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DINO - 02 set, 2015) - Parece que foi ontem, mas o Triple Bottom Line ? conceito cunhado por John Elkington, cofundador da ONG internacional SustainAbility ? foi criado há 20 anos para representar a expansão do modelo de negócios tradicional para um que considera a performance ambiental e social de uma companhia tão importantes quanto a financeira, passando a integrar as agendas de grandes organizações. Mas, mesmo tanto tempo depois, porque ainda estamos longe de ver uma transformação real rumo ao desenvolvimento sustentável?
Há uma limitação por trás das empresas e, consequentemente, das pessoas que a compõem, pois muitos apenas "representam" as boas práticas, se escondendo em tecnologias que reduzem riscos ao meio ambiente, nas famosas frases de "missão, visão e valores" escritas com esmero em paredes superproduzidas e no tom imponente dos discursos adotados pelas empresas. No entanto, essa farsa só prejudica o processo de mudança que trará a verdadeira evolução de modelo mental.
Quando nos referimos ao modelo mental, estamos falando de pessoas e de como suas atividades rotineiras e decisões diárias ? de forma distorcida e mecânica ? impactam negativamente no mundo. Será que o setor de RH já parou para pensar quais os reais valores que promove em suas campanhas de incentivo e nos programas educacionais que contratam?
Será que já fizeram perguntas chaves como "quais são os valores que determinam a cultura em que estamos vivendo?", "qual a capacidade cognitiva que uma pessoa precisa para lidar com os desafios da sustentabilidade?", "como desenvolver a maturidade emocional necessária?" ou "como criar contextos que permitam às pessoas incorporar novos valores em sua vida?"? Sem pensar nessas dimensões, nossa visão fica restrita e limitada ? as soluções, portanto, não serão abrangentes o suficiente.
Mudança de paradigma: aprendizagem horizontal ou vertical?
As questões que colocamos mais ênfase nesses 20 anos, como tecnologia, processos e sistemas, foram muito importantes até agora, mas sozinhas não dão conta dos desafios à frente. A evolução da consciência individual, exercida em equipes diversas e complementares, deve ser nossa prioridade; assim, uma nova abordagem de educação para sustentabilidade deve ser considerada.
Quando visito um cliente com interesse em fazer um relatório de sustentabilidade, "achando" já estar apto a isso, percebo o quanto as pessoas ensaiam para dizer o que é a sustentabilidade no escopo da empresa, mas, quando pergunto para os executivos da área, poucos sabem dizer o que essa diretriz quer dizer em sua própria área.
O que mais os RHs costumam investir, até mesmo por conta do briefing do executive, é um programa de aprendizagem horizontal, que desenvolve competências já estabelecidas, quando, no entanto, o que deveria ser estimulado é o pensamento e a interpretação de uma situação ou desafio por parte do colaborador ? e esse tipo de questionamento vem da aprendizagem vertical. Nos dias de hoje, o que parece mais propício para os desafios incertos? Que tal pensar com mais afinco, disposição e sentido, para vermos a mudança que queremos no mundo?
Conheça algumas diferenças entre os tipos de aprendizagem:
Aprendizagem Horizontal:
- Aprimora o que já se sabe e aumenta a expertise técnica;
- É essencial para utilizar técnicas conhecidas a fim de resolver problemas claramente definidos;
- Desenvolve conhecimento, habilidades e comportamentos funcionais que fortalecem a habilidade de liderança.
Aprendizagem Vertical:
- É essencial para endereçar problemas complexos, cultivar relacionamentos profundos e navegar rapidamente por circunstâncias incertas;
- Desenvolve complexidade cognitiva e inteligência emocional, literalmente evoluindo o sistema operacional de liderança para tornar-se mais sábio e cuidadoso.
*Roberta Valença é CEO da Arator, consultoria especializada em projetos de sustentabilidade com inovação -
roberta@aratorsustentabilidade.com.br