Releases 10/12/2025 - 12:25

Como a prevenção de doenças crônicas pode ajudar a descarbonizar o sistema de saúde


Durante painel na COP-30, especialistas discutiram o impacto das doenças crônicas no clima e os caminhos para um SUS mais resiliente e sustentável.

As mudanças climáticas já afetam, hoje, a saúde de milhões de pessoas em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 25% de todas as mortes globais estão relacionadas a condições ambientais¹. Enquanto isso, o sistema de saúde brasileiro, já sobrecarregado, enfrenta uma dupla pressão: lidar com os impactos da crise climática e atender à crescente demanda por cuidados²³45.. Atualmente, o país vive um aumento exponencial das doenças crônicas não transmissíveis. Câncer, diabetes, doenças cardiovasculares, respiratórias e doença renal crônica já representam três quartos das mortes no Brasil6.

De forma paradoxal, o próprio setor de saúde contribui para essa crise climática, com 5% das emissões globais de gases de efeito estufa e 4,4% das emissões brasileiras7. Quase metade das emissões está ligada às jornadas dos pacientes - incluindo deslocamentos, hospitalizações e opções terapêuticas8. Como forma de reduzir o impacto ambiental, investir em prevenção e cuidado precoce pode gerar benefícios duplos: melhora a saúde da população e reduz as emissões associadas ao setor ?.

Tratamento e impacto ambiental

Um exemplo disso é o tratamento do diabetes tipo 2, uma condição crônica que afeta a forma como o corpo processa o açúcar (glicose) no sangue. Desde o início de 2025, o Farmácia Popular, programa do governo para distribuição 100% gratuita de uma lista de remédios e insumos, disponibilizou um novo tipo de medicamento inovador para o tratamento dessa doença para pacientes elegíveis acima de 65 anos e sob prescrição médica: o inibidor de SGLT2¹°, classe de medicamentos para diabetes que ajuda o corpo a eliminar o excesso de açúcar pela urina, reduzindo a glicose no sangue e podendo também atuar na proteção do coração e dos rins¹¹. Esse medicamento tem indicado benefícios clínicos significativos, como o atraso na progressão para doença renal crônica em até 15 anos, diminuindo a necessidade de diálise¹² - tratamento essencial para funcionamento dos rins - mas altamente intensivo e que demanda grande volume de água, energia elétrica e insumos hospitalares, com alta emissão de dióxido de carbono (CO2)¹³.

Para entender a pegada de carbono desses pacientes com diabetes e complicações cardiorrenais no Sistema Único de Saúde (SUS), a AstraZeneca, em parceria com a IQVIA, apresentou dados preliminares do estudo ECOSUS no painel Saúde e Clima: Como o Programa Farmácia Popular Pode Contribuir Para a Descarbonização do SUS, na Zona Verde da COP-30, realizada em Belém (PA). No estudo, 155 pacientes com diabetes tipo 2 associada a complicações cardiorrenais foram considerados, mostrando que, aproximadamente, 128 toneladas de carbono foram emitidas ao longo de três anos, o que equivale à necessidade de compensar 24 hectares de floresta tropical.

A partir dessa constatação, o foco do estudo foi entender como o Programa Farmácia Popular pode também ser considerado uma ferramenta para mitigar emissões de CO2. Um paciente que necessita de diálise pode emitir até 135 vezes mais CO2 do que um paciente que ainda não precisou desse tipo de recurso. Com isso, é possível concluir que a inclusão dos inibidores SGLT2 no Farmácia Popular, pode contribuir com a redução do impacto ambiental ao prevenir complicações cardiorrenais graves que exigem cuidados intensivos e têm alto impacto ambiental.

“A crise climática também é uma crise de saúde. As evidências que apresentamos na COP30 mostram os benefícios que podem ter em agir precocemente em doenças crônicas e demonstram como colaboração e ciência podem contribuir para políticas públicas, como o Plano de Ação em Saúde de Belém, acelerando a transição para sistemas de saúde mais equitativos, resilientes e sustentáveis”, afirmou o presidente da AstraZeneca Brasil, Olavo Corrêa.

Programas específicos

De acordo com o diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Marco Aurélio Pereira, “o Farmácia Popular é um dos programas de facilitação de acesso a medicamentos mais importantes atualmente. Temos outras ações desenvolvidas em parcerias estaduais e municipais. Doenças crônicas contam com programas específicos também. E agora avançamos para atender às necessidades climáticas de saúde, com o benefício da gratuidade, do desconto, do amparo financeiro”.

Para o médico Moura Neto, presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia, o cidadão pode contribuir com o meio ambiente tomando precauções com sua saúde no dia a dia e fazendo exames regulares para diagnóstico precoce. “Quanto antes detectarmos qualquer alteração na saúde dos rins, melhor para o paciente, no seu bem-estar, melhor para os custos do sistema de saúde, e também melhor para o meio ambiente porque pode evitar tratamentos intensivos de alta emissão de carbono”.

Parcerias para avançar no diagnóstico precoce

A AstraZeneca foi a única representante da indústria farmacêutica a ter um painel na agenda oficial da COP-30 e um dos destaques foi a importância de estabelecer parcerias público privada para garantir investimento em prevenção e detecção precoce de doenças crônicas e contribuir com o meio ambiente. Além do exemplo de diabetes tipo 2, Olavo Corrêa ressaltou o caso do câncer de pulmão. No Brasil, a doença é a mais letal entre os cânceres¹5 e por conta da falta de políticas públicas voltadas à detecção precoce¹6, 85% dos casos da doença são diagnosticados em estágios avançados, trazendo mais custos para o sistema de saúde.

“Se quisermos mudar a vida da população brasileira, um dos pilares fundamentais é investir em diagnóstico precoce e promover cada vez mais colaboração público-privada. Assim, contribuímos para um sistema de saúde mais resiliente e sustentável”, reforça Olavo.

Descarbonização além da saúde

Ao lado da transformação dos modelos de cuidado, a AstraZeneca também tem investido em projetos de restauração florestal e proteção da biodiversidade, alinhados à sua estratégia global de sustentabilidade. No Brasil, a companhia contribui com o projeto Corredores de Vida, em parceria com o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), voltado à restauração da Mata Atlântica, no Pontal do Paranapanema (SP).

“Acreditamos em parcerias de longo prazo que unam ciência, tecnologia e compromisso social. Estamos investindo mais de 350 milhões de reais para restaurar a Mata Atlântica, com a meta de plantar 12 milhões de árvores até 2026 e garantir a manutenção dessa área por 30 anos. Além disso, há o impacto social na região do Pontal de Paranapanema, porque estamos gerando mais de 400 empregos, melhorando a qualidade de vida das famílias e promovendo um desenvolvimento sustentável que vai além do plantio”, explica Olavo Corrêa.

Material destinado à imprensa especializada. BR-47022. Aprovado em dezembro/2025.

Referências:

1 - Nações Unidas no Brasil. OMS lista seis motivos para um meio ambiente saudável ser um direito humano. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/126818-oms-lista-seis-motivos-para-um-meio-ambiente-saud%C3%A1vel-ser-um-direito-humano. Acesso em novembro de 2025.

2 - ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Climate change and health. Genebra: OMS, 2023. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/climate-change-and-health. Acesso em: 26 nov. 2025.

3 - ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (OPAS). Mudança climática e saúde na América Latina e Caribe. Washington, D.C.: OPAS, 2022. Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/mudanca-climatica-e-saude. Acesso em: 26 nov. 2025.

4 - BRASIL. Ministério da Saúde. Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT no Brasil 2021-2030. Brasília: Ministério da Saúde, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/saude. Acesso em: 26 nov. 2025.

5 - LANCET COUNTDOWN. Lancet Countdown on Health and Climate Change: 2023 Report. Londres: The Lancet, 2023. Disponível em: https://www.lancetcountdown.org. Acesso em: 26 nov. 2025.OPAS. Folha Informativa. Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/doencas-cardiovasculares. Acesso em novembro de 2025.

6 - AGÊNCIA FIOCRUZ DE NOTÍCIAS. Mortalidade prematura por doenças crônicas caiu no Brasil. Disponível em: https://agencia.fiocruz.br/mortalidade-prematura-por-doencas-cronicas-caiu-no-brasil#:~:text=As%20doen%C3%A7as%20cr%C3%B4nicas%20n%C3%A3o%20transmiss%C3%ADveis%20(DCNT%20(,a%20principal%20causa%20de%20mortes%20no%20Brasil.. Acesso em dezembro de 2025.

7 - CLIMAINFO. 4,4% das emissões globais vêm do setor de saúde. Disponível em: https://climainfo.org.br/2019/11/13/44-das-emissoes-globais-vem-do-setor-de-saude/. Acesso em novembro de 2025.

8 - ANAHP. O IMPACTO DAS EMERGÊNCIAS CLIMÁTICAS NA SAÚDE. Disponível em: https://www.anahp.com.br/wp-content/uploads/2024/10/ESG-nos-hospitais-Anahp_2024.pdf. Acesso em novembro de 2025.

9 - SSD. Roteiro Global para Descarbonização do Setor Saúde. Disponível em: Roteiro Global para Descarbonização do Setor Saúde. Acesso em dezembro.

10 - GOV. Todos os medicamentos do Farmácia Popular serão gratuitos a toda a população. Disponível em: https://www.gov.br/secom/pt-br/assuntos/noticias/2025/02/todos-os-medicamentos-do-farmacia-popular-serao-gratuitos-a-toda-a-populacao. Acesso em dezembro de 2025.

11 - Hummel CS, Lu C, Loo DD, Hirayama BA, Voss AA, Wright EM. Glucose transport by human renal Na+/D-glucose cotransporters SGLT1 and SGLT2. Am J Physiol Cell Physiol. 2011 Jan;300(1):C14-21. Acesso em dezembro de 2025.

12 - Meraz-Muñoz AY, Weinstein J, Wald R. eGFR Decline after SGLT2 Inhibitor Initiation: The Tortoise and the Hare Reimagined. Kidney360. 2021 Mar 26;2(6):1042-1047. Acesso em dezembro de 2025.

13 - PORTAL GLOBAL ESG. Pegada de carbono gerada pela Doença Renal Crônica pode se igualar à de 1,5 milhão de carros em 2032. Disponível em: https://globalesg.com.br/noticia/880/pegada-de-carbono-gerada-pela-doenca-renal-cronica-pode-se-igualar-a-de-1-5-milhao-de-carros-em-2032. Acesso em dezembro de 2025.

14 - SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA ONCOLÓGICA. Tabagismo leva a 8 entre 10 casos de câncer de pulmão, o mais letal no mundo. Disponível em: https://sbco.org.br/atualizacoes-cientificas/tabagismo-leva-a-8-entre-10-casos-de-cancer-de-pulmao-o-mais-letal-no-mundo/. Acesso em dezembro de 2025.

15 - CÂMARA DOS DEPUTADOS. Especialistas alertam que melhoria no SUS pode reduzir mortes causadas por câncer de pulmão. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/1190783-especialistas-alertam-que-melhoria-no-sus-pode-reduzir-mortes-causadas-por-cancer-de-pulmao-assista/. Acesso em dezembro de 2025.

16 - SBPT. PL 2550/24: Câncer de Pulmão em pauta no Congresso Nacional. Disponível em: https://sbpt.org.br/portal/pl-2550-24-cancer-de-pulmao-em-pauta-no-congresso-nacional/. Acesso de dezembro de 2025.