apresentada, mais de 3000 estudos já foram concluídos com pesquisas envolvendo o procedimento. "A técnica consiste na programação biológica de uma proteína capaz de se ligar diretamente à região afetada no paciente, cortá-la e, desta maneira, atingir a sequência de leitura correta", explica. "Os resultados em animais têm se mostrado muito satisfatórios, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido", pondera o canadense.

De acordo com pesquisadores envolvidos nos estudos, a grande diferença do CRISPR/CAS9, pelo que os próprios chamam de uma revolução científica, é o fato de que a tecnologia pode ser replicada em variadas doenças. Já existem outras tecnologias capazes de corrigir um material defeituoso dentro do DNA, mas todas estas utilizam uma proteína específica para cada caso, tornando a terapia gênica altamente custosa.

É a quebra de um paradigma , afirma o médico brasileiro Marcello Bossois, pesquisador assistente da ULAVAL no Brasil e membro do Consórcio Internacional de Terapia Gênica. As pesquisas com o CRISPR/CAS9 poderão, segundo Bossois, tornar a terapia gênica, dentro de aproximadamente 10 anos, algo simples, rápido e barato.

"Nós não precisaremos mais desenvolver um par específico de proteínas para cada alteração genética, uma vez que a técnica do CRISPR/CAS9, por meio de uma programação biológica, poderá alterar o genoma de qualquer célula defeituosa e criar estruturas ávidas a combater inúmeras doenças", celebra Luiz Werber-Bandeira, chefe da Unidade de Imunologia Clínica da Santa Casa, que firmou um projeto de imunogenética com a ULAVAL no final do ano passado.

Simpósio no Rio de Janeiro

Com a participação do provedor da Santa Casa, Francisco Horta, do cônsul geral do Canadá, Sanjeev Chowdhurry, e de pesquisadores das universidades japonesas de Kobe, Osaka e a ONG francesa AFM-Theleton, a tecnologia será tema de debate em 31 de maio, na Santa Casa do Rio de Janeiro, a partir de 09 h. O evento, que faz parte do acordo científico binacional entre a ULAVAL e a instituição brasileira, será aberto ao público. Além de discussões sobre a aplicação da tecnologia, outros assuntos ligados à genética estarão na pauta dos especialistas na ocasião.
Website: http://www.internationalconsortiumofgenetherapy.com