Para comemorar os 10 anos da vacinação contra o HPV no Sistema Único de Saúde por meio do Programa Nacional de Imunizações, o evento Entrelaçados reuniu um time de especialistas, profissionais da saúde e autoridades no último mês de junho, em Brasília. Organizado pelo Estadão, com criação do Estadão Blue Studio e apoio da MSD, o debate foi transmitido ao vivo pelo canal do Grupo Estado. Com um foco inspirador no combate ao câncer de colo de útero, foram discutidos temas essenciais, como a equidade em saúde e o compromisso com a disseminação de informações precisas.
Sob a mediação do psiquiatra, especialista em sexualidade, educação sexual e saúde em geral Jairo Bouer, o encontro debateu a saúde pública e buscou jogar luz sobre a importância da vacinação como uma das formas de prevenção contra a doença. Além disso, tratou dos avanços alcançados nos últimos anos e dos desafios futuros na ampliação do acesso à vacinação, ao diagnóstico precoce e comunicação com a sociedade.
"Todas as vacinas são confiáveis e é inadmissível nós termos mortes ou agravos por doenças que são preveníveis por vacinas. Isso tem que ser um alinhamento de toda a sociedade", explicou o presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Hisham Mohamad Hamida, um dos convidados a debater a equidade em saúde. Além de Mohamad, o painel recebeu a diretora médica da Farmacêutica MSD, Márcia Abadi, e a secretária de Saúde do Ceará, Tânia Mara, representando o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Um dos temas em discussão foram as estratégias para garantir acesso igualitário à vacinação contra o HPV, destacando desafios regionais e iniciativas bem-sucedidas na promoção da saúde pública.
A vacinação é o pilar mais efetivo em termos de acesso e disponibilidade, evitando a ocorrência dos cânceres causados pelo HPV, em mulheres e homens. Dos casos de câncer de colo do útero, 99% são consequência de infecção persistente por tipos de HPV de alto risco. Esse e outros dados foram apresentados com um panorama geral de incidências da doença. A diretora do Departamento de Prevenção e Promoção da Saúde (DEPPROS), do Ministério da Saúde, Gilmara Lucia dos Santos; a pesquisadora do Centro Universitário Icesp e livre-docente na Faculdade de Medicina da USP Luisa Lina Villa; e o diretor-geral do Instituto Nacional de Câncer (INCA), Roberto Gil, foram os responsáveis por levar insights fundamentais sobre a atual situação do câncer de colo de útero no Brasil.
Para além das políticas públicas, quem acompanhou o evento teve a oportunidade de ouvir sobre as novas tecnologias disponíveis para o diagnóstico e tratamento da doença. O painel foi composto pela oncologista e diretora da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Angélica Nogueira, pelo membro das comissões de ginecologia oncológica e defesa profissional da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), EtelvinoTrindade, e pela ginecologista especialista em citopatologia e prevenção de câncer de colo do útero e coordenadora técnica do Programa Útero é Vida em Pernambuco, Letícia Katz. "O câncer de colo de útero é uma doença que evidencia a desigualdade social porque está diagnosticada, principalmente, em pacientes pobres e negras. A gente precisa lutar para que essas pacientes tenham melhor rastreio, prevenção primária com vacinação e o melhor tratamento", finalizou Angélica Nogueira.
Aumento da cobertura vacinal e os avanços para uma imunização mais completa
Debates destacaram avanços, desafios e a importância da informação precisa na imunização e na luta contra o câncer de colo de útero
A vacinação contra o HPV, que agora completa uma década, foi um marco importante que contou com uma campanha histórica, da qual o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, fez parte. "No ano em que decidimos incorporar a vacina, junto à luta das mulheres, dos profissionais da saúde e da comunidade acadêmica, o Brasil passou a ser o primeiro país a ter todas as vacinas recomendadas pela OMS no seu calendário vacinal do Sistema Único de Saúde", explicou o ministro. Além dele, esteve presente a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, que falou sobre o complexo econômico industrial da saúde e dos 10 anos de disponibilidade da vacinação contra o HPV.
A secretária Ethel Maciel explicou que após esses 10 anos foi preciso recuperar algumas estratégias de ampliação no acesso à vacina, como é o caso da vacinação nas escolas. "Também lançamos algumas estratégias diferentes, assim como o alinhamento com a Organização Mundial da Saúde para a dose única da vacina, e o microplanejamento. Nem todos os lugares têm o mesmo problema e alguns apresentam maiores dificuldades. Por exemplo, conseguir chegar aonde vivem as populações indígenas. Fizemos uma ampliação com as Forças Armadas para uma operação chamada de Operação Gota para levar a vacina a esses territórios de mais difícil acesso. O PNI foi em cada Estado da Federação para entender quais as dificuldades de cada local", explicou Ethel.
Na parte final do evento, foi apresentado pela secretária--geral da Sociedade Sueca do Câncer, Ulrika Åhered Kågström, um case de sucesso. Em entrevista, ela relatou como está sendo a experiência da Suécia no promissor avanço da jornada de combate ao Câncer de Colo do Útero.
O país prevê para 2027 a eliminação da doença. Além de Ulrika, também esteve presente a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Mônica Levi. Prevenção, rastreio e tratamento como pilares para um futuro livre de câncer de colo de útero foram os temas trazidos pelas especialistas. Além desses temas, a cirurgiã e ginecologista especializada em câncer ginecológico Ailma Fabiane de Andrade e o gerente médico de vacinas da MSD, Estevam Baldon, abordaram as estratégias integradas para aumentar a conscientização, melhorar o acesso ao diagnóstico precoce e promover a vacinação em populações vulneráveis.
Para fechar o evento, o editor-assistente do Estadão Verifica, Pedro Prata, e a jornalista de saúde do portal Futuro da Saúde, Natalia Cuminale, falaram sobre o compromisso com a informação, o combate à desinformação e a hesitação vacinal. Eles enfatizaram a importância do jornalismo responsável na disseminação de informações precisas sobre vacinação e saúde pública, destacando estratégias para enfrentar os desafios da desinformação na era digital.
O evento fomentou a discussão necessária sobre a equidade no acesso à vacinação, diagnóstico precoce, tratamento adequado e a disseminação de informações precisas, e reafirmou que a vacinação é a ferramenta mais eficaz na luta contra o câncer de colo de útero. Este também foi um momento de destaque para a importância da conscientização pública e do jornalismo responsável no combate à desinformação. O Entrelaçados é o simbolismo do fortalecimento do compromisso coletivo de eliminar o câncer de colo de útero, promovendo estratégias integradas e inovadoras para um futuro livre de um câncer que pode ser prevenido.
No ano em que decidimos incorporar a vacina, o Brasil passou a ser o primeiro país a ter todas as vacinas recomendadas pela OMS no seu calendário vacinal do Sistema Único de Saúde