Edmond Fortier - Viagem a Timbuktu, livro de Daniela Moreau, lançado pela Literart, revela o Oeste da África no início do século XX
São Paulo--(DINO - 09 dez, 2015) - Edmond Fortier - Viagem a Timbuktu, livro da historiadora brasileira Daniela Moreau recém lançado pela editora Literart, concentra-se na produção de Fortier, fotógrafo francês, que morreu anônimo apesar de ter reunido ao longo de sua vida (1862-1928) um acervo com cerca de 4 mil fotos. As fotografias assinadas por ele documentam o cotidiano e a cultura do Oeste da África do início do século XX, bem como transformações pelas quais a região passava com o avanço da presença cada vez maior do colonizador europeu na região.
Além de o conjunto de imagens ter um inestimável valor histórico, chama a atenção a qualidade excepcional desses registros fotográficos que, antes do livro de Daniela, especializada em estudos da África, ainda eram pouco conhecido do público.
A autora realizou o trabalho pioneiro de reunir um relevante recorte da obra do fotógrafo francês, que morou a maior parte da vida no Senegal: 200 fotografias da viagem de mais de cinco mil quilômetros que ele fez pelo interior do continente africano no ano de 1906, em uma época em que a imposição dos regimes coloniais na África ainda era relativamente recente. As imagens conhecidas desse itinerário são testemunho único da época.
Edmond Fortier começou a trabalhar como fotógrafo no Senegal no fim do século XIX, fazendo retratos da elite africana e dos colonos europeus. Era o tempo das cartes-de-visite, uma moda que marcou época, inclusive no Brasil. Fazer retratos para cartes-de-visite era o ganha-pão de Fortier, assim como de milhares de fotógrafos ao redor do mundo.
No início do século XX, esse modismo mudou e a febre passou a ser os cartões-postais. Milhões de cartões-postais com fotografias de todos os lugares do globo eram impressos a cada ano. Circulavam como correspondência e eram colecionados em álbuns pelas famílias. E o fotógrafo francês entrou nesse novo filão do mercado fotográfico. Por quase três décadas, seu sustento era proveniente dos chamados cartões-postais ilustrados. Todos os anos Fortier publicava novas séries desses cartões-postais que eram vendidos aos turistas (já que na época todos os navios que ligavam a Europa à América do Sul faziam escala em Dakar, onde ele morava) e aos colonos europeus em sua pequena loja junto ao porto da cidade. Apesar do seu sucesso comercial, as fotografias ficaram esquecidas já que os negativos nunca foram encontrados.
Hoje, mais de 100 anos após terem sido registradas, essas imagens da África do Oeste constituem um verdadeiro patrimônio cultural a ser resgatado e conhecido. Fortier documentou o que logo em seguida desapareceria para sempre, como as ruínas da antiga mesquita de Djenné, e o que estava em seus momentos iniciais, como os modernos aspectos urbanos de Bamako e de Conakry, capitais do Mali e da Guiné. Suas fotografias tiveram um importante papel na construção do imaginário sobre o "outro" africano.
Fortier produziu, entre outros gêneros, inúmeros retratos de moças africanas com os seios nus, o que representava o exótico e agradava os fregueses europeus. As transformações intensas e violentas marcadas pela penetração e pela presença cada vez maior do colonizador europeu na África do Oeste também foram captadas pelas lentes do fotógrafo.
"Fortier não era militar, missionário ou exportador, ocupações de grande parte dos europeus presentes no Senegal no início do século XX. Ele era um estrangeiro que optou por viver na África como fotógrafo. E os cartões postais criados e vendidos por ele eram seu trabalho. Viajante infatigável percorreu, entre 1900 e 1912, uma grande extensão do Oeste africano, visitando 100 localidades de sete países hoje conhecidos como Senegal, Guiné Conakry, Mauritânia, Mali, Costa do Marfim, Benim e Nigéria", explica a autora.
Além do livro, o trabalho de Daniela, deu origem à exposição Edmond Fortier - Viagem a Timbuktu, que ficará em cartaz no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo) até 24 de janeiro de 2016.
SERVIÇO
LIVRO - Edmond Fortier - Viagem a Timbuktu
Autora: Daniela Moreau
Editora: Literart
Número de páginas: 470
Preço: R$ 235,00
À venda em todas as grandes livrarias do Brasil
EXPOSIÇÃO - Edmond Fortier - Viagem a Timbuktu
Categoria: Fotografia
Número de peças: 200
Aberta ao público: até 24 de janeiro de 2016
De terça a domingo, das 11h às 20h
Onde: Instituto Tomie Ohtake
Rua Coropés, 88, Pinheiros, São Paulo - SP
Tel.: (11) 2245-1900
Entrada gratuita
Além de o conjunto de imagens ter um inestimável valor histórico, chama a atenção a qualidade excepcional desses registros fotográficos que, antes do livro de Daniela, especializada em estudos da África, ainda eram pouco conhecido do público.
A autora realizou o trabalho pioneiro de reunir um relevante recorte da obra do fotógrafo francês, que morou a maior parte da vida no Senegal: 200 fotografias da viagem de mais de cinco mil quilômetros que ele fez pelo interior do continente africano no ano de 1906, em uma época em que a imposição dos regimes coloniais na África ainda era relativamente recente. As imagens conhecidas desse itinerário são testemunho único da época.
Edmond Fortier começou a trabalhar como fotógrafo no Senegal no fim do século XIX, fazendo retratos da elite africana e dos colonos europeus. Era o tempo das cartes-de-visite, uma moda que marcou época, inclusive no Brasil. Fazer retratos para cartes-de-visite era o ganha-pão de Fortier, assim como de milhares de fotógrafos ao redor do mundo.
No início do século XX, esse modismo mudou e a febre passou a ser os cartões-postais. Milhões de cartões-postais com fotografias de todos os lugares do globo eram impressos a cada ano. Circulavam como correspondência e eram colecionados em álbuns pelas famílias. E o fotógrafo francês entrou nesse novo filão do mercado fotográfico. Por quase três décadas, seu sustento era proveniente dos chamados cartões-postais ilustrados. Todos os anos Fortier publicava novas séries desses cartões-postais que eram vendidos aos turistas (já que na época todos os navios que ligavam a Europa à América do Sul faziam escala em Dakar, onde ele morava) e aos colonos europeus em sua pequena loja junto ao porto da cidade. Apesar do seu sucesso comercial, as fotografias ficaram esquecidas já que os negativos nunca foram encontrados.
Hoje, mais de 100 anos após terem sido registradas, essas imagens da África do Oeste constituem um verdadeiro patrimônio cultural a ser resgatado e conhecido. Fortier documentou o que logo em seguida desapareceria para sempre, como as ruínas da antiga mesquita de Djenné, e o que estava em seus momentos iniciais, como os modernos aspectos urbanos de Bamako e de Conakry, capitais do Mali e da Guiné. Suas fotografias tiveram um importante papel na construção do imaginário sobre o "outro" africano.
Fortier produziu, entre outros gêneros, inúmeros retratos de moças africanas com os seios nus, o que representava o exótico e agradava os fregueses europeus. As transformações intensas e violentas marcadas pela penetração e pela presença cada vez maior do colonizador europeu na África do Oeste também foram captadas pelas lentes do fotógrafo.
"Fortier não era militar, missionário ou exportador, ocupações de grande parte dos europeus presentes no Senegal no início do século XX. Ele era um estrangeiro que optou por viver na África como fotógrafo. E os cartões postais criados e vendidos por ele eram seu trabalho. Viajante infatigável percorreu, entre 1900 e 1912, uma grande extensão do Oeste africano, visitando 100 localidades de sete países hoje conhecidos como Senegal, Guiné Conakry, Mauritânia, Mali, Costa do Marfim, Benim e Nigéria", explica a autora.
Além do livro, o trabalho de Daniela, deu origem à exposição Edmond Fortier - Viagem a Timbuktu, que ficará em cartaz no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo) até 24 de janeiro de 2016.
SERVIÇO
LIVRO - Edmond Fortier - Viagem a Timbuktu
Autora: Daniela Moreau
Editora: Literart
Número de páginas: 470
Preço: R$ 235,00
À venda em todas as grandes livrarias do Brasil
EXPOSIÇÃO - Edmond Fortier - Viagem a Timbuktu
Categoria: Fotografia
Número de peças: 200
Aberta ao público: até 24 de janeiro de 2016
De terça a domingo, das 11h às 20h
Onde: Instituto Tomie Ohtake
Rua Coropés, 88, Pinheiros, São Paulo - SP
Tel.: (11) 2245-1900
Entrada gratuita