O único conjunto montanhoso do País passa por 172 municípios e reúne um dos maiores patrimônios naturais e culturais das Américas.
Com 1.200 km de extensão, a Cordilheira do Espinhaço é a única do País e uma das maiores da América Latina. Esse conjunto montanhoso atravessa 172 cidades mineiras e vai até a Chapada Diamantina, na Bahia. Por sua extensão, destacam-se paisagens que vão de cânions a campos rupestres repletos de flora endêmica, centenas de cachoeiras - 394 catalogadas - e cidades históricas que preservam o legado do Ciclo do Ouro e dos Diamantes.
Essa cadeia de montanhas se destaca ainda por abrigar os três principais biomas brasileiros: Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga. E é também o berço do barroco mineiro. Em 2005, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) reconheceu a cordilheira como Reserva da Biosfera, título que completa 20 anos em 2025.
A chancela se deu por diversos fatores, como sua importância hidrológica e geomorfológica; sua diversidade biológica elevada, pois abriga uma das maiores formações de campos rupestres do Brasil; a integração de biomas e conservação ambiental, e também por reunir 11 unidades de conservação; bem como por seu contexto sócio-histórico e cultural - é o marco inicial da Estrada Real, com forte tradição na cultura do Estado, presença de comunidades tradicionais, como quilombolas e indígenas Pataxó, patrimônio colonial e relevos que formam um mosaico cultural e natural único.
A faixa de montanhas reúne também quatro Patrimônios Culturais da Humanidade: as cidades de Ouro Preto e Diamantina, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha e de Congonhas (Santuário do Bom Jesus de Matosinhos), e ainda tem o Queijo Minas Artesanal, reconhecido pela Unesco, em 2024, como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Cordilheira reúne os três biomas brasileiros
Natureza, biodiversidade e cultura são características da Cordilheira do Espinhaço. O território detém 15% da biodiversidade do País e cerca de 23% das espécies da fauna e flora que vivem na região são endêmicas. Um exemplo disso é a rolinha-do-planalto, espécie de ave que vive na região de Botumirim e é considerada uma das aves mais raras do mundo. A região abriga ainda 11 unidades de conservação, que reforçam a proteção da paisagem e da vida silvestre.
O reconhecimento pela Unesco, em 2005, como Reserva da Biosfera reforça sua relevância ambiental e cultural e garante maior proteção a ecossistemas únicos, como os campos rupestres, amplia a visibilidade internacional da região e estimula projetos de pesquisa e conservação. O título promove ainda o desenvolvimento sustentável da cordilheira, conciliando preservação da biodiversidade com atividades como ecoturismo e agricultura de baixo impacto, beneficiando comunidades locais e valorizando o patrimônio histórico-cultural.
"A Reserva da Biosfera representa um verdadeiro laboratório de sustentabilidade, onde o turismo consciente desempenha papel central", explica o professor Miguel Ângelo Andrade, coordenador do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera.