Brasília--(
DINO - 26 abr, 2018) - Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) e o Instituto de Pesquisa Econômicas Aplicada (Ipea), atestam que existem no país 290.692 Associações Privadas sem Fins Lucrativos (ONGs), que empregam 2.128.007 milhões de trabalhadores, ou 5,3% dos empregados em todas as organizações formalmente registradas no País. Por seu tamanho e importância, o chamado Terceiro Setor é responsável pela formação de 5% do PIB brasileiro (Pnud-2015). Diante dos números, constata-se que na sociedade atual as ONGs deixam de ser apenas entidades "filantrópicas" para se tornarem parceiras e executoras de políticas públicas sociais, educacionais, ambientais, dentre várias. Um exemplo é o Instituto Terra Utópica que atualmente está realizando a segunda etapa do projeto Sara e Sua Turma em escolas públicas do Distrito Federal.Abordando temas como bullying, diversidade e preconceito, Sara e Sua Turma é uma coleção de livros infantis que tem por finalidade dar voz às crianças em toda a sua diversidade. A partir da vida cotidiana da personagem Sara e de sua turma, são apresentados os desafios e conquistas das crianças na infância. A ideia surgiu quando a autora Gisele Gama, teve a inspiração de escrever histórias quando sua filha adotiva, Sara, voltou da escola triste por não ter um pai. Gisele, então, escolheu a literatura para explicar a ela e a outras crianças na mesma situação que o importante não é ter uma "família tradicional", e sim ser amada.Convênio possibilitou a realizaçãoEm um convênio firmado entre a Secretaria de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude (Secriança) do Distrito Federal e o Instituto Terra Utópica (ITU), os livros foram distribuídos em 50 escolas do DF em 2017. Mas não é só isso, além da distribuição de mais de 20 mil livros também aconteceram ações de contação de histórias, jogos e brincadeiras com bonecos temáticos.O presidente do Instituto, Robson Assis, músico e pós-graduado em Gestão e Marketing Cultural, diz que projetos como este visam criar a consciência social através da discussão de temas delicados de forma lúdica e divertida, totalmente sintonizada com o compromisso social do ITU. "Somos editora também, então a literatura está presente no nosso escopo de ações e a parceria com o Sara e Sua Turma sem dúvida alguma, teve um alcance social muito positivo, tanto que o projeto atualmente está em fase final de conclusão de uma segunda etapa". O convênio foi fundamental para o sucesso do projeto. "Foi através do convênio com a SECRIANÇA que foi possível o alcance no público alvo adequado, no caso quase oito mil crianças em várias áreas do entorno do DF". Conclui Assis.Diversificar as áreas de atuação e fontes de recursos possibilitam compensar a falta de incentivos no Terceiro Setor A falta de incentivos fiscais faz com que, no Brasil, as crises econômicas sejam acompanhadas de enfraquecimento do terceiro setor. Com menos recursos em caixa, as empresas restringem suas doações a entidades sem fins lucrativos, e as pessoas mais vulneráveis, que poderiam ser socorridas com esses recursos, veem minguar essa fonte. Por outro lado, a crise também provocou uma remodelagem, ao passo que afastou algumas instituições, outras se estabeleceram. Há ONGs chegando ao país, mesmo com a crise. Exemplo da Oxfam, uma organização sem fins lucrativos e independente que contribui para erradicar a pobreza no mundo e que em 2014 abriu um escritório de captação no país com conselho fiscal e uma assembleia geral composta por brasileiros. O próprio Instituto Terra Utópica é outro exemplo disto, que além de projetos nas escolas, realiza diversas ações em outras áreas, como a música, ecologia e gestão cultural. "É através de parcerias com artistas, consultores e produtores independentes, que conseguimos a capilarização nas áreas de afinidade com nossa proposta." Aponta Assis, que menciona ainda uma parceria estabelecida em 2017 com o Museu dos Correios e a FUNARTE, quando realizou a temporada de espetáculos Tropicália aos Demais, homenageando os 50 anos do III Festival da MPB 1967 - (TV Record), que na época lançou grandes nomes da música. E já tem programado para meados de julho de 2018 um festival de música instrumental com patrocínio do BRB (Banco Regional de Brasília), Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal e Lei Rouanet. O festival pretende trazer nomes importantes da cena instrumental nacional, como Leo Gandelman e diversos artistas independentes, tudo de forma gratuita para a população, democratizando o acesso aos bens culturais e fomentando toda uma cadeia produtiva do segmento. Para Robson Assis o chamado Novo Marco Regulatório do Terceiro Setor, fundamentado através da Lei 13.019/2014, trouxe mudanças importantes para a formalização de convênios entre as organizações da sociedade civil e a Administração Pública como por exemplo, a retirada uma série de exigências para o plano de trabalho. Desta forma, o instrumento de parceria passa a ser mais simples, sendo exigidos apenas os elementos obrigatórios previstos na nova lei tornando assim as propostas de ações mais ágeis e objetivas.