São Bernardo do Campo, SP--(
DINO - 05 nov, 2015) - O que para a maioria das pessoas é possível, poder interpretar e obter a sensação que somente as consagradas obras de artes plásticas podem transmitir, torna-se algo surpreendente e novo para os deficientes visuais. Em decorrência da tecnologia e da atenção de pessoas interessadas em democratizar o acesso à arte, os cegos já têm a oportunidade de desfrutar de um projeto feito exclusivamente para permitir o contato mais próximo com telas de pintores consagrados.
Com o uso da tecnologia das impressoras 3D e softwares como
Catia V5, o Museu do Prado, localizado em Madri, na Espanha, recebeu uma exposição revolucionária, na qual réplicas de pinturas famosas foram reproduzidas em material de alto-relevo, com três dimensões e definição absoluta.
Por causa desse alto desempenho tecnológico, o trabalho intitulado "Hoy Toca el Prado" ofereceu aos deficientes visuais a oportunidade de experimentar as obras de arte com as mãos, tocando sensivelmente cada contorno, textura e outros detalhes que fornecessem todas as informações necessárias para entender as obras de arte.
Uso do serviço de
impressão 3D na técnica Didú
A "Hoy Toca El Prado", mostra de arte para deficientes visuais, reproduziu quadros de pintores como Leonardo da Vinci, Velásquez e Goya através de uma técnica de impressão de alta definição nomeada Didú. O trabalho científico e tecnológico foi elaborado integralmente pelos pesquisadores da Espanha.
Para chegar à perfeição de transmitir em alto-relevo todas as sutilezas que os pintores gravaram nas telas originais, os profissionais usaram materiais que pudessem ser impressos através de camadas, como acontece com o resultado do trabalho das impressoras 3D.
A única diferença entre uma impressora 3D tradicional e a técnica utilizada pelos pesquisadores espanhóis na mostra de arte para deficientes visuais está na composição química dos elementos utilizados para a impressão em camadas.
Etapas de reprodução de obras de arte com tecnologia de impressora 3D
A técnica chamada Didú trabalhou com etapas bem definidas para conseguir "imprimir" quadros de superfície elevada praticamente perfeitos. Em primeiro lugar, foi necessário escanear em alta definição a imagem da pintura original. Para exprimir aos deficientes visuais a totalidade da obra de arte, nada poderia escapar da etapa de escaneamento da figura.
Após a captura correta da tela a ser reproduzida, a técnica espanhola baseada nas impressoras 3D selecionou componentes químicos e texturas com o volume adequado para a reprodução precisa das telas e para que os cegos fossem capazes de deslizar as mãos com delicadeza e, ainda assim, obter todas as informações contidas no quadro.
Uma tinta especializada para a reprodução das obras de arte para cegos foi utilizada pelos pesquisadores durante o trabalho e, com cerca de quarenta horas de dedicação, a réplica podia ser impressa.
Uma autêntica obra de arte para cegos
A técnica de reprodução de obras de arte para deficientes visuais, baseada em impressão 3D, foi um sucesso e comprovou a possibilidade de unir tecnologia com inclusão social e cultural, pois as réplicas ficaram praticamente idênticas às obras primárias.
A mostra "Hoy Toca El Prado" expôs seis pinturas, contando com um dos quadros mais apreciados do mundo e uma referência histórica da arte, a Monalisa, de Leonardo Da Vinci. Todas as telas eram acompanhadas de informativos feitos em braile.