A Ritalina, cujo princípio ativo é o metilfenidato, é tradicionalmente utilizada no tratamento de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), uma condição neuropsiquiátrica que afeta a capacidade de concentração e controle de impulsos. No entanto, seu uso tem se disseminado entre estudantes que buscam um desempenho acadêmico melhor e mais consistente. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o
uso racional de medicamentos (URM) que é quando 'os pacientes recebem medicamentos apropriados às suas necessidades clínicas, em doses e períodos adequados às particularidades individuais, com baixo custo para eles e sua comunidade'.
A justificativa para o uso não prescrito da Ritalina muitas vezes se baseia na crença de que a medicação pode aprimorar a capacidade de foco, melhorar a memória de curto prazo e prolongar o tempo de estudo. Além disso, alguns estudantes relatam que a Ritalina ajuda a reduzir a ansiedade relacionada a exames. 'Sem o remédio, a pessoa acha que vai perder o foco. Muitos universitários chegam ao consultório com essa ideia', relata o psiquiatra Arthur Guerra.
No entanto, o uso da Ritalina sem prescrição médica não está isento de riscos e preocupações, de acordo com o
Hospital Moinhos de Vento o uso indiscriminado da Ritalina e semelhantes pode causar danos à saúde. 'O uso continuado e abusivo da Ritalina pode levar o paciente a uma dependência e ainda existe a possibilidade de produzir transtornos que necessitarão de tratamento psiquiátrico', aponta Carmen Baldisserotto do Hospital Moinhos de Vento.
O hospital também aponta que o uso indiscriminado de medicamentos para melhorar o desempenho acadêmico pode levar a efeitos colaterais indesejados, como insônia, perda de apetite, nervosismo e até mesmo dependência. Além disso, a pressão para alcançar resultados acadêmicos excepcionais pode contribuir para altos níveis de estresse entre os estudantes, tornando-os mais vulneráveis a problemas de saúde mental. E a
sociedade brasileira de endocrinologia e metabologia alerta sobre os perigos da automedicação, sugerindo o Educanvisa como fonte de aprendizado para jovens através dos jogos educativos Trilha da Saúde e Memória.
O estudante pode se focar no que realmente possui controle para se preparar bem para as provas,
como fazer resumos de qualidade ou utilizar técnicas de memorização consagradas como a técnica da memória espaçada, indicada pela Dra. Barbara Oakley, especializada em aprendizado, no curso
Learning How to Learn do Coursera.
Concluindo, órgãos e profissionais enfatizam a importância de abordar as dificuldades de atenção e concentração de maneira adequada, incluindo a consulta a um médico para uma avaliação completa da real necessidade de uso do medicamento antes de recorrer a substâncias como a Ritalina.