São Paulo--(
DINO - 19 abr, 2016) - A formação de um grande marketplace de títulos e valores mobiliários no Brasil, através da fusão da BM&FBovespa (BVMF3) e da Cetip (CTIP3) é alvo de controvérsia para o mercado. Por um lado, há praticamente unanimidade entre os analistas de que a junção geraria valor aos acionistas, devido ao ganho de escala, complementariedade de estruturas e serviços além de possibilitar reduções de custos pela nova companhia.
Do outro, nem sempre o que pode ser bom aos acionistas em um primeiro momento representa a receita adequada. O casamento entre as duas empresas dificultaria ainda mais a entrada de concorrentes no país nas transações em bolsa, bem como, no mercado organizado de balcão. Ao mesmo tempo, mercados monopolistas são menos eficientes do que os competitivos.
Análises sobre o tema são um dos destaques da Revista RI deste mês, que ainda traz um retrato do desempenho das ações das estatais nos últimos dez anos acirra o debate sobre se empresas controladas pelo governo devem ou não ser de capital aberto.
De acordo com os dados da Sabe Consultoria publicados com exclusividade pela Revista RI de abril, entre os primeiros trimestres de 2011 e de 2016, os destaques positivos ficam com BB Seguridade ON ? que abriu o capital em 2013) e Sabesp ON, que cresceram 89% e 69%, respectivamente. Todas as oito demais ações das estatais sofreram desvalorização no mesmo período, destacando Petrobras PN e Eletrobras ON que caíram 66% e 64%, respectivamente. Já o Ibovespa teve queda de 27% no mesmo intervalo de tempo.
Eletrobras e Petrobras também registram, nas médias anuais, retornos ao acionista (ROE) negativos para entre 2006 e 2015. Do outro lado, BB Seguridade e Cemig se destacam com ROEs elevados em 2014 e 2015. Com relação ao Endividamento Líquido o retrato da situação dessas estatais é bastante dramático, a exceção da Cesp, que reduziu sua dívida no período. Na média, essas empresas tiveram um crescimento do endividamento líquido (CAGR) próximo a 16% ao ano nos últimos dez anos, bem acima da inflação.
Os números também revelam preocupação quanto à situação de Banrisul, BB Seguridade, Banco do Brasil, Copasa e Petrobras, que elevaram suas dívidas numa taxa anual composta de mais de 15% ao ano. A edição impressa de abril da Revista RI está nas bancas e celebra 18 anos de edições mensais ininterruptas, consolidando-se como a principal e mais longeva publicação da história do Mercado de Capitais brasileiro.