Em meio aos desafios do acesso à saúde nas zonas rurais, onde distâncias e falta de informação dificultam o atendimento, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) apresentou, na última terça-feira (6), uma solução inovadora: o Programa Saúde no Campo. Lançada durante o evento Cenário Geopolítico e a Agricultura Tropical, em São Paulo, a iniciativa busca levar assistência e promoção da saúde a produtores rurais e suas famílias, combinando visitas domiciliares, teleconsultas e ações educativas.
“O Brasil possui um sistema público de saúde que presta serviços relevantes, mas que, infelizmente, não consegue chegar a todas as pessoas, especialmente aquelas que vivem em áreas rurais”, afirmou Renilson Rehem de Souza, diretor de Saúde e Promoção Social do Senar, durante o lançamento. “Nosso programa vem para complementar essa assistência, garantindo ações preventivas e educativas para quem mais precisa.”
O programa Saúde no Campo já está em execução em 11 Estados: Bahia, Tocantins, Mato Grosso, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia e Santa Catarina. A primeira fase da iniciativa, realizada em outubro de 2024, atendeu mais de mil pessoas em três Estados-piloto. Na segunda fase, em março deste ano, o programa foi expandido para mais oito Estados, com previsão de novas ampliações no segundo semestre.
Educação em saúde
O Programa Saúde no Campo se baseia em três eixos principais: visitas domiciliares, teleconsulta e ações educativas. As equipes, compostas por enfermeiros e técnicos de saúde rural, realizam visitas periódicas às propriedades, onde orientam as famílias sobre prevenção de doenças, diagnóstico precoce e cuidados básicos.
“O objetivo central é promover a saúde e prevenir doenças. Não se trata apenas de atender casos, mas de educar as pessoas para que saibam identificar riscos e busquem ajuda a tempo”, explicou Rehem. Ele destacou que o programa tem foco especial em doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, que muitas vezes passam despercebidas pela população rural.
Durante o lançamento, Rehem ressaltou que o programa não substitui o sistema público de saúde, mas busca complementá-lo. “Sabemos que muitas comunidades rurais enfrentam dificuldades para acessar o Sistema Único de Saúde (SUS), seja pela distância, seja pela falta de informações. O Saúde no Campo vem para suprir essa lacuna”, afirmou.
Resultados e expectativas
Os resultados da fase inicial já demonstraram impacto positivo. Em pouco mais de um ano, foram realizadas mais de 800 visitas domiciliares, alcançando 1.046 pessoas em 322 propriedades. O programa também identificou casos de hipertensão, diabetes e outras doenças crônicas, o que permite o encaminhamento adequado para acompanhamento médico.
Para 2025, o Senar espera expandir o programa para 20 Estados, com previsão de atendimento a mais de 35 mil pessoas em cerca de 11 mil propriedades. Até 2026, a meta é alcançar 98.550 pessoas em 24 Estados. “Queremos levar saúde, mas também inclusão e cidadania para o campo. É uma forma de reconhecer a importância dessas famílias para o País e garantir que elas tenham qualidade de vida”, concluiu Rehem