São Paulo, SP--(
DINO - 01 nov, 2016) - O padrão de construção e segurança das barragens de rejeitos deveria ser o mesmo que o adotado nas barragens de hidrelétricas. Não é o que acontece, no entanto, em boa parte das barragens de rejeitos espalhadas por diversos países do mundo. Mobilizada pelos acidentes recentes no Brasil e no Canadá, a comunidade geotécnica envolvida na construção e operação dessas barragens está propondo uma ampla revisão nos procedimentos técnicos e de gestão.
Para evitar que novos acidentes produzam tragédias como a de Mariana (MG), os especialistas elaboraram uma Carta Aberta propondo 6 medidas práticas para aumentar a segurança das barragens de rejeitos. A primeira delas é justamente a elevação dos padrões de segurança ao nível do observado na construção e operação de outras estruturas, como as barragens de hidrelétricas.
"Muitas das barragens de rejeitos estão hoje próximas a centros urbanos e áreas de proteção ambiental", explica André Assis, presidente da ABMS (Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica), que assina a Carta Aberta em nome da comunidade geotécnica. "Uma eventual ruptura causa prejuízos de proporções monumentais, que levam à perda de vidas humanas, produzem danos ao meio ambiente e podem conduzir ao fechamento da própria empresa responsável pela barragem".
Outra medida contida na Carta Aberta é o acesso direto dos engenheiros e técnicos que operam as barragens de rejeitos ao corpo diretivo máximo da companhia responsável pela estrutura. "O acesso direto dos operadores ao CEO (Chief Executive Office) é essencial para que a segurança da barragem seja sempre a prioridade máxima da companhia, acima até mesmo de questões operacionais e comerciais", afirma Assis.
As 6 propostas da Carta Aberta da ABMS são as seguintes:
? As especificações técnicas das barragens de disposição de rejeitos devem ser as mesmas utilizadas para outros barramentos civis
? Os responsáveis pela segurança das barragens de disposição de rejeitos devem se reportar diretamente à mais alta direção executiva da empresa
? Aplicação de Governança robusta aos processos de engenharia
? A complexidade da engenharia aplicada às barragens de rejeitos e sua inserção social e ambiental exige rigorosa gestão de riscos
? Barragens de Rejeitos Alteadas por Montante podem ser estruturas seguras em ambientes de baixa sismicidade
? Normas e guias com diretrizes e recomendações são úteis para disciplinar os processos de engenharia
Acesse e veja a íntegra da Carta Aberta da ABMS:
http://bit.ly/2eaIUdWAssociação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
A ABMS é uma associação técnico-científica sem fins lucrativos, de grande tradição na engenharia brasileira, que conta atualmente com cerca de mil associados. Fundada em 1950, a ABMS congrega no Brasil os profissionais geotécnicos que atuam em Mecânica dos Solos, Mecânica de Rochas, Mecânica dos Pavimentos, Fundações, Barragens, Escavações, Túneis, Mineração, Geossintéticos, Geotecnia Ambiental, Aterros Sanitários, Geomecânica do Petróleo, e demais atividades da Engenharia Geotécnica.
A ABMS estimula o progresso da técnica e a pesquisa científica e mantém intercâmbio com associações geotécnicas e com especialistas de outros países, realizando congressos e reuniões periódicos e promovendo a apresentação de livros, artigos, e relatórios geotécnicos.
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