Indicador é construído com valores de transações reais e tem categoria inédita que avalia a desvalorização dos carros elétricos e híbridos.
O Brasil tem 63,3 milhões de automóveis leves em circulação, quase o dobro da frota registrada há 15 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pode-se dizer que o interesse dos brasileiros pelo mercado automobilístico cresceu desde então, já que boa parte da população possui um carro ou planeja ter o seu meio próprio de locomoção. De acordo com os dados oficiais da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as vendas de veículos novos cresceram 15% no ano passado, chegando a 2,6 milhões de veículos leves e pesados, e tendem a novo crescimento em 2025. No primeiro semestre, as vendas já alcançaram 1,4 milhão de unidades. A rede dos brasileiros envolvidos diretamente com o tema inclui um grande número de profissionais que atuam na comercialização de veículos, na manutenção ou em outros negócios relacionados ao setor. A Anfavea estima que a cadeia automotiva gere 10 empregos indiretos para cada vaga direta na indústria, que hoje emprega 109 mil trabalhadores.
Para ajudar na avaliação do preço dos automóveis, o banco BV, uma das maiores instituições financeiras do País e líder no financiamento de veículos leves usados há 12 anos, acaba de lançar o IBV Auto, índice mensal que permite acompanhar os preços dos automóveis leves usados. Criado em parceria com a 4intelligence, o índice é construído com base no preço real das negociações realizadas em todo o Brasil, o que garante veracidade e consistência nas informações. "É um indicador que traz informação inédita ao consumidor final e ao lojista para suas decisões. O IBV Auto já nasce importante, o segmento de financiamento de veículos é um dos mais relevantes para a economia brasileira, com participação em torno de 30% no crédito as pessoas físicas com recursos livres", diz Jamil Ganan, diretor de Negócios de Varejo do banco BV.
Como um dos maiores especialistas em crédito para a compra de automóveis do País, o BV tem uma robusta base histórica que inclui informações sobre cada modelo vendido no mercado secundário, como local da venda, ano de fabricação, motorização e valor de transação de cada veículo. Com a análise e estruturação destes dados, aliada ao uso de inteligência artificial (IA), o IBV Auto traz dados sobre o setor automotivo desde 2019, com séries históricas consistentes e que permitem avaliar o comportamento dos preços dos automóveis usados ao longo dos meses e anos no Brasil e em cada estado brasileiro. A análise estadual dos patamares e da variação dos preços de transação dos automóveis é inédita.
Em agosto, o índice de preços de automóveis usados teve alta de 0,92% sobre o mês anterior, tendo a região Sudeste puxado a valorização. No acumulado em 12 meses até agosto, o indicador subiu 6,0% do preço dos automóveis usados. "A alta do IBV Auto em agosto, de 0,92%, ante 0,80% em julho, representa uma aceleração da inflação do carro usado para além da inflação 'cheia' medida pelo IPCA. A alta reflete o momento ainda aquecido da atividade econômica, principalmente da renda das famílias, que impulsiona a demanda por veículos. A manutenção da Selic em patamar elevado é um fator que tende a arrefecer a alta dos preços de usados no médio prazo, assim como os impactos da redução do IPI em veículos novos", disse Roberto Padovani, economista-chefe do banco BV.
A inflação de veículos usados na região Sudeste foi de 1,2% em agosto e, na região Norte, de 1,1% nesse mesmo mês. Rio de Janeiro (1,25%), Bahia (1,21%), Minas Gerais (1,10%) e Amazonas (1,02%) apresentaram as maiores taxas mensais e, no acumulado em 12 meses, o estado do Rio de Janeiro se destaca com elevação de 7,1%. Entre os modelos que mais impulsionaram o índice estão Volkswagen Gol, GM Celta e Ford Fiesta. Em contrapartida, modelos como GM Tracker, Fiat Palio e Volkswagen Voyage estiveram entre os que apresentaram maior queda nos preços.
Elétricos e híbridos
O IBV Auto inclui uma análise pioneira sobre a desvalorização dos veículos elétricos e híbridos em relação aos carros a combustão. "São números extremamente relevantes, uma vez que não há dados anteriores sobre a variação dos preços efetivamente transacionados dessas modalidades de veículos, cujas vendas têm se expandido no País", afirma Ganan.
Por causa da frota menor em circulação dos automóveis elétricos e híbridos, a análise foi separada por ano. Quando se leva em conta os veículos fabricados em 2022, por exemplo, os elétricos registraram desvalorização de 46% até agosto de 2025, ante 19% dos híbridos e 15% de modelos comparáveis movidos apenas a combustão. De acordo com Ganan, a diferença expressiva entre esses números se explica, em parte, pela queda de preços dos elétricos lançados no mercado desde então.
Metodologia e critérios
O IBV Auto utiliza dados reais de transações financiadas pelo banco BV, incorporando critérios rigorosos de amostragem, ajustes por depreciação e agrupamento técnico de modelos, permitindo acompanhar mensalmente a dinâmica dos preços por estado ou tipo de propulsão - combustão, híbrido ou elétrico. A ponderação é realizada com base no valor total das negociações (volume x preço): quanto maior o preço e mais comercializado for um determinado modelo e ano, maior será o peso do veículo na cesta que compõe o indicador.
O índice utiliza o ano de 2019 como base histórica inicial, fixando o indicador nacional em 100, para permitir comparações ao longo do tempo até o mês mais recente. Nos índices regionais, a base é ajustada de acordo com a diferença média de preços em relação ao mercado nacional naquele ano. Isso garante que a série reflita com precisão a evolução dos preços e as diferenças regionais, oferecendo uma leitura mais apurada do mercado de usados.