Manaus - Am--(
DINO - 02 dez, 2016) - Lançada há dois anos, a editora amazonense Lendari acumula, indiretamente, duas Bienais Internacionais de São Paulo e já caminha para sua primeira participação na versão carioca do evento, em 2017. Com quatro títulos lançados ? sendo o primeiro dedicado às lendas amazônicas ? e outros três saindo do forno para ganhar as livrarias, a partir do próximo ano, a marca especializada no que chama de "literatura fantástica cult" começa a preparar terreno para ganhar projeção nacional.
Baseada em Manaus, a editora acaba de assinar contrato com dois autores do "eixo" Sudeste como consequência da participação na edição deste ano da Bienal de São Paulo, ocasião em que foram lançados três obras de escritores amazonenses: "Quase o fim", da estreante Leila Plácido, "A Rainha de Maio", de Jan Santos, e "Minhas conversas com o diabo: livro um", do próprio editor da Lendari, o jornalista e escritor Mário Bentes.
"Foi graças à projeção da Bienal que despertamos o interesse de autores de fora do Estado em buscar lançamento conosco", avalia Bentes. "E nossa mais recente antologia de contos de ficção científica trouxe muitos autores do Rio de Janeiro. Isso mostra que os escritores não se importam mais com a origem ou o tamanho da editora, mas se terão seus trabalhos tratados com atenção e cuidado. Cada livro nosso é um acontecimento, e outros autores percebem isso de fora", argumenta.
Sócia da agência gaúcha Increasy, a coach e agente literária Guta Bauer concorda. "Em expansão, a Lendari tem buscado se fixar no mercado por meio de excelência e muita transparência. É condizente afirmar que a editora vem com força e nomes fortes para a Bienal do Rio, em 2017, sempre em um canal de progresso", afirma. A agência intermediou os contatos entre a editora e o autor mineiro Guilherme Infante, 29, criador do personagem "Capirotinho", que ganhará as páginas ano que vem.
Com 90 mil fãs no Facebook e outros 50 mil no Instagram, o personagem ? um "diabinho" que traz afirmações ou frases de cunho niilista, pessimista ou simplesmente realista sobre a sociedade, o amor e até a política ? fará a estreia da Lendari no mundo dos quadrinhos. Criado em 2014 durante "crises de insônia" de seu autor, os pensamentos do personagem são baseados em conversas de ônibus, matérias de jornal, livros, música e filmes.
"Eu descobri a editora durante o período da Bienal do Livro de São Paulo, quando acompanhava os lançamentos e a reação do público ao evento nas redes sociais. Gostei da interação da editora com os autores e com os leitores, uma relação estreita e muito saudável ao mercado editorial", afirma Guilherme Infante, novo autor da editora amazonense.
Para o editor, que já conhecia o personagem desde seu início, "foi uma grata satisfação e surpresa" ao tomar conhecimento do interesse do autor pela Lendari. "Eu já conhecia e gostava muito do personagem Capirotinho há quase dois anos, então, para mim, foi uma honra estar diante da possibilidade de ter o Guilherme como autor. E fico ainda mais feliz que tenha dado certo e que vamos lançar o personagem em sua estreia nos livros", diz Bentes, que levará o título para a Bienal do Rio, que acontece em agosto de 2017, no pavilhão Riocentro.
"Novo Harry Potter"
Outra aposta da editora está em uma série infanto-juvenil nos moldes de Harry Potter, da escritora britânica JK Rowling, mas que se baseia em mitologias ainda pouco exploradas pelos autores de fantasia para jovens. O primeiro da série, cujo título a editora prefere ainda não anunciar, é diretamente baseado em lendas celtas da Irlanda e nos contos arturianos do País de Gales. Seu autor é o professor de língua inglesa Felipe Recchia Pan, 30, do interior de São Paulo.
O contato entre autor e editora também aconteceu através da Bienal. "Soube da Lendari através de pesquisas sobre selos interessados em fantasia, e uma breve olhada na página oficial da editora me mostrou que havia um profissionalismo e cuidado extremamente perceptíveis em suas produções. Ao conversar com o Mário Bentes durante o evento, confirmei minhas ótimas impressões. Fui tratado com muito respeito e atenção, o que é tudo que um autor espera de uma editora", afirma o escritor.
Ciente dos riscos em investir no mercado editorial, que enfrenta forte crise ? este ano, por exemplo, a editora Cosac Naify veio a encerrar suas atividades ?, Mário Bentes acredita que seu diferencial é justamente trabalhar títulos que cativem os leitores. "Queremos apresentar obras que deixem sua marca, que criem nichos, que sejam lembrados e relidos. Precisamos apresentar novos títulos, autores e até mesmo editoras no mercado", afirma.
Website:
http://www.lendari.com.br/