Rio de Janeiro, RJ--(
DINO - 30 ago, 2018) - Do início do período até aqui, aproximadamente duas semanas, recebi apenas três panfletos de candidatos nas ruas. Em outras épocas esse número seria minimamente 10 vezes maior. Também não vejo a mesma quantidade de bandeiras do passado, que outrora também movimentava as cidades e, até, a economia local, haja vista que, na maioria das vezes, os empinadores de bandeira estavam ali recebendo diárias.
Pode-se dizer que o momento atual é de desgaste, o que é real. Ainda assim a maior parte da população ainda gostaria de encontrar alguém em que valha a pena depositar sua confiança e seu voto. Também é possível argumentar que o dinheiro está mais difícil, também verdade, embora parcial, porque apesar das dificuldades impostas ao financiamento, há o fundo partidário e a vontade de parte da população em participar ativamente do movimento político, que poderia ser incentivada a associar-se por meio de doações voluntárias. A questão é que para isso, é preciso que exista confiança e envolvimento com o candidato ou com alguma causa que ele represente.
Acreditei que veria, mesmo não sendo a melhor prática, as redes sociais se transformarem em grandes espaços panfletários, mas nem isso vem acontecendo. Talvez os candidatos estejam esperando o período mais próximo à votação, o que considero um equívoco ainda maior, pois dificilmente conseguirá fazer a necessária conexão com o eleitor. A pouca comunicação patrocinada que tenho observado também não demostra técnica ou estratégia, simplesmente a distribuição de quantias de dinheiro para um público, geralmente, escolhido de maneira aleatória. As reuniões domésticas são o que mais tenho observado nas publicações online. Um dos artifícios mais antigos das campanhas, os encontros, tem sua eficácia, claro, mas também não são aproveitados estrategicamente na maioria das situações. A conversa geralmente não tem continuidade e aquele possível eleitor comumente não faz o vínculo necessário que o leve a escolher o candidato no momento da urna.
Tudo isso poderia ser diferente com o entendimento do benefício que os novos canais oferecem. Hoje é possível se comunicar em massa, pelos canais tradicionais e quase que individualmente, através da segmentação nas vias eletrônicas. A grande questão é que ainda tenhamos mais usuários curiosos do que profissionais que conheçam com maior profundidade o ambiente do marketing eleitoral e possam oferecer caminhos de comunicação estratégica aos candidatos. Apesar do desgaste da política, a eleição atual trará menos mudanças do que o esperado pelo povo, por ainda utilizar-se de muitos artifícios antigos, mais caros e menos eficazes à renovação do que seria possível com a utilização do conhecimento tático da comunicação.
Pablo Rossken (
pablo.rossken@gmail.com) é publicitário, jornalista e profissional de marketing, oferecendo consultoria estratégica para eleições e mandatos desde 2004.
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