Brasília, DF--(
DINO - 08 mai, 2017) - Uma equipe de pesquisadores, liderados pelo professor de nefrologia Chirag Parikh, examinou 22 corredores, antes e depois da Maratona de Hartford 2015 e encontraram possíveis danos estruturais aos túbulos renais no rim após o exercício. O estudo, realizado em colaboração com cientistas da Universidade de Quinnipiac, também nos Estados Unidos, foi publicado no American Journal of Kidney Disease em março deste ano.Os resultados revelaram que 82% dos corredores da maratona desenvolveram danos nos rins, semelhante a problemas renais em pacientes doentes em unidades de cuidados intensivos e cirurgia pós-cardíaca. "Todos os corredores, especialmente aqueles com doenças como hipertensão, diabetes e doenças cardíacas precisam estar em estreita comunicação com seu médico quando decidem executar uma maratona ou algum exercício intenso", recomenda a médica nefrologista e diretora da Clínica de Doenças Renais de Brasília (CDRB), Maria Letícia Cascelli. O grupo de pesquisa se interessou por entender o efeito do estresse térmico e da atividade física sobre os rins devido à recente epidemia de doença renal entre jovens que trabalham em fazendas de cana-de-açúcar na América Central. De acordo com o artigo, os pesquisadores decidiram usar a maratona para seu estudo, pois oferece um cenário controlado para melhor elucidar os efeitos da atividade física intensa.Corrida perigosaO trabalho envolveu 22 participantes da maratona, com amostras de sangue e urina coletadas um dia antes da competição, no dia da corrida e um dia após a maratona. Os pesquisadores investigaram vários marcadores de lesão renal, incluindo os níveis de várias proteínas na urina e de creatinina sérica, um resíduo lançado no sangue que denuncia doenças no sistema urinário.Oitenta e dois por cento dos corredores desenvolveram uma lesão renal aguda no estágio 1, em que o órgão fracassa de repente em filtrar os resíduos do sangue. No entanto, em contraste com doentes com rins danificados, o prejuízo renal causado pelos corredores foi temporário e os resultados no sangue e urina voltaram aos níveis normais dentro de 48 horas após a corrida.Foi demonstrado que o fornecimento de sangue para os rins diminui em cerca de 25% durante a execução das tarefas, como este é desviado para o músculo e a pele, essa diminuição provoca a morte celular no rim, particularmente nos túbulos. As células mortas e detritos eram evidentes nas amostras de urina dos corredores quando examinadas ao microscópio.Além disso, o aumento da temperatura do corpo durante a corrida provoca estresse devido ao calor, o que também pode ferir o rim. Estes dois fatores, bem como a potencial hidratação inadequada e uso de drogas anti-inflamatórias não-esteroides, medicamentos que aliviam a dor muscular, podem ter causado os danos observados.Comparação acertadaNão houve evidência de doença renal crônica (DRC) ? perda progressiva de longo prazo na função renal ? nos participantes do estudo. Em contraste, a DRC foi encontrado em trabalhadores agrícolas na América Central, que experimentam níveis semelhantes de estresse físico como os corredores. Segundo o artigo, essa variação pode ter sido em razão de uma maior exposição ao calor e acesso limitado à hidratação e recursos de saúde."Dado os resultados do estudo, aconselhamos os corredores a permanecer bem hidratados durante a corrida e, se possível, evitar correr em temperaturas mais quentes", indica Maria Letícia Cascelli. "Também recomendamos um tempo de recuperação adequado após a corrida para permitir que órgãos lesionados se recuperem", acrescenta a nefrologista.Mais cuidadosExercícios físicos intensos podem levar ao desenvolvimento de uma doença renal de nome difícil: a Rabdomiólise. Lesões causadas por atividades extenuantes destroem músculos, estes liberam proteínas que danificam os rins. Escurecimento da urina, fraqueza e dores musculares são os sintomas mais comuns. Hidratação adequada e treino moderado são importantes na prevenção deste problema.Mais informações em (61) 2109-0404 | Clínica de Doenças Renais em Brasília