SALVADOR--(
DINO - 13 fev, 2019) -
Estudos científicos pulicados recentemente trazem novas possibilidade para o tratamento e diagnóstico de algumas das síndromes que são as principais causas de incapacidade entre os idosos, demandando cuidados durante todo o curso dessas doenças – as demências, entre as quais estão Doença de Alzheimer, Demência com Corpos de Lewy, Demência Vascular e a Demência Frototemporal.
As pesquisas trouxeram avanços no entendimento dos mecanismos que influenciam a doença, entre eles a descoberta de um novo biomarcador que se liga à proteína de tau (relacionada à saúde dos neurônios), e a influência dos níveis de irisina na perda da memória.
Publicado em dezembro/2018 no Journal of Nuclear Medicine, o primeiro estudo destacou a ação de um novo radiofármaco que se liga à proteína tau encontrada nos pacientes com Alzheimer, que mostrou ter uma correlação com o déficit cognitivo, o que deve permitir exames com imagens mais detalhadas da extensão da doença. Em um futuro próximo, essa tecnologia poderá propiciar um diagnóstico precoce, contribuindo na prevenção e no tratamento da patologia.
Além disso, um segundo estudo, realizado por 25 cientistas de diversos países – entre eles, dois brasileiros –, publicado na revista Nature Medicine, estabeleceu a relação entre o aumento dos níveis de irisina e uma possível melhora na perda de memória causada pelo Alzheimer, o que pode representar mais eficácia no tratamento e prevenção da doença.
“O mais interessante, neste segundo estudo, é que a irisina é um hormônio produzido naturalmente pelo corpo durante a prática de exercícios físicos. Ainda se discute muito sobre a prevenção da demência. Mas, na medida em que avançamos no entendimento da doença, fica mais claro a relação entre a incidência da doença e o estilo de vida. Exercícios físicos, reeducação alimentar, evitar o tabagismo, dormir bem e estimular o cérebro são hábitos bastante recomendados nesse sentido”, recomenda o
psiquiatra da Holiste, André Gordilho.
As descobertas são importantes, mas ainda são insuficientes para o desenvolvimento de um tratamento farmacológico que reverta as alterações neurológicas promovidas pela doença. Ainda assim, elas reforçam a necessidade de hábitos que proporcionem a qualidade de visa e que podem ser um protetor natural para as demências.
“A adoção de hábitos saudáveis com uma dieta equilibrada, sono e prática de exercícios regulares pode promover mudanças na qualidade de vida, melhorando a saúde física e mental. Outras abordagens terapêuticas, como a estimulação cognitiva, têm se mostrado efetivas, já que contribuem para retardar a evolução da doença e preservar por mais tempo as funções cognitivas”, completa André Gordilho.
O DESAFIO DA MENTE SAUDÁVEL
Estima-se que as demências tenham uma incidência de 10% a 15% nos adultos acima de 65 anos, em todo o mundo. A demência é um termo que engloba diversas doenças neurodegenerativas progressivas, as quais envolvem um conjunto de sintomas diretamente ligado à perda cognitiva, como problemas de memória, raciocínio, linguagem e alterações de comportamento.
Existem diversos tipos de demência, que podem ser separadas em dois grupos: reversíveis e degenerativas. As principais síndromes demenciais são a Doença de Alzheimer, Demência com Corpos de Lewy, Demência Vascular e a Demência Frototemporal.
“
Para cada tipo de manifestação da demência, existe um grupo de sintomas diferente e, consequentemente, tratamentos diferentes, além da evolução individual de cada um. Em idosos, sintomas como delírios e alucinações trazem riscos como a possibilidade de fuga do lar, quedas ou agressões, bem como comportamentos alterados com a família ou cuidadores”, explica o
psiquiatra Victor Pablo.
A DOENÇA DE ALZHEIMER
A doença de Alzheimer é a síndrome com maior prevalência, representando 60% a 70% dos casos. Seu avanço acontece de forma progressiva e irreversível, afetando – de forma gradual – as funções cognitivas, como atenção, concentração e raciocínio, trazendo também alterações no comportamento e personalidade do indivíduo. Essas perdas ocasionam prejuízos significativos na capacidade produtiva e nas relações sociais. Segundo dados da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), mais de 1,6 milhões de brasileiros sofrem com a doença de Alzheimer.
CUIDADOS NA TERCEIRA IDADE
Segundo dados do IBGE, entre 2012 e 2017, o Brasil passou a ter mais de 30 milhões de idosos, o que equivale a 14% da população brasileira. Um crescimento de quase 20% em 5 anos. A expectativa é que em 2050 esse número supere os 60 milhões, o que equivale a 30% de toda população, colocando o Brasil como um dos países com maior população de idosos do mundo.
Envelhecer é um processo inevitável, que acontece em todas as dimensões do ser humano: cronológica, biológica e psicossocial. Caracteriza-se, principalmente, por uma degradação orgânica e funcional do indivíduo, mas que não decorre de um processo de adoecimento.
“Existe o pensamento incorreto de que o envelhecimento está associado ao adoecimento. Mas, o que esperamos é envelhecer de forma saudável, mesmo com algumas limitações funcionais. É possível manter a independência e autonomia, manter vínculos familiares e sociais adequados, fazer atividades físicas e até mesmo ser produtivo; que não seja trabalhando, mas mantendo-se ocupado, mesmo que em um ritmo mais tranquilo”, explica o psiquiatra André Gordilho.
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