Releases 18/11/2025 - 10:31

Parceria entre Núclea e Equifax BoaVista deve ajudar a injetar R$ 5 bilhões de crédito para PMEs


Empresas entendem que podem oferecer oportunidades para pessoas jurídicas equivalentes ao que o Open Finance está viabilizando para os consumidores.

"Hoje, as instituições financeiras se baseiam majoritariamente em informações limitadas, muitas vezes negativas" - Rogério Signorini, VP de Produtos e Pré-Vendas da Equifax BoaVista.

"A potência entre a combinação dos dados de birô, nível de endividamento com a visão dos dados transacionais, como os dos recebíveis das empresas, vai viabilizar que sigam crescendo, tomem capital de giro, por exemplo, e se alavanquem mais para gerar novos negócios" - Rodrigo Furiato, VP de Negócios da Núclea.


O Brasil é um país de pequenas e médias empresas. São 23 milhões de estabelecimentos, que respondem por cerca de 90% da atividade empresarial. Ainda assim, apenas 30% dos pequenos negócios conseguem acessar o mercado de crédito e ter fôlego financeiro para crescer, segundo o Sebrae. Iniciativas tentam, há anos, mudar esse cenário. Agora, uma nova aposta pode transformar o setor de forma definitiva com a injeção de até R$ 5 bilhões em empréstimos.

Uma parceria entre o birô de crédito Equifax BoaVista e a Núclea, fornecedora de infraestrutura bancária e de pagamentos, tem o potencial de fazer pelas pessoas jurídicas o que o Open Finance está fazendo para os consumidores - viabilizando ofertas de crédito e juros mais personalizados, com menos risco para os bancos e fintechs.

A base de tudo é o acesso a informações adicionais sobre o perfil financeiro de cada CNPJ, garantindo uma visão mais abrangente sobre a capacidade de pagamento de cada empresa. Um dos benefícios é contornar uma das barreiras mais comuns no acesso a crédito: a necessidade de um longo relacionamento com a instituição financeira.

Do lado da Equifax BoaVista, entra uma base de 2,7 bilhões de registros de crédito e 60 milhões de CNPJs. Já a Núclea contribui com os dados transacionais de boletos, cartões de crédito e débito, TEDs e antecipação de recebíveis, que somaram o equivalente a mais de R$ 18 trilhões em 2024.

"Hoje, as instituições financeiras se baseiam majoritariamente em informações limitadas, muitas vezes negativas, e em históricos de relacionamento restritos a um único banco", afirma Rogério Signorini, vice-presidente de Produtos e Pré-Vendas da Equifax Boavista.

Em muitos casos, o que os bancos enxergam não é a visão mais precisa do momento atual daquele CNPJ, diz Rodrigo Furiato, vice-presidente de Negócios da Núclea. "Sempre que o cliente entra em atraso, acontece a negativação, e as instituições credoras mandam a informação dizendo que aquele cliente não é um bom pagador. Mas o inverso, que é a informação da saúde financeira do bom pagador, muitas vezes não chega com a mesma velocidade, e é isso que queremos mudar", afirma.

Os dois executivos notam que, mesmo entre as PMEs que tentam ter uma oferta de crédito, o caminho pode ser longo. "Geralmente, as empresas tentam abrir relacionamento com uma instituição e levar o fluxo de pagamentos, como recebíveis, para lá. Só depois vão entender se terão uma oferta de crédito competitiva", diz Furiato.

Uma das vantagens para as PMEs, segundo ele, é conseguir ter uma negociação melhor. Mas o principal ganho é se beneficiar dos dados conjugados das duas empresas. "A potência entre a combinação dos dados de birô, nível de endividamento e visão dos recebíveis vai permitir que as empresas sigam crescendo, tomem capital de giro e se alavanquem mais para gerar mais negócios", explica.

Atualmente, as PMEs com potencial de se beneficiar podem ser agrupadas em dois grupos. Um é o das empresas com baixo endividamento e recebíveis livres, que poderiam ser dados como garantia. O outro contempla as companhias com nível maior de endividamento, mas que ainda têm espaço para se alavancar. Ambos os perfis já poderiam ter linhas de crédito disponíveis.

Isso muda de patamar com a parceria entre as duas empresas. "O banco que antes via apenas o score tradicional de uma empresa agora também enxerga o potencial faturamento, qual o nível de pontualidade nos pagamentos e quais são as garantias em recebíveis disponíveis", afirma Signorini.

Esse processo é o que Furiato chama de "qualificação", um passo além e mais eficiente do que colocar as empresas apenas em caixinhas de bom ou mau pagador. Neste momento, a parceria vai integrar dados e fornecer para o mercado financeiro relatórios e indicadores de saúde financeira das empresas.

Mas a ambição é maior e mira também a duplicata escritural, a versão digital da duplicata cartular, documento físico hoje usado por empresas para antecipar recebíveis. O projeto é desenvolvido em conjunto com o Banco Central e entra agora na fase de testes.

Segundo Furiato, a parceria com a Equifax BoaVista e o avanço trazido pela duplicata escritural, que possui entre as registradoras na fase dos testes homologatórios a Núclea, vai permitir entrar em um nível de detalhamento ainda maior. "Vamos conseguir afirmar, duplicata a duplicata, quais são as melhores garantias. É mais do que apenas dizer que uma empresa tem, na média, uma carteira de bons pagadores", afirma.

Na prática, o mercado terá uma leitura mais precisa e automatizada das duplicatas. "A parceria transforma a duplicata escritural em um instrumento de crédito inteligente, baseado em dados integrados e confiáveis", diz Signorini.