Releases 20/09/2021 - 11:25

Sistema de saúde brasileiro desperdiça 53% do custo assistencial


Levantamento da plataforma Valor Saúde Brasil com mais de 4,09 milhões de altas identifica causas e apresenta soluções

Nos hospitais brasileiros, 53% dos custos assistenciais são consumidos por desperdícios causados por falhas na entrega de valor. A informação faz parte do levantamento realizado na base de dados da plataforma Valor Saúde Brasil, da DRG Brasil. O estudo analisou as internações de 340 hospitais que atendem 16,8 milhões de vidas, tanto do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto da saúde suplementar.

Apesar de alarmante, o resultado demonstra que existe um caminho para aumentar a qualidade do atendimento e dar mais acesso ao sistema de saúde, sem a necessidade de ampliar os recursos investidos. Em resumo: é possível fazer mais e melhor com o mesmo.

No total, foram avaliadas mais de 4,09 milhões de altas. Ao corrigir os problemas, portanto, seria possível realizar 2,16 milhões de atendimentos a mais com o mesmo número de leitos. Isso representaria um total de 6,25 milhões de brasileiros beneficiados com a eliminação dos desperdícios no sistema de saúde.

Análise do problema

Mas onde ocorrem os problemas? Ainda de acordo com os dados da plataforma Valor Saúde Brasil, as falhas estão relacionadas aos processos dos operadores, dos hospitais, dos médicos e das equipes multidisciplinares. Enfim, existem ajustes necessários em toda a cadeia produtiva.

Só para ter uma ideia, a ineficiência no uso do leito hospitalar representa 49,3% do desperdício de uma unidade hospitalar. Já as internações por condições sensíveis à atenção primária equivalem a 11,5% do total. Por sua vez, tanto os serviços de cirurgia ambulatorial quanto de emergência aparecem na lista com 2,2% cada.
Outro dado alarmante: as reinternações hospitalares precoces potencialmente preveníveis representam 13,5% do desperdício. Esse problema ocorre, por exemplo, na inadequada transição do cuidado hospitalar para o nível ambulatorial ou por complicações da internação anterior que se manifestam ou se agravam após a alta.

Essa situação não é uma exclusividade dos brasileiros. Estudos demonstram que o desperdício no sistema de saúde dos Estados Unidos é de aproximadamente US$ 2 trilhões, o que representa 2,5% do PIB norte-americano.

No Brasil, porém, eliminar essas falhas ainda não é uma prioridade no sistema de saúde. Ao analisar os dados da plataforma, é possível verificar que existem internações hospitalares clínicas e cirúrgicas que são evitáveis, seja com uma assistência adequada na atenção primária ou com serviços de cirurgia ambulatorial e de emergência bem resolutivos.

Fatores

Representando uma grande fatia do desperdício, a ineficiência no uso do leito está relacionada ao aumento da permanência hospitalar além da necessária para a complexidade clínica do problema. Isso ocorre por conta dos seguintes fatores:

- Falhas no complexo processo assistencial hospitalar, como atraso de exames;

- Burocracia excessiva nas relações do hospital com o comprador de saúde, como a demora para autorizações;

- Problemas nas relações com a família e o paciente. Por exemplo: demora na tomada de decisão;

- Ausência de recursos extra-hospitalares para continuidade de cuidados;

- Problemas jurídicos e sociais.

Solução

Apesar de ainda não ser prioridade no sistema brasileiro como um todo, a eliminação do desperdício foi colocada em prática por dezenas de operadoras da saúde suplementar, SUS, hospitais, médicos e corporações. São instituições nacionais que já apresentam resultados significativos em torno da entrega de valor em saúde.

Dessa forma, todos são beneficiados. O paciente, por exemplo, apresenta redução nos danos físicos, psicológicos e também nos custos. Por sua vez, a população tem maior acesso, assim como a ampliação da qualidade do cuidado. Já os financiadores do sistema de saúde conseguem um menor custo per capita, preservando recursos preciosos.

À medida que as organizações prestadoras de serviço de saúde mudam seu foco de volume para valor, a redução do desperdício cria a oportunidade de compartilhamento de recursos entre as partes interessadas do sistema de saúde.

Exemplos

Como a plataforma Valor Saúde Brasil trabalha com a análise inteligente de dados para a identificação e eliminação dos desperdícios, os resultados significativos são mais rápidos. Afinal, a mudança não exige tempo ou dinheiro para a construção de edifícios ou a aquisição de equipamentos hospitalares. A organização correta de todos os processos, portanto, é quem faz todo o serviço.

Atualmente, a mudança do foco para a saúde baseada em valor já apresenta resultados significativos em diferentes instituições no Brasil. A implantação do programa no SUS de Belo Horizonte, por exemplo, permitiu internar mais 20.400 pessoas em 2019, mesmo com a redução do número de leitos da rede. O aumento da eficiência equivale a um hospital com 250 leitos.

Já o Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga, internou mais 1.905 pacientes/ano. Por sua vez, o Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba conseguiu fechar 10 leitos de terapia intensiva com o aumento da eficiência.

Nesse processo de transformação, médicos e colaboradores também são beneficiados com o compartilhamento das economias provenientes do controle de desperdício pela entrega de valor. Com o auxílio da metodologia, a Unimed Belo Horizonte conseguiu bonificar sua rede de hospitais com um valor de 3% da receita anual, além de distribuir quantias significativas aos médicos cooperados. O mesmo processo vem sendo experimentado pela CEMIG Saúde, Unimed Santa Maria (RS), Unimed Volta Redonda (RJ) e mais de 80 outras operadoras de planos de saúde.

Portanto, apesar do subfinanciamento do SUS e o retorno dos gastos dos planos de saúde aos níveis pré-pandemia, fica comprovado que é possível entregar mais acesso com o recurso já disponível. Dessa forma, o caminho para a sustentabilidade econômica do sistema e para o acesso à saúde qualificado ao cidadão passa por mudar o paradigma gerencial atual: de controle e restrição do acesso e uso para a entrega de valor em saúde.

Sobre o Grupo IAG Saúde

Há três décadas atuando com gestão em saúde centrada no paciente, o Grupo IAG Saúde (www.grupoiagsaude.com.br) forma uma plataforma especializada em compartilhar conhecimento e empoderar o sistema de saúde para a entrega de valor. O instituto promove as ferramentas necessárias para que as organizações alcancem os melhores desfechos com a máxima eficiência e controle de desperdício, sempre tendo o paciente como o coração de tudo. Profissionais especialistas em gestão desenvolvem comunidades comprometidas com a saúde baseada em valor, que juntas elevam a saúde suplementar e pública a um patamar de resultados assistenciais e econômicos surpreendentes.

Sobre a plataforma Valor Saúde Brasil®

A entrega de valor deve ser o propósito dos sistemas de saúde. Essa é a receita para evitar desperdícios e falhas, que prejudicam a assistência ao paciente e os resultados alcançados pelas instituições. O valor em saúde é determinado pela qualidade assistencial dividida pelo custo, alinhado a uma experiência positiva do paciente em sua trajetória no sistema de saúde. Portanto, o inverso de valor é desperdício.

A plataforma Valor Saúde Brasil (www.drgbrasil.com.br) dispõe - com base nas informações geradas pelo DRG Brasil e pela Inteligência Artificial - de funcionalidades para o diagnóstico e planejamento estratégico do sistema de saúde e a estruturação de programas de governança clínica para a entrega de valor.

Para isso, utiliza a metodologia DRG totalmente ajustada ao perfil brasileiro. Desfechos assistenciais e consumo de recursos tornam-se comparáveis e previsíveis, uma vez que os pacientes agrupados em um mesmo DRG (produto assistencial) possuem características clínicas e de risco similares, determinando uso de recursos (diárias e insumos) também similares.

O Analytics da plataforma apresenta uma visão dinâmica da qualidade do cuidado e dos resultados econômicos, criando as condições necessárias para simplificar e acelerar a mudança do modelo assistencial e remuneratório em direção a sistemas baseados em valor.