Releases 19/01/2018 - 15:53

Grupo deixa ruas, recebe amplo treinamento e cria cooperativa


São Paulo--(DINO - 19 jan, 2018) - Uma xarada para você: que relação existe entre moradores de rua, uma universidade e cooperativismo? Pode parecer que nenhum dos três tem a ver com o outro, mas em São Bernardo do Campo, município da Grande São Paulo, essa união existe e tem tudo para dar certo. Por meio de um curso de capacitação, a Universidade Metodista diplomou em dezembro o primeiro grupo de 13 pessoas em situação de rua para que atuem juntos, sob a forma de uma cooperativa, na reforma de casas.O projeto "Gente é para brilhar", no entanto, não é apenas uma iniciativa para ensinar os rudimentos de um ofício. Afinal de contas, com uma universidade - e todos os seus recursos educacionais na retaguarda - não se poderia esperar algo superficial. Os alunos foram formados com o que de mais moderno há em termos de organização e manutenção de um negócio. Eles não aprenderam a reformar residências, bater pregos ou pintar uma parede - mas a gerir, administrar um negócio.A formação dos alunos, iniciada em agosto, foi feita por meio de oficinas com uma carga de horária de 40 horas. Os alunos tiveram uma avalanche de preparo, com a participação de alunos e professores do curso de Processos Gerenciais, com temas como comportamento empreendedor, fluxo de caixa, criatividade, economia solidária, cooperativismo e relações humanas. O curso não foi apenas técnico. A psicóloga Sandra Soares Godinho acompanhou todo o processo com o objetivo de desenvolver um trabalho socialmente estruturado.Essa história inédita de união entre universidade e excluídos começou quando o professor Marco Aurélio Bernardes, da Escola de Gestão e Direito da universidade, conheceu um jovem que não conseguia emprego e vivia nas ruas. Teve a ideia, então, de criar uma forma de a Metodista auxiliar pessoas nessa situação. Para isso, procurou a ONG Comunidade Padre Pio, no bairro de Riacho Grande, que já acolhia e trabalhava com pessoas em situação de rua."Esse projeto surgiu para criar uma cooperativa só, mas esses conhecimentos servem para todas as áreas", explica o professor Bernardes. "Alguns querem abrir uma confeitaria e outros querem trabalhar com alvenaria, mas todos têm que saber gestão financeira e de pessoas. O que nós queremos aqui é formar multiplicadores", acrescenta. A coordenadora do curso de Processos Gerenciais, Rosana de Almeida, acrescenta outro objetivo da iniciativa: "Devolver a autoestima e a autoconfiança para essas pessoas pelo trabalho que será desenvolvido, reinserindo-os na sociedade e no mercado de trabalho e também na abertura de campo de trabalho através da cooperativa que se formará"."O contato com as pessoas em situação de vulnerabilidade social, econômica e psicológica, sob a orientação de docentes que trabalharão neste projeto, será uma oportunidade ímpar para o crescimento e maturidade pessoal", complementa o professor Luiz Silvério Silva, coordenador da cátedra Gestão de Cidades. Que a iniciativa se espalhe pelo país.