Biotecnologia ressignifica resíduos e gera produtos com maior valor agregado
Como exemplo positivo, solução desenvolvida pela BIOINFOOD com a SL Alimentos conquista prêmio de sustentabilidade e comprova potencial do upcycling
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alt="Equipes da BIOINFOOD e SL Alimentos na Food ingredients South America (FiSA) 2025, reconhecidas por projeto sustentável de biotecnologia e upcycling."
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height="480"> Times da BIOINFOOD e SL Alimentos durante a FiSA 2025, evento que premiou inovação sustentável em biotecnologia. Foto: Divulgação
Muito mais do que assistencialismo, a sustentabilidade se conecta com a inovação para que ações positivas consigam sair do papel e, com isso, contribuam para um desenvolvimento mais alinhado com os princípios de ESG.
Nesse contexto, a biotecnologia aplicada ao agronegócio coloca em prática o conceito de upcycling, no qual os resíduos são transformados em produtos com um elevado valor de mercado. Para isso, claro, é indispensável promover a combinação perfeita entre tecnologia, conhecimento científico e técnico elevado e um entendimento perfeito com relação às necessidades e anseios do mercado.
O alto potencial da biotecnologia para inovar a indústria alimentícia foi comprovado durante o Food ingredients South America (FiSA), principal encontro de inovação em ingredientes para as indústrias de alimentos e bebidas, que também abrigou o Summit Future of Nutrition, tradicional congresso do setor.
Por conta da criação de tecnologias inovadoras com resultados práticos, eficientes e com elevado valor agregado, a BIOINFOOD -deep tech com o propósito de redefinir o futuro da indústria com biotecnologia aplicada e acessível- foi convidada para participar de duas mesas-redondas no congresso. Além disso, a solução desenvolvida pela empresa para a SL Alimentos conquistou o prêmio de inovação em sustentabilidade.
"A FiSA separa os ingredientes em diferentes grupos. Dentro da categoria de produto mais sustentável, a SL Alimentos ganhou com o 'SL BioOat Xylitol', uma tecnologia que desenvolvemos para eles", explica Gabriel Galembeck, sócio e cofundador da BIOINFOOD.
Apesar de ainda não estar no mercado, a solução chamou a atenção por conta do elevado potencial em transformar resíduo, como a casca da aveia, em um produto com elevado valor agregado. "Precisamos agora fazer a adequação industrial para que o produto passe a ser produzido. Entretanto, já temos a tecnologia validada e comprovamos que somos capazes de fazer", destaca o executivo.
Biotecnologia e o upcycling
Mas qual foi exatamente o projeto que conquistou o prêmio de inovação em sustentabilidade e chamou tanto a atenção de inúmeras empresas? Antes de abordarmos os detalhes deste caso específico, é importante explicar que a solução criada para a SL Alimentos é apenas um dos exemplos do trabalho desenvolvido pela BIOINFOOD.
Fundada em 2018 por Galembeck em conjunto com Gleidson Teixeira e Osmar Netto, a empresa, formada por especialistas em genética e em processos fermentativos, pode ser considerada como uma "mosca branca", que atua no "estado-da-arte" da tecnologia mundial.
Mas o que traz essa característica única para uma companhia brasileira? Fundada por doutores que também possuem vasta experiência no setor industrial, a BIOINFOOD produz ciência por meio de elevado conhecimento acadêmico e técnico, de forma dinâmica, prática e em alinhamento com as necessidades, as exigências e a realidade do mercado. Tudo isso com o suporte de laboratórios modernos.
Essa combinação perfeita e harmônica permite à empresa explorar características funcionais, nutricionais, sensoriais e tecnológicas naturais de leveduras personalizadas para cocriar produtos e processos que auxiliam as indústrias a ressignificar os resíduos. Entre os inúmeros benefícios, podemos destacar: maior valor agregado, redução de custos, aumento da eficiência e, claro, crescimento e sustentabilidade, contribuindo tanto com o social quanto com o ambiental.
Essa característica de vanguarda da BIOINFOOD se conecta com o elevado potencial do Brasil para assumir o protagonismo mundial neste setor, promovendo desenvolvimento econômico e social por meio da vasta biodiversidade que o País possui.
Só para ter uma ideia, estudo de 2025 da ICC Brasil, em parceria técnica com a Systemiq e Emerge, estima que a bioeconomia do conhecimento tem capacidade de gerar até US$ 140 bilhões em receita até 2032. Entre os cinco segmentos considerados como chave, só o setor de alimentos pode chegar a US$ 50 bilhões no mesmo período, ainda de acordo com o estudo.
Os valores potenciais significativos estimados demonstram a importância de utilizar o conhecimento intelectual qualificado a serviço do upcycling, promovendo sustentabilidade por meio da conversão de resíduos em produtos com elevado valor agregado.
Casca de aveia em xilitol
Para exemplificar a importância da biotecnologia, vamos conhecer a solução premiada que a BIOINFOOD desenvolveu para a SL Alimentos. Fundada em 1988, a empresa é uma das principais referências nacionais em desenvolvimento, originação, produção e fornecimento de alimentos integrais e funcionais derivados de cereais e grãos, sendo a líder no segmento de aveia no País.
"Com uma atuação 100% B2B, produzimos ingredientes para os grandes nomes da indústria, assim como fazemos produtos finais com a marca do cliente. Só para ter uma ideia, 90% da aveia empacotada no Brasil é feita por nós", explica Thomaz Setti, diretor de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação da SL.
Essa grande representatividade no mercado facilita imaginar a elevada quantidade de casca de aveia gerada diariamente pela companhia. Tendo a sustentabilidade como princípio desde a sua fundação, a SL Alimentos reutiliza esse resíduo para a geração de energia térmica, assim como para produtos de alimentação animal.
"A casca de aveia tem 2% a 3% de proteína, fibra alta e pouco carboidrato, mas atualmente é usada para a alimentação animal de uma forma específica, em um produto que não tem valor agregado muito alto", diz Setti.
Com base no conceito de upcycling, a SL Alimentos encontrou na biotecnologia uma forma de ressignificar este resíduo, transformando-o em xilitol, uma espécie de adoçante natural.
"Foi quando começamos a procurar novamente nas universidades. Durante visita ao ITAL (Instituto de Tecnologia de Alimentos), que possui um programa chamado Plataforma Biotecnológica de Ingredientes Saudáveis (PBIS), conheci em um laboratório os três fundadores da BIOINFOOD. Conversamos e, em pouco tempo, estabelecemos um contrato", destaca Setti.
Cereal rico em fibras, ß-glucanas, proteínas, vitaminas e minerais, o grão de aveia quando processado perde de 25% a 30% do seu peso como casca, que é rica em xilose, um açúcar simples como a glicose.
Também sócio e cofundador da BIOINFOOD, Gleidson Teixeira explica que a conversão de resíduos ricos em xilose em xilitol é algo constatado por estudos há anos. Entretanto, o desenvolvimento da solução exigiu transpor diversos desafios críticos em termos de rendimento, escalabilidade e características organolépticas (cor e sabor).
Portanto, diferentemente de uma teoria, o protótipo construído trouxe para a realidade uma solução prática, viável, sustentável e financeiramente atrativa. "Este é apenas um exemplo do que podemos fazer com os resíduos de diferentes indústrias", destaca Teixeira.
Do babaçu ao hambúrguer
Para o upcycling, a biotecnologia gera inúmeras oportunidades reais para as companhias, com o desenvolvimento de produtos com alto valor agregado por meio da sustentabilidade.
Além do case do xilitol, a BIOINFOOD apresentou no congresso que ocorreu durante a FiSA outros exemplos reais que comprovam o potencial brasileiro de aproveitar a biodiversidade para a produção de novos ingredientes com valor agregado maior.
Em um dos painéis, Osmar Netto, que também é sócio e cofundador da BIOINFOOD, destacou o projeto desenvolvido com o apoio do GFI Brasil - Programa Biomas e Fundo JBS pela Amazônia, que incentiva a pesquisa e a produção de informação para aumentar o consumo de alimentos à base de produtos vegetais.
Nesse projeto ainda vigente, Netto explica que o desafio apresentado foi trabalhar com a farinha de babaçu, uma espécie de palmeira nativa do Brasil. "Após a extração da amêndoa, a farinha tem baixo valor nutricional", diz o especialista.
"O nosso projeto consistiu em enriquecer a farinha de babaçu com proteína, utilizando nossas leveduras, aplicando esse novo ingrediente proteico para fazer hambúrguer análogo ao de carne."
Por meio da biotecnologia, portanto, foi possível desenvolver um coproduto muito mais valorizado, apresentando características sensoriais e nutricionais superiores ao produto original - cinco vezes mais rico em proteína. "Podemos fazer isso com o babaçu, aveia, trigo, castanha-do-pará ou qualquer material que tiver resíduo rico em amido", finaliza Netto.
Com longa experiência no desenvolvimento de leveduras comerciais e processos biotecnológicos, o trabalho pioneiro desenvolvido pela BIOINFOOD demonstra um caminho viável para o País assumir um protagonismo mundial por meio da biodiversidade.
Para conhecer as inúmeras possibilidades de trabalhar com a biotecnologia em benefício da sua companhia, acesse o site BioinFood.