São Paulo, SP. --(
DINO - 01 ago, 2018) - A resposta mais simples e direta seria algo em torno de 30 mil reais. Mas a resposta dessa pergunta ainda traz muito de dúvida e pouco de certeza. Para muitos, quanto vale um bitcoin está diretamente relacionado ao potencial de disrupção intrínseco da moeda, para outros, deve ser analisada segundo o que tem pretensão de ser, isto é, uma moeda.
Deste dilema incorrem uma série de discussões, a primeira dela é se de fato o bitcoin é uma moeda ou não. Como não é suportada por nenhum banco central, nenhum órgão nacional responsável por sua emissão, nenhum órgão regulador que a fiscalize e sua imensa volatilidade, ela não teria as propriedades necessárias de uma moeda.
E, se, justamente, o valor do bitcoin estivesse nesta ausência de um Banco Central por traz? O elemento de confiança é, enfim, transferido para rede através de criptografia e pura matemática.
Deixe-me explicar:
O bitcoin é um sistema de pagamento peer-to-peer, como definido pelo seu criador Satoshi Nakamoto em 2008. Este sistema não necessita de terceiros que validem as transações (leia-se bancos em nossa realidade atual). Os próprios nós presentes na rede são responsáveis por verificar, validar e transmitir a informação na própria rede. Este fato confere ao bitcoin a característica da descentralização.
Partindo do princípio que todos são suspeitos, a blockchain (tecnologia por trás do Bitcoin), é transparente, imutável e auditável. Todos os participantes, desconfiados entre si, estão constantemente se verificando e se validando. Mas o que garante que o elemento de confiança de fato possa ser passado para a rede? Matemática e teoria dos jogos. Como assim?
Prometo não me estender em tecnicalidades, porém, cada transação na rede é um desafio matemático, resolvido pelos mineradores, estes, por sua vez, são recompensados pelas taxas cobradas pela rede e um valor a cada novo bloco de transações.
Para resolver essas transações, um alto montante é investido em maquinário (Hardware) e energia elétrica, ou seja, para que a rede seja fraudada, segundo os parâmetros do protocolo do bitcoin, um único minerador teria que possuir 51% do poder computacional de toda a rede, que, no caso do Bitcoin, já representa um valor colossal.
Fora isso, segundo a propriedade que vale a cadeia mais longa, este minerador não conseguiria fraudar transações passadas, se limitando a fraudar apenas 2 a 3 blocos antes que seja exposto a rede e esta passe a ignorar as informações transmitidas por ele. Por isso, se tem maior retorno beneficiando a rede do que tentando fraudá-la.
Compartilho da opinião de John H. Cochrane, economista que deu aula em Stanford e na Universidade de Chicago:
"Bitcoin é como fiat (sem lastro), em que seu valor vem da relação entre uma oferta limitada e suas demandas. Por isso, possui as flutuações colossais que vemos. É uma versão digital do ouro. "
Baseando-se em oferta e demanda, o mercado é o principal validador do preço do bitcoin. Preço este que chegou a 20 mil dólares no fim do ano passado.
Essa visão de ouro digital atrela ao Bitcoin o conceito de reserva de valor, e também de escassez, uma vez que existe o limite finito de 21 milhões de bitcoins, que será atingido aproximadamente em 2140.
Porém, ainda com a queda recente, fato que toma conta dos noticiários com curiosa facilidade, vide a matéria publicada pelo G1, o bitcoin é a maior criptomoeda do mercado, com valor de mercado em 105 Bilhões de dólares e principal flagship de um mercado de US$260 bilhões
(o mercado de criptoativos/tokens/moedas), isto é, representa 40% de todo um mercado emergente que briga com os principais bastiões de nossa sociedade moderna, os bancos. Mercado não, indústria. Uma vez que comprar e vender 1 Bitcoin está cada vez mais fácil, a principal corretora do país, a
FlowBTC, possui mais de 60 mil clientes cadastrados.
Evolução do preço e valor de mercado do Bitcoin em dólares e escala logarítmica. Dados do coinmarketcap
Difícil para um financista fundamentalista ver um valor intrínseco da moeda, não temos, ainda, técnicas de valuation que possam ser aplicadas às criptomoedas em geral (apesar de algumas tentativas já feitas através de métricas como número de nós, poder computacional da rede, etc.).
Além disso,
os players principais do mercado ainda operam, majoritariamente, com ferramentas de análise técnica, fato que afasta ainda mais os céticos fundamentalistas. E várias previsões também são feitas a esmo e, caso não concretizadas, retiram um pouco mais da credibilidade do mercado em emersão.
Tais previsões e declarações normalmente ganham os tabloides, Tom Lee, ex-chefe de equity do JP.Morgan, é um entusiasta da tecnologia e afirma que o preço do bitcoin vai chegar a US$25 mil até o final do ano. Já Warren Buffet, aconselha os investidores a manter distância da criptomoeda.
O hype é tão grande em torno da tecnologia que algumas celebridades se aproveitam do momentum das criptomoedas e para lançar seus próprios projetos (ICOs, como se diz no mercado), ao exemplo do boxer Floyd Mayweather e, recentemente, o cantor Akon.
Uma questão central do debate em torno de uma moeda para meio de pagamento é a regulamentação, a capacidade de ser taxada, auditada, a fim de que sejam evitadas a famigerada lavagem de dinheiro.
Neste quesito, ainda estamos engatinhando, apesar de países como Japão, Alemanha e Austrália já a reconhecerem como meio legal de pagamento e serem passíveis de impostos e tributação, países como China e Rússia se posicionam contra e impedem a livre transação da moeda.
Apesar destes percalços, o bitcoin vem lutando bravamente há quase 10 anos e já teve sua morte anunciada inúmeras vezes. O fato é: enquanto a população como um todo, enxergar valor neste meio de pagamento descentralizado, a rede continuará ativa e não há nada que se possa fazer. Em um mundo em que ainda enfrentamos problemas de transparência e idoneidade, talvez a criptografia matemática seja, de fato, a melhor saída possível.
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https://www.flowbtc.com.br/