Temperaturas recordes e eventos extremos aumentam os riscos das chamadas doenças negligenciadas e exigem ações integradas do setor de saúde.
Chuva e calor extremos, incêndios e alagamentos têm alterado o padrão de proliferação de vetores de micro-organismos, como os insetos responsáveis pela transmissão de doenças, influenciando sua reprodução, resistência e deslocamento, além da expansão de seu alcance geográfico.
Hanseníase, doença de Chagas, dengue, malária, leishmaniose - incluídas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no rol das doenças tropicais negligenciadas (DTNs) - compõem um conjunto de mais de 20 enfermidades responsáveis por causar entre 500 mil e 1 milhão de mortes na região das Américas.
Consequência direta de um cenário marcado por pobreza, ausência de saneamento básico e insegurança alimentar, entre outros agravos das desigualdades sociais características de países em desenvolvimento, essas condições agora tendem a se alastrar com maior intensidade em razão da crise climática enfrentada pelo planeta.
"O impacto do agravamento das mudanças climáticas na saúde é especialmente preocupante para a população brasileira em situação de vulnerabilidade, um contexto que exige atuação integrada de governo e setor privado, apoiados pela ciência, a fim de encontrar saídas capazes de responder à falta de acesso e de infraestrutura e mitigar danos em saúde", afirma Beatriz Oliveira, pesquisadora em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A ideia é descentralizar o cuidado, fortalecer a vigilância sanitária e garantir que os esforços cheguem às regiões historicamente desassistidas do país.
"O aumento da incidência de doenças infecciosas e negligenciadas, a sobrecarga dos sistemas públicos e a ampliação das vulnerabilidades sociais exigem que todos os atores, públicos e privados, assumam responsabilidades compartilhadas", defende Michelle Ehlke, diretora associada de Saúde Global e Responsabilidade Corporativa da Novartis Brasil.
Na visão de Marina Pontello, gerente de Pesquisa Clínica da empresa, essas doenças são um reflexo direto das desigualdades sociais. Elas persistem não por falta de conhecimento científico, mas porque milhões de pessoas ainda não têm acesso ao básico: diagnóstico, tratamento e condições adequadas de cuidado.
Para ela, a pesquisa clínica é essencial para romper esse ciclo. "Apesar dos desafios estruturais, o ambiente científico do país é resiliente, com pesquisadores dedicados nessas áreas. Falta investimento contínuo para ampliar a capacidade instalada e descentralizar os estudos", afirma. "Promover pesquisa clínica é também garantir diagnóstico e tratamento a quem mais precisa, sobretudo em regiões ainda desassistidas", completa.
Com mais de 20 anos de atuação no combate a doenças negligenciadas, a Novartis vem estabelecendo diferentes parcerias nesse sentido, como o Programa Roda-Hans, em parceria com o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Dermatologia, com o objetivo de combater a hanseníase em diferentes regiões do Brasil por meio de iniciativas de prevenção, diagnóstico precoce e treinamento de profissionais de saúde.
Ao longo de 2025, a carreta do programa passou por municípios dos estados do Maranhão, da Bahia e do Pará e ainda passará pelas cidades fluminenses de Nova Iguaçu, Belford Roxo, São Gonçalo, Guapimirim e Cordeiro ainda este ano.
Em Pernambuco, o foco é a doença de Chagas, com o programa "Quem Tem Chagas Tem Pressa", cuja fase piloto ocorre no Sertão do Pajeú, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde, as Secretarias Municipais de Serra Talhada e Triunfo e a Casa de Chagas. Causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida pelo barbeiro, a enfermidade é amplamente subdiagnosticada, sobretudo em sua forma crônica - daí a importância de ampliar o acesso a testes rápidos e capacitar profissionais da atenção primária, encurtando o caminho entre o diagnóstico e o início do cuidado adequado. Um dos principais avanços do projeto é levar o tratamento para perto de quem antes precisava se deslocar até o Recife.
Ainda sobre a doença, Marina Pontello destaca um programa de treinamento realizado em centros de pesquisa no Amazonas, no Pará e no Amapá, combinando formação presencial e remota, além de suporte técnico contínuo. Essa estrutura permitiu a condução de um estudo clínico e a implementação de campanhas de diagnóstico nas comunidades.
"No caso das doenças negligenciadas, nosso papel é ainda mais evidente. A Novartis é a empresa com maior pipeline e a única que amplia continuamente os investimentos em pesquisa sobre essas doenças, aproximadamente 100 milhões de dólares todos os anos, globalmente", conclui Michelle Ehlke.
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Referências
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (OPAS). Climate change and health. Washington, D.C.: OPAS, [s.d.]. Disponível em: https://www.paho.org/en/topics/climate-change-and-health.
Acesso em: 9 out. 2025.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (OPAS). Doenças tropicais negligenciadas: Dia Mundial chama atenção para fortalecimento das ações de prevenção e controle. Washington, D.C.: OPAS, 30 jan. 2024. Disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/30-1-2024-doencas-tropicais-negligenciadas-dia-mundial-chama-atencao-para-fortalecimento.
Acesso em: 9 out. 2025.