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DINO - 30 jul, 2018) - Apenas recentemente, no último 7 de junho, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC) do ano de 2016. Segundo os números daquele ano, o Brasil viveu o seu pior desempenho em infraestrutura em uma década. O especialista em Projetos de Infraestrutura,
Felipe Montoro Jens, reporta que, em 2016, o valor das grandes obras no país chegou a R$ 99,2 bilhões, o que significa uma queda de 22,1% em relação aos investimentos de 2015 e, ainda, o pior resultado desde 2007, ano em que a construção de grandes obras movimentou R$ 111,6 bilhões, já em valores atualizados para 2016 pela inflação.
O montante citado acima, de R$ 99,2 bilhões, trata-se do quanto as empresas públicas e privadas do setor da construção obtiveram em receita por conta da
realização de projetos de infraestrutura. Como é o caso de rodovias, ferrovias, hidrelétricas, redes de telecomunicações, saneamento básico, entre outras obras, por exemplo.
Já, no total, ou seja, quando, além das obras de infraestrutura, inclui-se também as atividades referentes a edificações, como é o caso do mercado imobiliário e da construção de casas e prédios comerciais, bem como os serviços vinculados à construção, como demolição, instalações hidráulicas e elétricas e obras de acabamento, a indústria da construção movimentou R$ 318,7 bilhões em 2016. O número corresponde a uma queda de 14,8% em comparação ao ano de 2015.
Especificamente, a queda foi de 11,2% para as edificações e mercado imobiliário (que movimentou R$ 154,4 bilhões em 2016) e de 10,5% para os serviços (que, por sua vez, movimentou R$ 65,1 bilhões).
Para se ter uma noção do tamanho da redução, os R$ 99,2 bilhões são apenas pouco mais da metade da receita alcançada em 2012, ano em que se registrou os maiores gastos com obras de infraestrutura realizadas no país de R$ 180,5 bilhões, segundo a PAIC. De 2012 em diante, este valor só registrou queda, até chegar à mínima de 2016, que é o número mais recente do IBGE, destaca Felipe Montoro
Jens.
Quanto aos motivos da caída nos números
Para o técnico de pesquisas do IBGE, Artur dos Reis, a redução nos financiamentos está entre os principais motivos para a queda acentuada no setor de infraestrutura. "Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES caíram muito em 2016", salientou Reis. No ano, os empréstimos feitos pelo BNDES somaram R$ 88,3 bilhões, 35% menos que em 2015, quando esse valor chegou a R$ 135,9 bilhões. Por sua vez, a queda observada na concessão de crédito imobiliário, por exemplo, caiu somente 16,2% de 2015 para 2016, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
Já segundo o gerente da pesquisa realizada pelo IBGE, José Carlos Guabyraba, "a retração das obras de infraestrutura no país no ano [de 2016] deveu-se a problemas políticos, econômicos e empresariais, resultando em uma mudança estrutural no setor". Conforme o que divulgou o IBGE no dia 7 de junho, "em 2016, todos os indicadores econômicos mostraram queda, com retração de 3,6% no Produto Interno Bruto (PIB). O resultado foi ainda pior na indústria da construção, que registrou -5,2%".
Quanto às empresas, os postos de trabalho e salários
Segundo os dados da Pesquisa Anual da Indústria da Construção ? que leva em consideração apenas informações relacionadas a empresas formais, não incluindo, desta forma, trabalhadores autônomos ? os postos de trabalho e salários também pioraram em 2016. No total daquele ano, havia 127,3 mil empresas ativas na indústria da construção, e dois milhões de pessoas trabalhando no setor, o que representa 428 mil menos que em 2015, equivalente a uma redução de 17,5%. O salário médio também caiu de um ano para o outro. Em 2015 o valor chegou a R$ 2.358,40, sendo que esse valor caiu para R$ 2.235,16 em 2016 (também em valores corrigidos pela inflação), reporta
Felipe Montoro Jens.
Quanto às regiões brasileiras
O especialista em Projetos de Infraestrutura Felipe Montoro Jens destaca, ainda, que, a região Nordeste apresentou o maior crescimento no valor das obras e serviços entre os anos de 2007 a 2016, passando de 15,7% para 19,2%. O Sudeste, entretanto, apresentou uma queda na participação, mas ainda assim, respondeu por mais da metade do setor: 51,1%. "Isso reflete o processo de desconcentração da economia com perda de participação do Sudeste e ganhos no Nordeste e Norte", ponderou o gerente da Pesquisa Anual da Indústria da Construção, José Carlos Guabyraba.
Quanto à PAIC
A Pesquisa feita pelo IBGE é responsável pela identificação anual das características estruturais da atividade de construção e de suas transformações no tempo, explica Felipe Montoro Jens. "As informações levantadas priorizam as estimativas do valor adicionado, da mão de obra ocupada e sua remuneração e dos investimentos em capital fixo, entre outras", informou o portal do Instituto Brasileiro. "O questionário da PAIC é disponibilizado em papel, em meio eletrônico, por CD-ROM ou download, no portal do IBGE. As empresas podem optar pelo meio mais conveniente", ressaltou a instituição de Geografia e Estatística.
"Essa pesquisa é uma importante fonte de informações estatísticas sobre o segmento empresarial da construção. Essas informações são essenciais para a construção das Contas Nacionais e Regionais, além de possibilitar o uso em análises de instituições públicas, privadas e de ensino que atuam com a atividade de construção", completou o portal do IBGE.
Website:
http://www.felipemontorojens.com.br