Rio de Janeiro, RJ--(
DINO - 26 ago, 2015) - O Brasil possui grandes empresas do setor de Alimentos que disputam posição com os gigantes mundiais. Em nosso mercado acionário doze companhias competem neste setor. Jbs é a maior com receita de R$120bilhões em 2014, seguida de BRF e Marfrig com receitas na casa de R$29 e 21 bilhões, respectivamente, no mesmo ano. As demais: Excelsior, Josapar, M.Diasbranco, Minerva, Minupar, Oderich, Renar, Tereos e Vigor Food somam cerca de R$26bilhões em receitas em 2014.
Os aspectos do setor de Alimentos que merecem atenção são: demanda por produtos de maior valor agregado, presença no mercado internacional, restrições ao consumo de carnes por outros países, eventuais doenças ou problemas sanitários identificados no Brasil, subsídios à atividade agrícola de outros países, poder de consumo da população, preços do milho e da soja no mercado internacional (ambas são matéria-prima que alimentam as criações) e efeito do dólar sobre a exportação.
Os gráficos ilustram para o Setor de Alimentos a evolução das Receitas Líquidas, Resultados Líquidos, Endividamentos Totais e Retornos do Acionista no período de 2011 a 2015, sendo este anualizado.
No período de 2011 a 2015(P) as Receitas Líquidas cresceram com taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 11,51% aa, enquanto que o Endividamento Total teve um CAGR superior de 12,10% aa.
Quanto aos resultados líquidos cabem as observações: Jbs teve prejuízo em 2011 (-R$323milhões), porém vem obtendo, apesar do alto endividamento, lucros crescentes nos últimos três anos com projeção de cerca de R$3,5bilhões para 2015, ano em que o setor como um todo deverá atingir um lucro total da mesma ordem de grandeza. As empresas Marfrig, Minerva, Renar e Tereos tiveram prejuízo em praticamente todo o período. A Minupar apresenta prejuízo e PL negativo nos quatro últimos anos, inclusive 2015, caracterizando situação de insolvência.
Com relação ao retorno do Acionista (ROE), o setor inicia 2011 com um percentual inexpressivo de 1,8%, alcançando ao final do período um patamar projetado próximo a 6%, favorecido principalmente pelas gigantes Jbs e BRF como também por M.Diasbranco.
Comentários Finais:
O Brasil tem uma grande fatia (cerca de 40%) do mercado mundial de frangos e suínos onde a BRF opera. Além disso, com um mercado interno fraco o consumo de frangos cresce favorecendo a BRF. Por outro lado, Jbs, Marfrig e Minerva operam no segmento de bovinos onde grandes compradores estão em países com situação econômica ruim, como Rússia e Venezuela. Jbs quer crescer em frangos e suínos, mas enfrenta dificuldades para digerir as empresas que comprou e também sua dívida. Com exceção de M.Diasbranco, as demais empresas não são atraentes para aquisição.
O Setor de Alimentos teve de 2011 a Jun/2015 um crescimento de receitas acima da inflação, em linha com a maioria das empresas brasileiras. Entretanto, as companhias do setor não conseguiram repassar seus aumentos de custos jogando para baixo sua margem bruta e seus resultados. O resultado do setor como um todo foi insignificante e bastante influenciado pelo imenso crescimento de Jbs e também por BRF. Jbs cresceu agressivamente com ajuda de financiamentos do Governo (BNDES) e por aquisições no mercado externo, gerando um elevadíssimo endividamento que saltou de R$26bilhões em 2011 para R$65bilhões! em 2015. Diferentemente BRF também cresceu, mas de forma equilibrada, com aumento controlado da sua dívida. As demais empresas do setor, exceto M.Diasbranco, Excelsior e Vigor Food estão com prejuízo em 2014 e 2015.
Em termos de valorização das ações em bolsa no período de Jan/2011 a Jun/2015 (neste período o Ibovespa caiu 24%), somos de opinião que houve excesso nas altas que não justificam os fundamentos econômico-financeiros das companhias e o mercado se concentrou em três empresas: BRF, Jbs e M.Diasbranco. A supervalorização é explicada pelo estágio em que o país estava em 2011/2012 (grau de investimento, "bola da vez"), pela valorização do dólar favorecendo as exportadoras Jbs e BRF e pelo aumento do poder aquisitivo no nordeste do país (anulado pela atual recessão), beneficiando a líder M.Diasbranco nesta região.
Dessa forma é possível que os preços dessas ações se ajustem no futuro.
Em síntese, podemos dizer que o Setor de Alimentos foi mal de 2011 a Jun/2015. Em comum as companhias alcançaram receitas acima da inflação, mas fracos devido a dificuldade de repassar seus custos. Duas grandes companhias lideram o setor: Jbs com alto grau de endividamento e BRF com crescimento equilibrado. Destaque para o desempenho da M.Diasbranco com retornos ao acionista acima da média do setor. Marfrig e Minerva buscam seguir o caminho da Jbs, mas enfrentam elevado endividamento. Demais empresas menores não são atraentes para investidores. Assim sendo, entendemos que a BRF é a melhor companhia do Setor de Alimentos no momento.
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