Debate realizado no Estadão detalha os projetos sociais e ambientais que a Hydro promove na região amazônica.
Às vésperas da COP-30, que será realizada em Belém, o debate sobre a bioeconomia e o papel da colaboração entre os setores público e privado no desenvolvimento sustentável da Amazônia ganha novo fôlego. Em uma região onde vivem mais de 20 milhões de pessoas, iniciativas que unem empresas, governos e comunidades locais têm mostrado resultados concretos - como a redução de violência, a geração de renda e a preservação ambiental.
Durante o Meet Point Estadão Think, o CEO da Norsk Hydro Brasil, Anderson Baranov, destacou como a atuação conjunta pode transformar territórios inteiros. A empresa norueguesa, que opera no Pará, tem investido em projetos sociais e ambientais na região, como por exemplo a parceria com o programa Territórios da Paz (TerPaz), do governo do Pará, que oferece mais de 70 serviços gratuitos à população - de atendimento médico a cursos de empreendedorismo.
"A Hydro tem muito orgulho de participar desses projetos. O Pará é uma referência com o TerPaz, ou Usina da Paz, que une o público e o privado. Fomos convidados a entrar no projeto e investimos 100% de capital privado na construção de três usinas em Belém. Agora estamos expandindo para Barcarena, Tomé-Açu e Paragominas", afirmou. Além delas, já foi inaugurada uma quarta unidade no município de Moju.
Segundo Baranov, o impacto vai além da infraestrutura. "Quando você começa esses projetos em bairros vulneráveis, a violência diminui. É um trabalho que transforma comunidades. Sempre digo que tem que ser bom para todo mundo - para a empresa, para as pessoas e para o meio ambiente."
Fundo Hydro
A Hydro também mantém o Fundo Hydro, que já apoiou mais de 50 iniciativas que beneficiaram 100 mil pessoas direta e indiretamente no Pará. Um dos exemplos é o Projeto Tipitix, que incentiva a agricultura familiar e apoia produtores locais, como a empreendedora Carmen Regina Ribeiro Gonçalves, fundadora da Bem Jambu.
Em Barcarena, Carmen viu na planta-símbolo da culinária paraense uma oportunidade de negócios e desenvolvimento social. "Quando comecei, poucos agricultores plantavam jambu. Hoje, graças ao apoio do projeto, temos várias famílias cultivando, vendendo e crescendo junto. A Bem Jambu dá suporte na plantação, na venda e na logística", contou.
O sucesso foi rápido: criada em 2023, a marca já fornece para supermercados e restaurantes em Belém e expande para outros Estados, como São Paulo e Santa Catarina. "Pensei na praticidade e na qualidade da culinária paraense. Agora estamos precisando de mais produção, porque os pedidos aumentaram muito - principalmente com a aproximação do Círio de Nazaré", explicou Carmen.
Além do jambu, outros produtos típicos - como tucupi, maniçoba e tapioca - são processados dentro do mesmo ecossistema de agricultura familiar. A empreendedora ressalta que o cultivo sustentável é essencial para manter a floresta em pé. "Não precisa derrubar árvores nem devastar. A gente aproveita o espaço, cultiva a terra e gera renda. É possível crescer e preservar ao mesmo tempo."
Baranov reforça que essa lógica é o futuro da Amazônia. “Projetos sociais são a melhor forma de desenvolver uma região. Você gera renda, educa e conecta as pessoas à preservação. Onde há indústria responsável, há proteção ambiental. A mineração, quando feita com responsabilidade, traz benefícios sociais e ambientais”, afirmou.
Investimento
Ele cita avanços em tecnologia e descarbonização. Desde 2022, a Hydro vem substituindo sua matriz energética por fontes mais limpas e investindo em soluções como energia solar, eólica e sistemas de reaproveitamento de rejeitos. "Participamos de R$ 12,6 bilhões em investimentos. Sempre digo: quero ver quem descarbonizou mais do que nós para a COP", brincou.
A expectativa é de que a COP-30 acelere ainda mais esse movimento. "A COP já é um sucesso para os paraenses em termos de legado. Belém mudou completamente - saneamento, infraestrutura, escolas, hospitais. Mas o pós-COP será ainda mais importante. Temos que ter orgulho de ser brasileiros e amazônidas nesse momento", afirmou Baranov.
Carmen compartilha do otimismo. "A COP já está impactando a nossa produção. Temos mais pedidos, o mercado está aquecido e Belém está ficando linda. As obras e os projetos sociais estão transformando o Pará", disse. Para ambos, o desenvolvimento sustentável da Amazônia depende de um ponto em comum: a valorização das pessoas. "Construir é difícil, destruir é fácil. Mas é na construção que está o verdadeiro legado", resumiu Baranov.