São Paulo--(
DINO - 03 abr, 2018) - Os inúmeros escândalos divulgados na mídia nos últimos anos são apenas a ponta do iceberg dos problemas corporativos. Diversos levantamentos de consultorias dão conta que, mesmo com o aperto das normas de compliance e com a evolução das práticas de governança corporativa, as fraudes ainda são pouco detectadas no Brasil. Isso ocorre porque, geralmente, o volume de informações geradas pelas empresas é gigantesco e, em meio a tantos dados, a identificação dos envolvidos a partir de metodologias tradicionais acaba quase que inviabilizada.Segundo a Pesquisa Perfil Comportamental dos Executivos, realizada pela Orchestra Soluções Empresariais, 27% dos executivos brasileiros demonstram desvios de conduta que resultam em potenciais riscos para as empresas onde atuam. No estudo, são considerados desvios de caráter características como interesses pessoais desmedidos, conflitos de interesses com as atividades que executam e potenciais comportamentos negativos para obtenção de ganhos individuais. Outro levantamento, o Relatório Global de Fraude & Risco 2016/2017, da consultoria Kroll, mostra que as fraudes corporativas ainda são pouco detectadas. Conforme o estudo, mais de 90% dos executivos brasileiros admitem que a exposição às fraudes aumentou e 68% no período e confirmam a incidência de más condutas nos últimos doze meses.O quadro evidencia o grande risco a que as empresas estão expostas, particularmente quanto às penalidades previstas pela Lei Anticorrupção, como multas que chegam a 20% do faturamento anual. Isso acelera a busca por soluções tecnológicas, demanda que consultorias de inteligência tecnológica têm atendido. Há um severo incremento na contratação de serviços voltados à detecção de fraudes. Essas soluções valem-se de ferramentas e técnicas avançadas que viabilizam a identificação práticas antiéticas, bem como seus autores. Suas ferramentas possibilitam a identificação e análise das principais evidências digitais. Hoje, é possível coletar logs, emails, documentos, conteúdo de celulares, trocas de mensagens, histórico da internet e, dentre outras informações relevantes, dados já deletados, bem como a identificação de quem os apagou.Até pouco tempo atrás, quando as empresas iniciavam uma investigação, não eram capazes de saber quem ou quantas pessoas estiveram envolvidas em fraudes. Hoje, porém, a análise das informações permite que se descubra a origem do problema, mesmo que os envolvidos deletem seus rastros, tanto em computadores e sistemas quanto em dispositivos móveis.As práticas mais comuns realizadas por executivos com desvio de caráter envolvem a maquiagem de resultados, desvios de valores financeiros, manipulação de dados e pessoas para atendimento a interesse próprio e outros comportamentos que resultam em uma cultura organizacional permissiva, em que controles são fragilizados e a própria corporação é colocada em risco.(*) Eduardo Sanches ? Sócio-diretor da VSI (Ventiv Solutions International). Com MBA pela FGV e Graduado em Ciência da Computação, tem mais de 20 anos de experiência em Gestão de Riscos Digitais e Computação Forense.