Belo Horizonte, MG--(
DINO - 23 out, 2018) -
Uma redução das emissões de poluentes atmosféricos e, consequentemente, a redução da concentração destes na atmosfera, tem efeito direto sobre o número de internações hospitalares e mortalidade associadas à poluição do ar.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a poluição do ar foi responsável em 2016 por oito milhões de mortes no mundo todo.
Dentre as principais causas, estão o acidente vascular cerebral, doença isquêmica do coração, infecção das vias aéreas superiores e inferiores e câncer de pulmão.
As populações mais vulneráveis são as crianças, os idosos e as pessoas que já apresentam alguma doença respiratória prévia.
No Brasil, os padrões de qualidade do ar ainda são estabelecidos pela defasada Resolução CONAMA 03/1990, sendo que a fração fina do material particulado, aquela com um diâmetro aerodinâmico menor que 2,5 µm (MP
2,5), ainda não possui padrão.
Em 2006 a OMS publicou diretrizes sobre qualidade do ar, mostrando uma preocupação em relação a essa fração fina do material particulado.
O monitoramento da qualidade do ar no Brasil é restrito, insatisfatório e insuficiente em termos do histórico amostral, cobertura territorial, do número de poluentes monitorados e da representatividade nas medições, muito devido às dificuldades gerenciais e o baixo número de técnicos envolvidos, assim como a falta de recursos para a compra e manutenção de equipamentos e redes de monitoramento.
A Região Metropolitana de Minas Gerais por exemplo, conta com dez estações de monitoramento automáticas em quatro municípios (Belo Horizonte, Ibirité, Betim e Contagem) e apenas uma, localizada na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, monitora partículas finas, ou seja, longe do centro urbano da capital.
Além disso, os dados recentes de monitoramento (a partir de 2015) não estão disponíveis para o acesso da população e comunidade científica, dificultando ainda mais o entendimento das consequências causadas pelos níveis de poluentes atmosféricos na saúde da população da região.
O Grupo de Pesquisa de
Poluição do Ar & Meteorologia Aplicada - GPAMA, (
www.poluicaodoar.com.br) vinculado ao Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambienta e Recursos Hídricos (
http://www.smarh.eng.ufmg.br/) da Universidade Federal de Minas Gerais realizou uma
pesquisa que apontou excessos de mortes em 24 cidades brasileiras causadas pelos níveis de concentração atmosférica de material particulado fino.
Esta
pesquisa deu origem a um artigo recentemente publicado na conceituada revista internacional
Atmospheric Environment, onde foi verificado que apenas 24 cidades brasileiras monitoram o MP
2,5, todas no sudeste brasileiro, e quase 90% das concentrações anuais de MP
2,5 nas cidades brasileiras foram superiores às diretrizes da OMS.
Em 2017, os 15 municípios com dados anuais representativos de MP
2,5 apresentam entre 2378 ± 801 e 6282 ± 1818 mortes evitáveis devido à mortalidade por todas as causas de MP
2,5, entre 2974 ± 376 e 10.397 ± 516 por causas não acidentais, entre 1373 ± 230 e 3428 ± 265 por doença cardiovascular, entre 927 ± 162 e 2514 ± 156 por doenças isquêmicas do coração e entre 101 ± 45 e 264 ± 88 mortes evitáveis por câncer de pulmão, caso a diretriz anual da OMS (10 µg m
-3) fosse contemplada.
Em Belo Horizonte, entre 236 ± 79 e 656 ± 187 mortes evitáveis por todas as causas foram estimadas somente para os anos de 2013 e 2014. Esses números mostram a importância da adoção de um padrão para MP
2,5 no Brasil e de uma melhoria do monitoramento da qualidade do ar, expandindo-se por todo o território nacional.
Esta importante pesquisa está sendo coordenada pela
Professora Dra Taciana Toledo de Almeida Albuquerque do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (DESA) líder do grupo GPAMA, dentro do escopo da tese de doutorado do engenheiro ambiental
Willian Lemker Andreão em colaboração internacional com o Professor
Dr. Kumar Prashant da Universidade de Surrey no Reino Unido, diretor do GCARE, Global Centre for Clean Air Research (
https://www.surrey.ac.uk/global-centre-clean-air-research).
Para maiores informações sobre o assunto acesse:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1352231018306289
ou acesse o site:
https://poluicaodoar.com.br/
Website:
https://poluicaodoar.com.br