Releases 13/12/2017 - 10:08

Os impactos das mudanças climáticas sobre a infraestrutura de saneamento


São Paulo, SP--(DINO - 13 dez, 2017) - Nos últimos anos, poucos assuntos receberam tanta atenção e foram motivo de tantas discussões, pesquisas e polêmicas quanto o aquecimento global e as consequentes mudanças climáticas. Hoje, por mais que haja alguma disputa sobre as causas esses fenômenos correlatos - ainda há quem diga que nós, seres humanos, não somos responsáveis - ninguém questiona que eles são uma realidade. Sim, o mundo está mais quente e, sim, a elevação da temperatura média está mudando o clima do planeta.

Mas quais os impactos dessas mudanças sobre as cidades - em especial, sobre os serviços de saneamento? A resposta para essa pergunta passa pelo entendimento de uma consequência cada vez mais conhecida do aquecimento global: o aumento em intensidade e frequência de eventos climáticos extremos, como as secas duradouras, as chuvas torrenciais, e as intensas ondas de frio e de calor, entre outros. Esses fenômenos podem ter grande impacto sobre a infraestrutura de saneamento urbana.

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A RELAÇÃO ENTRE AQUECIMENTO GLOBAL E EVENTOS CLIMÁTICOS EXTREMOS
O ano de 2017 caminha para ser um dos três mais quentes da história. A previsão é da WMO (World Meteorological Organization), uma das instituições meteorológicas mais respeitadas do mundo, e foi apresentada na abertura da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 23), que aconteceu entre os dias 6 e 17 de novembro em Bonn, na Alemanha. Segundo o levantamento da WMO, a temperatura média mundial entre janeiro e setembro de 2017 foi 0,47°C mais alta que a média registrada em igual período entre 1981 e 2010 - com margem de erro de 0,08°C para mais ou para menos. Isso representa uma alta de 1,1°C frente à temperatura média observada antes da revolução industrial, que começou na segunda metade do século 18. Pode parecer pouco, mas em se tratando do clima global, esta é uma variação das mais elevadas.

E quem acompanha o noticiário já percebeu as consequências, para o clima, dessa variação. Afinal, embora alguns cientistas ainda resistam em correlacionar, diretamente, aquecimento global com a alta no número dos chamados eventos climáticos extremos, a ligação, pelo menos indireta, entre um fenômeno e outro já é tida como certa por uma numerosa maioria. Funciona assim: a queima de combustíveis fósseis e a alteração do uso do solo - principalmente pelo desmatamento - aumentam a emissão de gases que contribuem para o aumento da temperatura média do planeta. Este aumento de temperatura, por sua vez, impacta circulação de umidade, pressão e temperatura. Essas alterações resultam na mudança do clima do planeta, que se manifesta, principalmente, por meio do aumento em intensidade e frequência de eventos climáticos, como enchentes e secas, que passam a ser mais extremos.

O ano de 2017 - e ele ainda não acabou - foi repleto desses eventos extremos. "Vimos temperaturas superarem os 50°C na Ásia, furacões em rápida sucessão no Caribe e no Atlântico, alguns dos quais chegaram até a Irlanda, monções e enchentes afetando milhões e uma seca implacável na região leste do continente africano", disse Petteri Taalas, secretário geral da WMO, durante a COP 23.

No Brasil, um sem número de eventos extremos também vem sendo observados, como registra o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais, da Defesa Civil (1991-2012), e os monitoramentos do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais). São Paulo, por exemplo, a maior cidade do País, viu chover boa parte do volume previsto para o mês de abril em um único dia. Três meses depois, a cidade passou mais de 30 dias sem uma gota de chuva sequer, no julho mais seco em 22 anos.

E não é só em São Paulo. Em agosto, um levantamento conduzido pela Folha de S.Paulo com base em dados do Ministério da Integração Nacional, mostrou que uma em cada quatro cidades brasileiras estava em estado de emergência em razão de seca ou de chuva. Uma cidade em especial - Novo Triunfo, no nordeste da Bahia - estava em emergência tanto pela seca quanto pela chuva. Lá, a seca foi reconhecida como emergencial em 9 de março e 18 dias depois, no dia 27 do mesmo mês, uma enxurrada forçou a declaração de emergência em razão da chuva. Com fenômenos nacionais como esses, fica fácil entender por que, já em 2015, o Brasil foi considerado o país que mais se preocupa com as mudanças climáticas do mundo, segundo levantamento feito pelo Pew Research Center com 40 nações.

Continue lendo o especial Saneamento e mudanças climáticas , que inclui os temas:
*** SECAS, ENCHENTES E O IMPACTO SOBRE O SANEAMENTO
*** CONSTRUINDO A RESILIÊNCIA DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO
*** AQUECIMENTO, CIDADES E O BRASILEIRO URBANO




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