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DINO - 01 jun, 2015) - Normalmente quando se fala sobre as vantagens e desvantagens de casais que trabalham juntos, os temas giram em torno de como isso pode impactar o relacionamento e até que ponto levar assuntos profissionais para casa pode ser benéfico ou não para a vida em comum.
Mas além dos limites da relação, misturar amor com trabalho pode impactar de forma decisiva a carreira.
Segundo uma pesquisa divulgada pelo International Stress Management do Brasil (ISMA-BR), realizada com 608 casais que trabalham juntos, quanto mais próximos na empresa, maior a possibilidade de os conflitos pessoais atrapalharem o desempenho profissional. Cerca de 11% dos entrevistados com igual ocupação na mesma empresa afirmaram que os atritos da vida pessoal tendem a interferir no aspecto profissional. Já entre os casais que atuam na mesma companhia, mas em ocupações diferentes, esse índice cai para 6%.
Por outro lado, casais que trabalham juntos tendem a compreender melhor as angústias e a carga horária do parceiro e demonstram produtividade elevada. Em geral, eles ficam cerca de 12 horas diárias no emprego, enquanto a média nacional é de 9 horas.
Cerca de 80% dos casais que participaram do estudo e atuam na mesma ocupação e na mesma empresa demonstram ter baixo nível de conflitos na relação trabalho e família, lidam com mais eficiência no que se refere às demandas diárias e proporcionam mais apoio emocional mútuo. Por consequência, sofrem menos exaustão emocional, a chamada "síndrome de burnout".
O casal Tiago e Lorena Ravazzi atua na área de comércio exterior. Eles se conheceram quando trabalhavam em uma multinacional. Apesar de serem funcionários de setores diferentes, dividiam a mesma sala, com cerca de 70 pessoas. Depois de algumas conversas na hora do café e através de um aplicativo de bate-papo, passaram a sair entre amigos e começaram a namorar. Tiago conta teve receio de comunicar a relação na empresa: "Creio que levei um tempo para comentar com meu gerente e os outros vendedores que trabalhavam comigo. Sempre me perguntava como eles receberiam a notícia. Não trabalhávamos no mesmo departamento, porém os departamentos se relacionavam e era a mesma sala. Cerca de dois meses depois de começarmos a namorar, informei meu chefe e relacionados.
Para minha surpresa não houve nenhum tipo de retaliação ou comentário negativo. Somente os famosos "parabéns"".
Renato Mendes, consultor de carreiras da plataforma de empregos Job1, explica que existem empresas com políticas contrárias e outras favoráveis ao relacionamento entre funcionários. Entre as que permitem a relação, existem algumas regras de conduta recomendáveis como: não ser do mesmo departamento ou setor; saber separar profissional do pessoal e não tratar de assuntos de casal na frente dos colegas.
Tiago e Lorena procuram ter uma conduta condizente com estas políticas: "Apesar de todos saberem da nossa relação, não deixamos que ela seja visível na nossa atuação profissional. Já tivemos casos onde funcionários mencionaram "Ah, o seu marido..." ou "Qual ramal da sua esposa?" Diante disso sempre combinamos de responder que "Meu marido / esposa não trabalha aqui... Você quer dizer o Tiago / a Lorena?" Assim, sempre deixamos muito claro que o ambiente era profissional", conta Tiago.
Mas ainda que os funcionários busquem manter uma relação profissional na empresa, algumas companhias mantêm políticas contrárias a convivência de casais no ambiente corporativo. Renato Mendes explica que, entre as empresas que se posicionam de forma contrária ao relacionamento entre funcionários, os principais argumentos são que se relacionar no trabalho pode trazer complicações nos resultados, como redução da produtividade, devido ciúme ou qualquer coisa do gênero; pode impedir que você almoce com colegas de trabalho e, portanto, perder oportunidades de entrosamento com a equipe; levar os funcionários a perderem a espontaneidade e, ainda, sentirem que precisam dar satisfação demasiada para o parceiro.
Renato aponta que misturar a relação pessoal com a profissional pode trazer consequências e prejudicar a carreira dos funcionários: "Quando um dos dois tem posição de chefia, pode haver constrangimento na hora de escolher outro funcionário para uma promoção, em detrimento do parceiro. Também pode haver constrangimento interno caso um deles venha a ser demitido e há, ainda, a preocupação com a questão do sigilo empresarial, ponto chave em diversos ramos de atuação", explica.
Apesar das possíveis dificuldades e de toda a atenção necessária no dia a dia, Tiago e Lorena passaram a trabalhar sempre juntos "Após sairmos desta empresa, trabalhamos apenas um ano separados e, deste então, atuamos sempre na mesma empresa e, geralmente, na mesma sala. Já passamos por três empresas diferentes, sempre juntos. Como nossa área de trabalho é a mesma, quando um tem uma proposta de trabalho melhor, existe a possibilidade de negociar a contratação do outro", conta Tiago.
Lorena enxerga muitas vantagens em trabalhar ao lado do marido: "Temos sempre muitos assuntos em comum. Podemos compartilhar temas relacionados ao trabalho e é bom saber que o outro entende do que você está falando. Também temos amigos em comum do trabalho, o que é ótimo na hora de interagir. Como trabalhamos na mesma empresa, utilizamos o mesmo carro e evitamos gastos adicionais e ainda podemos aproveitar o horário de almoço para conversar e resolver assuntos pendentes".
Para Renato Mendes, histórias como a de Tiago e Lorena mostram que é possível manter um relacionamento com um colega de trabalho sem prejudicar a carreira, mas alerta que, para isso, é preciso que o casal tenha uma boa estrutura emocional: "É importante se manter imparcial na hora em que a empresa exigir decisões difíceis, saber que um pode se destacar mais ou menos que o outro e não alimentar ciúmes. O ambiente corporativo traz consigo os amigos de trabalho, almoço de negócios e relacionamentos de amizade com homens e mulheres que precisam ser encarados de forma tranquila pelo casal", conclui.
Sobre Renato Mendes:
Renato Mendes é consultor de carreiras da Job1. Graduado em psicologia e administração de empresas, pós graduado em Liderança e Gestão de pessoas pela FGV, tem ampla experiência nas áreas de Treinamento & Desenvolvimento, Headhunting, Executive Coaching, Projetos Especiais e Terceirização de pessoal, Recrutamento e Seleção de Pessoal.
Sobre a Job1:
Job1 é a única plataforma de empregos com recrutamento e triagem inteligentes.
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