Releases 23/07/2018 - 17:43

Uma revolução na forma de selecionar pessoas. 90% dos recrutadores visitam o perfil dos candidatos nas redes sociais


São Paulo, SP--(DINO - 23 jul, 2018) -
O processo de seleção de talentos mudou bastante com a era digital. Em busca de seus candidatos ideais, algumas empresas desenvolveram games, outras criaram reality-shows e ainda outras olham o perfil de potenciais candidatos em rede social. Uma pesquisa feita pela empresa Reppler aponta que 90% dos recrutadores visitam o perfil dos candidatos. O estudo indica ainda que “69% dos recrutadores rejeitaram um candidato com base no conteúdo encontrado em seu perfil nas redes sociais". Porém, “uma proporção quase igual de recrutadores (68%) contratou um candidato baseado justamente em sua presença nessas redes.”

Fato é que os contatos iniciais, que já servem para a seletiva, são feitos online. No entanto, as informações trafegam geralmente em mão única: o candidato é quem responde às perguntas da recrutadora e raramente sequer é comunicado se tem o perfil desejado pela empresa.

A empresa brasileira Simbiose Ventures, voltada a plataformas de processamento intensivo de dados, faz diferente. Baseado no mundo virtual, seu processo de atração de talentos começa com sua própria exposição. Com transparência, ela detalha sua cultura, valores, ambiente de trabalho, salários e plano de carreira, os feedbacks… E não há meias-palavras. Até o fluxo e prazos do processo seletivo é transparente.

“Trabalhar na Simbiose não é NADA convencional”, avisa a empresa, em sua Wiki. Deixa claro que leva sua cultura e valores "ao pé da letra", e dá informações suficientes para o candidato saber se realmente têm o perfil alinhado para atuar nela. Por exemplo, ao informar sobre a forma de trabalhar em equipe, a empresa conclui assim: “Acreditamos que ‘ninguém chega lá sozinho’. Se você acha que é um gênio e que conseguirá desvendar a próxima grande teoria do mundo sozinho, a Simbiose não é o melhor lugar para você”.

Ao mesmo tempo, abre as portas para quem acredita em meritocracia, tem cultura de dono (e não de funcionário) e iniciativa empreendedora, adora estudar e se aperfeiçoar principalmente na área de sua vida pessoal e é organizado. É esse o perfil que a startup busca.

Cada processo seletivo é complexo e dura de 60 a 90 dias. Antes de se inscrever, o interessado deve ler tudo o que está na Wiki e assistir a alguns vídeos indicados pela startup. Dessa forma, a pessoa já consegue perceber se seu perfil se encaixa na cultura da empresa ou não.

A primeira fase do processo é preencher um formulário online. Na sequência, há várias etapas, em que os candidatos recebem materiais de estudo e fazem testes para aplicar o aprendizado. Alguns dias depois de cada teste, a Simbiose envia o resultado para o candidato, com um feedback, para terem conhecimento de seu desempenho.

A próxima fase é conversar com o CEO da Simbiose, Gabriel Menegatti, e também com uma psicanalista. O que a startup mais valoriza é o QE (Quociente Emocional) e não o QI (Quociente de Inteligência). “Apesar dos testes, para nós é muito mais importante o perfil, características e comportamentos das pessoas do que o nível de conhecimento técnico”, destaca Menegatti.

Reconhecimentos

A receptividade ao seu modelo de recrutamento incentiva a empresa a dar continuidade a ele. Mesmo sem se candidatar a algum posto da Simbiose, o engenheiro Thiago Aramaki escreveu para a startup, em rede social. Elogiou a iniciativa de incluir as fases de aprendizagem no processo seletivo, assim como o investimento em treinamento dos colaboradores. “É um diferencial que alavanca o desempenho de qualquer empresa, porém, em muitas delas, isso não é colocado em prática pelos gestores”, completa.

Para Daniel Torrico, selecionado recentemente em um dos últimos processos seletivos da startup, o que mais chamou sua atenção foi o peso dado à capacidade de o candidato aprender, e não na experiência ou no currículo. O longo período do processo, diz ele, traz embutido um importante aprendizado, não só na parte técnica, mas em como se organizar e estudar melhor, além de promover reflexões sobre a vida pessoal levando ao autoconhecimento.

Dar prioridade a soft-skills (habilidades relacionadas à inteligência emocional, como capacidade de relacionamento interpessoal, organização e disciplina, entre outras) e menos para hard-skills (habilidades técnicas) também foi um atrativo para Alessandro Stamatto, outro recém-contratado.

Quanto ao aprendizado obtido durante os cerca de três meses do processo seletivo, Stamatto considerou os cursos “fenomenais” e também elogiou o material disponibilizado com temas como determinação, liderança e trabalho em equipe. Ele apenas gostaria que houvesse mais tempo para completar cada curso e para a resolução das provas, mas reconhece que isso iria estender ainda mais o tempo do processo que já é bem longo.


A Importância do feedback

Na Simbiose, o foco é informar o desempenho individual em cada fase. “Com os feedbacks, podíamos melhorar onde falhamos e assim evoluir dentro do processo. Vale dizer também que isso ajuda a não criarmos expectativas altas demais, parece que eu estava sempre com o ‘pé no chão’ e consciente de minha situação”, afirma Torrico.

Já Stamatto percebe que o feedback permite maximizar o crescimento de cada um. “As críticas do Menegatti são construtivas e visam ajudar a descobrirmos em que podemos melhorar”, diz ele. Isso, aliado à divulgação das notas de cada prova, são essenciais para minimizar a ansiedade, opina Stamatto.

Aramaki concorda: “Mesmo sendo um feedback negativo, além de demonstrar um certo respeito, e quando aliado a críticas construtivas, ajudam o candidato a melhorar pontos fracos”. Para ele, isso desperta admiração pela empresa, mas infelizmente ainda é um posicionamento raro no mercado.

Trabalhar na Simbiose não é para todos, pontua Stamatto: “Exige uma vontade em crescer muito grande, uma disposição para estudos contínuos, uma busca para sermos não apenas bons - mas sim excelentes (incríveis!)”. Ele completa que, apesar de não exigir oito horas diárias de trabalho mas apenas seis, o ritmo é forte na Simbiose, demandando uma excelente organização para que o tempo seja, de fato, produtivo.

Por Sandra Regina da Silva,
Jornalista freelancer, que escreve sobre business, gestão empresarial, startups, entre outros temas.



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