Betim, MG.--(
DINO - 05 mai, 2017) - Helena Maria, 51, tem três filhos e dentre eles o Daniel de 23 anos, que é autista. Helena conta ter notado que o filho, aos quatro meses de idade, apresentava características diferentes das outras crianças. "Comecei a perceber que o Daniel olhava para o teto, mas não me olhava nos olhos e não sorria para mim. Procuramos ajuda de especialistas e só descobrimos que ele tinha autismo aos três anos de idade. Foi um grande choque e inicialmente não conseguia aceitar aquela situação", conta. Diante da nova realidade, ela foi em busca de informações para saber a melhor forma de cuidar do filho. "Só descobri o que era o autismo depois que tive o Daniel, pois a gente não se preocupa em conhecer as deficiências quando elas não fazem parte da nossa vida. Depois do diagnóstico dele estudei muito sobre o assunto e procurei ajuda de psicólogos e especialistas que me ajudaram bastante nesse processo. É muito importante que as mães aceitem o fato de ter um filho com deficiência e procurem apoio", sugere.
Para Helena, são muitos os desafios ao se ter um filho com deficiência. "Uma das maiores dificuldades é enfrentar a sociedade que ainda não sabe conviver com a pessoa diferente. Sempre foi muito difícil, por exemplo, colocá-lo em escolas regulares quando era criança", diz. Ainda segundo ela, essa dificuldade aumentou ainda mais na fase adulta, pois diz não ser fácil encontrar instituições que atendam adultos com deficiência. "Todas me recusavam alegando não ter estrutura para receber um aluno autista, mas hoje tenho todo o apoio do Centro Especializado Nossa Senhora D"Assumpção (Censa Betim). Lá eles me ajudam muito no cuidado com meu filho", comenta.
Mesmo com os percalços que viveu, Helena diz se sentir privilegiada por ter um filho autista. "O carinho e amor que recebo do Daniel é algo muito especial e até diferente dos meus outros filhos. Sinto que ele sempre se entrega de coração. Os abraços, beijos e sorrisos são sempre muito sinceros e com ele aprendi a amar ainda mais. Conviver com o autismo nos faz aprender muito, pois vejo o tanto que cresci com ele. Realmente, são muitos os desafios, mas todos eles foram enfrentados graças a esse amor e à minha fé em Deus", finaliza.
Maria de Lourdes, 80, tem cinco filhos, entre eles nasceu Lúcia, que tem deficiência física e intelectual. Ela descobriu a deficiência da filha logo após o parto. "Lúcia teve uma lesão durante a gestação e isso comprometeu todo o seu corpo. Ela era uma menina agressiva, quebrava tudo e se machucava, o que era muito difícil para mim. Além disso, tive pouca ajuda do meu marido, pois ele ficou muito decepcionado com a condição da nossa filha e teve várias complicações na saúde. A situação se complicou ainda mais quando engravidei da Milena, apenas um ano mais nova que Lúcia, ou seja, tinha de cuidar de dois bebês", lembra.
Hoje, Maria conta com o apoio do Censa Betim e agradece muito pelo trabalho desenvolvido pelas cuidadoras. "Tenho muita gratidão por elas que sempre dão muito amor, carinho e cuidam muito bem da minha filha. Nunca esperei encontrar o que encontro aqui nesta instituição que sempre me deu muita vida e fez com que eu não desanimasse jamais. Aqui é um ambiente alegre e consigo ver toda essa alegria na minha filha", conta.
Para ela, mesmo com todas as barreiras no seu caminho, Lúcia foi o maior presente que recebeu. "Ela é uma bênção e me sinto muito feliz de ter sido escolhida para ser mãe dela. Por ter uma filha com deficiência, tive a oportunidade de conhecer muitas mães, de dar valor e celebrar cada aprendizado e evolução dela. É sempre uma vitória", conta.
Mães e cuidadoras
O trabalho das cuidadoras se torna fundamental no processo de acolhimento desses adultos para garantir a segurança e o bem-estar em tempo integral. Estas profissionais muitas vezes precisam equilibrar a vida de mãe e a profissão como cuidadora. É o caso da Célia Camboim, 44, cuidadora do Censa Betim há 19 anos e mãe de dois filhos, um deles uma menina de cinco anos. Ela decidiu seguir a profissão por influência de uma amiga e do irmão que eram cuidadores. Hoje é responsável por cuidar da higiene, alimentação, bem estar e dar muito amor e carinho aos educandos. "Os alunos são como da família e o trato como filhos", conta Célia.
Para a cuidadora nem sempre é fácil conciliar a profissão com a vida de mãe. "Às vezes fico o dia todo aqui no Censa e minha menina acaba cobrando um pouco a minha companhia. Acontece muito de eu estar aqui, mas preocupada com ela, ou estou em casa e pensando como estão meus meninos no Censa. Acho que isso tem a ver com instinto materno mesmo". Apesar das dificuldades, Célia se diz muito feliz com a profissão que escolheu. "Ser cuidador é dar amor e muito carinho. E é o afeto dos nossos alunos que mais nos motiva a estar nesse trabalho", finaliza.
Segundo Célia, o fato de ser mãe acaba a ajudando muito no seu dia a dia como cuidadora. "Por também ter filhos, me coloco sempre no lugar das mães dos alunos. Se uma delas vem nos procurar querendo notícias do filho, se está sendo bem tratado ou se alimentando bem, vou entender que esse é o papel dela e que está no seu direito. Se percebo, por exemplo, que minha filha não está indo bem na escola, logo quero ir até lá para descobrir o que está acontecendo também".
Sobre o Censa Betim:
Com mais de 50 anos de atuação, o Centro Especializado Nossa Senhora D"Assumpção (Censa Betim) acolhe pessoas com deficiência intelectual e famílias de diversas cidades do Brasil. Com uma equipe transdisciplinar, tem uma proposta diferenciada com atividades esportivas e recreativas, escolaridade especial, jardinagem, equitação, oficinas de música, teatro e artesanato. O Censa possui um espaço de 22 mil metros quadrados totalmente integrado à natureza.
Website:
http://www.censabetim.com.br