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DINO - 01 dez, 2016) - Mesmo em meio a uma crise financeira que tem aumentado o custo de vida e diminuído a renda de muitos brasileiros, a busca por estabilidade e o medo de perder dinheiro fazem com que parte dos consumidores procure por investimentos.
Uma pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), mostra que
cerca de 70% dos brasileiros optam pela poupança para investir o que sobra da sua renda. Em média, são cinco aplicações feitas por ano na poupança.
Mas a poupança é de fato melhor negócio? Quais seriam os erros mais comuns cometidos pelos brasileiros na hora de investir? Para o consultor de investimentos Tiago Guedes, "as ações que comprometem qualquer tipo de investimento são: pensar só na rentabilidade, esquecer do risco, não pensar nos prazos, custos e necessidades de liquidez".
Rentabilidade é tudo?
"Quando escolher um investimento você deve pesar todos fatores que o influenciam e não apenas a rentabilidade", diz Guedes, que é dono da empresa de consultoria
Investidor Rico . "A poupança, por exemplo, não é muito atrativa mesmo tendo isenção de Imposto de Renda e liquidez imediata, pois possui baixa rentabilidade", explica.
Para o especialista, a rentabilidade é um fator relevante, mas não o mais importante. Há casos em que a liquidez deve ser levada mais em conta.
"Cada ativo que você investe deve se adequar aos seus objetivos e a sua realidade financeira, isto é, sua necessidade de dinheiro ao longo do tempo", diz Guedes. "Se você precisa sacar o dinheiro daqui um ano, não faz sentido aplicar seus recursos em um imóvel por exemplo, pois será difícil transformar esse ativo em dinheiro com rapidez", completa.
Quais os riscos?
O risco é, segundo Guedes, o principal fator na tomada de decisão em investimentos. "Antes de pensar no quanto você quer ganhar, você deve estar ciente e de acordo com o máximo que você pode perder", diz.
A atenção deve ser voltada para os quatro tipos de risco apontados por Guedes: risco de mercado, o risco mais comum, representado pela oscilação do preço dos ativos ? quanto maior a volatilidade do preço (mais ele se movimentar para cima ou para baixo) maior é o risco de mercado; risco operacional: ligado às falhas humanas, do método, execução e/ou do sistema, como quando alguém que vai comprar 100 ações acaba comprando 1000; risco de crédito, o risco de calote, quando o devedor não honrar com seus compromissos, impedindo o credor de receber; e risco legal, quando um contrato não pode ser legalmente validado por falta de documentação, ilegalidade e outros fatores que podem causar problemas legais.
Onde, quando, como receber ? e a que custo?
A liquidez de um investimento é definida por Guedes como a facilidade de transformar um ativo em dinheiro. Ativos de baixa liquidez, por exemplo, tendem a possuir rentabilidades mais altas e são boas opções para quem não precisa do dinheiro a curto prazo.
"Se existe a possibilidade de você ter que usar esse dinheiro em breve, você tem que investir em ativos com alta liquidez e baixo risco de mercado", explica o consultor de investimentos. "Um caso típico de objetivo que necessita de liquidez imediata é a reserva de emergência, que pode ser sacada a qualquer momento", lembra.
Além da liquidez, contudo, é preciso ter em mente a quantidade de taxas que são pagas ao investir. "Se você não souber quanto paga de taxas, digamos, por sua previdência privada, então você provavelmente está pagando muito caro", diz Tiago Guedes.
Guedes explica que fundos de investimento como previdências privadas podem apresentar boa rentabilidade, mas que ela será corroída ao longo do tempo por taxas que o investidor desconhece, como taxas de administração (paga diariamente de acordo com o montante investido), taxas de performance (quando o fundo fica com um percentual do lucro, geralmente 20%) e taxas de carregamento (a cada depósito realizado o fundo recolhe uma porcentagem).
"Hoje, com o desenvolvimento do mercado e avanço da tecnologia, é possível encontrar diversas opções de baixo custo e ótima rentabilidade, como o Tesouro Direto [ativos de renda fixa emitidos pelo Tesouro Nacional para financiar a dívida pública nacional que oferecem diferentes tipos de rentabilidade]", diz Guedes.
Pensando no futuro
Quanto à importância do prazo na hora de investir, o especialista explica que maiores riscos tendem a proporcionar maiores retornos, mas que, com o passar do tempo, os riscos passam a ser diluídos enquanto as chances de um grande retorno aumentam.
"Carteiras de longo prazo, como para a independência financeira ou educação dos filhos, podem e devem conter ativos de maior risco, como ações e títulos prefixados", defende Guedes. "A economia vive de ciclos e se você tiver tempo para esperar a retomada, não precisará vender suas ações em um mercado de baixa, por exemplo. Assim, não precisar do dinheiro é uma grande vantagem, pois você pode ter retornos maiores por abrir mão da liquidez e deixar o dinheiro aplicado por prazos maiores", conclui.
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