Releases 31/01/2024 - 17:27

O que esperar com o processo sucessório no Banco Central?


Gestão de Roberto Campos Neto no comando do Banco Central entra na reta final e abre espaço para o debate sobre os próximos passos da autarquia

Primeiro presidente do Banco Central (BC) do Brasil após a implementação da autonomia da autarquia, Roberto Campos Neto chega ao seu último ano de mandato. Em um período que promete ser agitado por conta dos debates sobre a sucessão no comando do BC, as dúvidas e especulações são direcionadas para os caminhos da política monetária e o cenário econômico-financeiro nacional.

Nesse contexto, surgem algumas perguntas, como: Quais serão as prioridades e pautas para a sequência dos trabalhos? Aliás, teremos mudanças ou continuidade? Quais melhorias podem ser adotadas? Para entender melhor o cenário, torna-se necessário fazer uma análise da atuação do BC na atual gestão.
Assim como suportou as pressões do governo com relação à condução da taxa de juros e conseguiu manter um diálogo com críticos e apoiadores das medidas adotadas, Campos Neto tem em seu legado alguns pontos que merecem destaque.

Separamos cinco frentes que resumem a atual gestão do Banco Central:

1. Modernização tecnológica: estímulo à inovação tecnológica no setor financeiro, incentivando o desenvolvimento de fintechs e soluções digitais. Promoção da implementação de medidas que facilitam o acesso a serviços financeiros por meio de dispositivos móveis e promovem maior eficiência operacional. Exemplos: o sistema de pagamentos instantâneos PIX e a moeda digital brasileira Drex.

2. Estabilidade monetária: manutenção de uma política monetária focada na estabilidade de preços e no rigoroso controle da inflação, adotando medidas que visam à manutenção de uma política monetária consistente e transparente, garantindo a confiança dos agentes econômicos.

3. Reforma bancária: foco em melhorar o ambiente regulatório e promover a concorrência saudável entre os bancos. Incentivo à entrada de novos players no mercado financeiro e modernização do sistema de pagamentos brasileiro, visando maior eficiência e segurança para os serviços.

4. Relações internacionais: ampliação do diálogo com outros bancos centrais e organizações internacionais, fortalecendo a posição do Banco Central do Brasil e proporcionando troca de conhecimentos e melhores práticas.

5. Transparência e comunicação: empenho para garantir uma maior transparência nas ações e decisões do BC, como a maior divulgação de informações econômicas e financeiras relevantes para os agentes do mercado e para o público em geral, o que contribui para uma melhor compreensão das políticas adotadas.

Troca no Banco Central e os possíveis impactos

A atual gestão de Roberto Campos Neto termina em dezembro de 2024. O processo de escolha do substituto ocorre com a indicação do presidente da República e aprovação do Senado Federal, com a subsequente posse para uma gestão de 4 anos, de acordo com o estabelecido na Lei de Autonomia do BC, sancionada em fevereiro de 2021.

No momento, não é possível saber com exatidão os caminhos que serão adotados no próximo mandato, assim como os impactos de prováveis mudanças para os bancos, as fintechs e o mercado financeiro.

Aliás, é importante lembrar que o tema atinge a vida de todos os brasileiros, mesmo aqueles que não investem diretamente no mercado financeiro. Afinal, a atuação do BC causa implicações profundas em aspectos econômicos e sociais da vida cotidiana. Entre os reflexos no cotidiano da população podemos citar:

Inflação e taxas de juros: as políticas monetárias do Banco Central, que influenciam a inflação e as taxas de juros, têm um efeito direto no custo de vida e no poder de compra. Por exemplo: taxas de juros mais altas elevam o custo de empréstimos para compra de casas e carros, enquanto taxas mais baixas estimulam mais gastos e investimentos.

Investimentos e poupança: o mercado financeiro oferece oportunidades de investimento para as pessoas, influenciando assim a forma como elas economizam e investem seu dinheiro. A performance do mercado pode afetar o valor de investimentos como ações, fundos de investimento e previdência privada. Isso tem impacto direto sobre o caixa das empresas e, consequentemente, no pagamento de salários, fornecedores e outras obrigações.

Emprego e salários: o mercado financeiro impacta a economia como um todo, influenciando o crescimento econômico. Isso afeta diretamente o mercado de trabalho, podendo levar à criação ou à extinção de postos de trabalho, assim como influencia os níveis salariais.

Preços de bens e serviços: as condições do mercado financeiro influenciam os preços de bens e serviços. Por exemplo, se o custo de empréstimos para empresas aumenta, isso pode levar ao aumento de preços para o consumidor. Há quem ainda discurse que o preço da gasolina não impacta a vida da maioria da população, pois não tem carro. Este, porém, é um ledo engano. Afinal, tudo que é produzido, vendido e consumido depende de transporte. Ou seja, está interligado com o preço do combustível.

Confiança do consumidor: a saúde do mercado financeiro muitas vezes afeta a confiança dos consumidores e empresas. Se o mercado está indo bem, as pessoas e empresas tendem a gastar e investir mais, o que estimula a economia, gerando empregos e oportunidades.

Câmbio e comércio internacional: o mercado financeiro afeta as taxas de câmbio, o que impacta o custo de bens importados e exportados. Isso pode mudar o preço que os consumidores pagam por produtos estrangeiros e a competitividade das exportações nacionais.

Segurança financeira na aposentadoria: o desempenho dos mercados financeiros interfere também nos fundos de pensão e outras formas de poupança para a aposentadoria, afetando a segurança financeira das pessoas na terceira idade.

Estabilidade econômica e crises financeiras: o mercado financeiro tem um papel crucial na estabilidade econômica global. Crises financeiras geralmente levam a recessões, que afetam o emprego, a renda e a qualidade de vida das pessoas.

Estes são alguns exemplos de como as ações e posturas adotadas pelo Banco Central afetam a vida dos brasileiros. Entretanto, mesmo as mudanças mais sensíveis, claro, refletem-se primeiramente nos bancos e nas empresas.

Então, como essa primeira camada impactada deve se preparar? Certamente, o caminho é adotar uma tecnologia resiliente para conseguir se adaptar rapidamente a qualquer situação, cercando-se de pessoas e contando com o suporte quanto à regulamentação do BC e os próximos passos que serão trilhados pela autarquia.

Gostou do conteúdo? Então acesse o site da Evlos para mais informações sobre
tecnologia e mercado financeiro.