Releases 18/08/2025 - 17:12

Agosto Branco traz debate sobre tipo agressivo de câncer de pulmão


Falta de avanço em 20 anos prejudica pacientes com câncer de pulmão de pequenas células.

O câncer de pulmão representa 12,4% de todos os novos casos de câncer no mundo e responde por 1,8 milhão de óbitos anuais¹, de acordo com dados de 2022 da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) estimam que o câncer de pulmão foi responsável por 4,6% dos diagnósticos oncológicos no triênio de 2023 a 2025².

No mês de conscientização sobre o câncer de pulmão, o chamado Agosto Branco, o debate sobre os avanços na área oncológica, em especial o câncer de pulmão de pequenas células, conhecido como CPPC, ganha ritmo acelerado.

Embora esse tipo de câncer seja historicamente associado ao cigarro, fatores como herança genética, poluição e exposições ocupacionais também devem ser levados em consideração3,4,5. "Por muito tempo, não se acreditava na possibilidade de hereditariedade, mas hoje sabemos que até 5% dos casos em pessoas jovens ou que nunca fumaram podem ter origem genética", explica Ana Gelatti (CRM 29511), médica oncologista, especialista em tumores torácicos, diretora clínica do Grupo Oncoclínicas Porto Alegre.

Entenda o CPPC

Responsável por cerca de 15% dos casos de câncer de pulmão, o subtipo de pequenas células é considerado um dos mais agressivos e de difícil controle3. Com crescimento rápido, alta taxa de recorrência e forte associação ao tabagismo, esse tipo de tumor costuma ser diagnosticado já em estágios avançados, o que limita as opções terapêuticas e impacta diretamente o prognóstico dos pacientes5.

"O câncer de pulmão de pequenas células tem comportamento distinto do tipo não pequenas células. Ele cresce de maneira acelerada e responde inicialmente à quimioterapia, mas volta a crescer rapidamente e com poucas alternativas de tratamento disponíveis após a recidiva", explica o dr. Vladmir Cláudio Cordeiro de Lima (CRM 90351), chefe do Departamento de Oncologia Torácica do A.C.Camargo Cancer Center.

Apesar da gravidade, a realidade dos pacientes com CPPC permaneceu sem grandes avanços por décadas5. "A inclusão da imunoterapia no tratamento do CPPC em doença extensa foi um avanço recente e que trouxe ganho de sobrevida, mas é importante frisar que, mesmo com esses recursos, o tempo médio de sobrevida global gira em torno de 12 a 13 meses, o que mostra a necessidade urgente de novas opções terapêuticas para esses pacientes", complementa Gelatti.

Dificuldades e avanços no tratamento

Além de ser um tipo mais agressivo, o carcinoma de pulmão de pequenas células apresenta outro desafio: costuma escapar das estratégias de rastreamento7. "São tumores de crescimento tão acelerado que, muitas vezes, aparecem entre um exame e outro - o que chamamos de tumores de intervalo", afirma Vladmir. "Essa característica faz com que mesmo programas de triagem para populações de alto risco, como fumantes com longa carga tabágica, tenham pouco impacto na detecção precoce da doença."

Por outro lado, embora o CPPC continue sendo um dos maiores desafios da oncologia, avanços recentes indicam um futuro mais promissor8. "Pela primeira vez, começamos a entender melhor a biologia desse tumor, suas particularidades e como o sistema imunológico pode ser mobilizado para combatê-lo", afirma Vladmir.

Essa mudança de perspectiva tem permitido o desenvolvimento de abordagens inovadoras e abre espaço para que, nos próximos anos, mais tratamentos possam chegar aos pacientes8. "Qualquer avanço após 20 anos sem novidades para o câncer de pulmão de pequenas células é um marco histórico. Traz esperança real para pacientes, novas possibilidades de tratamento e reforça a importância da pesquisa e da rápida incorporação de terapias inovadoras", avalia Luciana Holtz, psicóloga especialista em psico-oncologia e presidente do Instituto Oncoguia.

Nesse movimento por inovação, empresas biofarmacêuticas como a Amgen têm desempenhado um papel importante. Com décadas de atuação em oncologia e forte investimento em ciência translacional, a companhia tem contribuído diretamente para o desenvolvimento de terapias voltadas a tumores de difícil tratamento, como o CPPC. O uso de tecnologias avançadas, como anticorpos biespecíficos, exemplifica o potencial da biotecnologia para transformar o cuidado oncológico e oferecer novas opções terapêuticas a pacientes com poucas alternativas7.

"A Amgen tem uma trajetória consolidada na oncologia e está continuamente investindo em inovação para enfrentar tipos de câncer com altas taxas de mortalidade, como o câncer de pulmão de pequenas células. Nosso foco é desenvolver terapias cada vez mais direcionadas e eficazes, com base em ciência de ponta e biotecnologia avançada. Trabalhamos para ampliar o acesso a tratamentos que possam oferecer melhores desfechos clínicos e mais qualidade de vida para os pacientes oncológicos", afirma Alejandro Arancibia, diretor médico da Amgen Brasil.

Combate ao estigma

Neste Agosto Branco, o foco é ampliar o conhecimento sobre o rastreamento, reduzir o estigma e chamar a atenção para o papel da prevenção e da informação. Um dos alertas mais importantes diz respeito ao cigarro eletrônico, cuja popularização preocupa especialistas. "Ainda não temos estudos que façam uma relação direta do cigarro eletrônico com o câncer de pulmão, mas já sabemos que ele causa doenças pulmonares - e muitas dessas doenças, por si só, aumentam o risco de desenvolver câncer", afirma Gelatti.

Enquanto estudos avançam e novos medicamentos surgem, o enfrentamento do câncer de pulmão exige atenção urgente à prevenção, ao diagnóstico ágil e ao acesso ao tratamento4,8. O tabagismo segue como o principal fator de risco, mas não é o único4. A poluição atmosférica, o histórico familiar e a exposição ocupacional a agentes como o amianto também aumentam os riscos de desenvolver a doença4.

Por isso, além de tratamentos mais eficazes, é essencial investir em políticas públicas de prevenção e na ampliação do acesso a diagnósticos e terapias de ponta. "Muitos pacientes com câncer de pulmão carregam um sentimento de culpa, o que dificulta a busca por ajuda. A sociedade precisa entender que fumar não é a única causa, e que parar de fumar não depende apenas de força de vontade. É um processo complexo, que exige apoio", finaliza Gelatti.

Referências:

1. INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER (IARC). Global Cancer Burden Report. IARC, 2024. Disponível em: New report on global cancer burden in 2022 by world region and human development level - IARC. Acesso em: ago. 2025.

2. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2023: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/estimativa/2023. Acesso em: ago. 2025.

3. NATIONAL CANCER INSTITUTE (NCI). Small Cell Lung Cancer Treatment (PDQ®): Health Professional Version. Bethesda: National Institutes of Health, 2025. Disponível em: https://www.cancer.gov/types/lung/hp/small-cell-lung-treatment-pdq. Acesso em: ago. 2025.

4. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Câncer de pulmão. Brasília: INCA, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/pulmao. Acesso em: ago. 2025.

5. ORONSKY, B. et al. Update on Extensive Stage Small-Cell Lung Cancer (SCLC). Journal of Cancer, v. 13, n. 9, p. 2945-2953, 2022.

6. AHN, M. J. et al. Tarlatamab for Patients with Previously Treated Small-Cell Lung Cancer. New England Journal of Medicine, v. 389, n. 22, p. 2063-2075, 2023.

7. AMGEN BRASIL. Ciência e Inovação. Disponível em: https://www.amgen.com.br/science. Acesso em: ago. 2025.

8. Zhai X, Zhang Z, Chen Y, et al. Current and future therapies for small cell lung carcinoma. J Hematol Oncol. 2025 Apr 1;18(1):37.