Releases 03/09/2016 - 00:48

Rio de Janeiro no caminho das cidades inteligentes


(DINO - 02 set, 2016) - Para garantir o sucesso dos Jogos Olímpicos Rio-2016, muitos investimentos, governamentais e particulares, foram feitos em diversos setores, e, ao passo que os jogos só duraram duas semanas, a herança para os cariocas promete se estender por um bom tempo.

Desde o aperfeiçoamento de datacenters para garantir transmissão, monitoramento, apresentação e disseminação dos resultados dos jogos, até melhoria da infraestrutura de serviços públicos, a mudança é clara. A capital fluminense ganhou restauração de antigas áreas degradadas que hoje são novos polos de lazer e cultura, mais conexões de transporte público, maior rede de hotéis, inovações nas formas de pagamentos, aeroportos mais eficazes e, provavelmente um dos maiores legados tecnológicos do evento, investimentos de todos os lados em telecomunicações e conexões de internet para assegurar que esses realmente fossem "os jogos mais conectados da história".

"Toda essa complexa rede de serviços cria a infraestrutura necessária para implantação do paradigma de "Cidades Inteligentes", do qual todo cidadão carioca poderá se beneficiar após os Jogos Olímpicos", declara Tereza Cristina Carvalho, Professora Associada da Escola Politécnica da USP e membro do IEEE (Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos), maior organização dedicada ao avanço da tecnologia no mundo.

Mas o que é uma cidade inteligente, afinal? "A designação "cidade inteligente" é aplicada imprecisamente para conotar a aplicação intensiva de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) para melhorar a qualidade de vida das pessoas no ambiente urbano. A Divisão de População das Nações Unidas assinala que, atualmente, cerca de 54% da população mundial reside em cidades e seus subúrbios. Em 2050, serão aproximadamente 66%, com um aumento de cerca de 2,5 bilhões de pessoas. Nesse sentido, o conceito abrange vários contextos de aplicação de TIC a processos e macrossistemas relevantes para a vida nas cidades, tais como os de mobilidade urbana, saúde, segurança pública, comunicação e difusão de informação aos cidadãos, entre outros", explica o também professor Raul Colcher, membro sênior do IEEE e especialista em tecnologia da informação.

Apesar de ter conquistado, em 2015, o primeiro lugar no Ranking Connected Smart Cities do Brasil, o Rio de Janeiro ainda não é considerada uma cidade inteligente se comparada a outras metrópoles fora do país, mas os Jogos Olímpicos podem ter colocado a Cidade Maravilhosa no caminho correto. "O Rio de Janeiro pode tornar-se uma referência de cidade inteligente", comenta Tereza, "neste momento, os serviços foram desenvolvidos somente para atender à demanda especifica dos Jogos Olímpicos. Mas essa infraestrutura pode ter seu uso expandido dentro do conceito de cidade inteligente, onde o cidadão pode passar a ter acesso a serviços do governo (e.g., pagamento de impostos, matricula de crianças em escolas públicas, agendamento de consultas médicas e coleta seletiva de resíduos), postos de monitoramento de segurança, serviços de saúde e de transporte, entre outros", completa a professora, membro do IEEE.

"Dentro do quadro de carências, dificuldades e restrições que caracterizam as maiores cidades brasileiras, o Rio talvez esteja dentre aquelas mais próximas a um patamar de inteligência, por ser uma cidade mais cosmopolita e internacionalizada que a média das cidades brasileiras. É uma metrópole que concentra atividades consideradas chave para o desenvolvimento em padrões modernos, como universidades de qualidade, indústrias de comunicação, entretenimento e criação cultural e uma alta densidade de micro e pequenas empresas de alto conteúdo tecnológico. Um exemplo é seu centro de controle e supervisão centralizada, que é a experiência brasileira mais avançada em maturidade de suas operações. Os investimentos associados aos Jogos Olímpicos podem potencializar essas tendências, sobretudo em áreas como mobilidade urbana e telecomunicações", finaliza o membro sênior do IEEE.