São Paulo - SP--(
DINO - 04 out, 2021) -
Para grande parte das mães, o nascimento de um filho é marcado por sentimentos positivos. Em um cenário de crise sanitária, porém, transtornos como a depressão pós-parto - condição de tristeza, desespero e falta de esperança que pode ocorrer logo após o parto - tendem a ser potencializados, conforme revela pesquisa do College London, da Inglaterra.
Segundo o estudo, publicado na revista científica 'Frontiers in Psychology', o número de mães com bebês de até seis meses de vida que sofrem de depressão pós-parto dobrou na Europa durante o primeiro semestre de 2020 em referência ao período pré-pandemia, saltando de 23% para 47,5%.
O trabalho, que ocorreu de forma remota, contou com a resposta de 162 mães. Além da aplicação de um questionário, os pesquisadores pediram para que as participantes fizessem uma lista com até 25 nomes com quem acreditavam que poderiam contar no pós-parto e como esse cuidado aconteceria no contexto de quarentena e isolamento social.
Como resultado, os pesquisadores descobriram que as entrevistadas que vivenciavam a primeira experiência de maternidade demonstraram o dobro de chances de desenvolver depressão pós-parto. As mães que contaram com mais apoio, por sua vez, manifestaram menos sintomas depressivos.
Lara Janaína Theodoro, do blog Bebeteca - portal especializado em maternidade, que reúne dicas de produtos, comportamento e educação -, destaca que a crise sanitária trouxe à tona um momento delicado para grávidas e puérperas, especialmente para mães de primeira viagem.
“Até então, grande parte das gestantes podiam contar com uma rede de apoio, que incluía avós, tias, amigas, colegas e vizinhas. Do início da pandemia para cá, porém, tudo se transformou”, observa.
Consumo de informação sobre maternidade exige cuidado
Segundo a especialista em conteúdo sobre maternidade, em decorrência do isolamento social, mulheres que antes poderiam contar com a ajuda de pessoas de sua confiança passaram a consumir cada vez mais informação pela internet. O problema, em sua visão, é que nem todo o material disponível na web é de confiança.
“Em um contexto de crise sanitária, é necessário redobrar a atenção com o conteúdo o qual se consome, pois fake news e materiais sem fonte de credibilidade podem levar a um estado de ansiedade que, por sua vez, pode potencializar um quadro de depressão pós-parto”, avalia.
Theodoro salienta que, de acordo com profissionais da área, a depressão pode ocorrer por diversos fatores, como estilo de vida, histórico de transtornos mentais e fatores físicos e emocionais.
Uma a cada quatro mulheres sofrem de depressão pós-parto no Brasil
De acordo com o Ministério da Saúde, o diagnóstico de depressão pós-parto é “basicamente clínico, feito com observação nos sintomas e situações específicas” - o tratamento, por sua vez, deve ocorrer “de forma individual, conforme cada caso, com medicamentos antidepressivos combinados com psicoterapia”.
A depressão pós-parto, de acordo com dados do American Psychiatric Association, acomete entre 10% e 20% das mães em todo o mundo, tendo início, muitas vezes, ainda na gestação - estima-se que 50% dos casos se desenvolvem no início da gravidez. No Brasil, um estudo da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) aponta que uma em cada quatro mulheres desenvolve o quadro em algum momento da vida.
A especialista enfatiza que é preciso prestar atenção aos sintomas, que podem incluir insônia, perda ou excesso de apetite, angústia, pensamento de morte ou suicídio e falta de conexão com o bebê, entre outros.
“É necessário ter cuidado com os pensamentos, situações, gatilhos mentais e, sobretudo, com o reflexo do cotidiano à sua volta e como isso interfere, buscando maneiras de criar um ambiente mais saudável e acolhedor após a gestação. Além disso, na web, busque apenas por informações com fontes de confiança e, caso perceba algum sintoma de depressão pós-parto, não hesite em buscar auxílio”, conclui.
Para mais informações, basta acessar:
https://bebeteca.com.br/Website:
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