Hydro acelera na descarbonização e no desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Com a COP-30 se aproximando — o evento será realizado em Belém, a partir de 10 de novembro —, o Brasil se prepara para ocupar o centro das discussões globais sobre o clima. Pela primeira vez, uma Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas será realizada em um Estado amazônico, o que amplia a expectativa de que o debate vá além das promessas e avance em soluções concretas. Para o setor privado, especialmente para empresas com operações na região, a conferência é mais do que um palco de discursos: é uma vitrine para mostrar resultados e reforçar compromissos reais com a sustentabilidade.
"A COP será uma oportunidade única para o Pará, para o Brasil e para o mundo verem de perto o que está sendo feito em termos de preservação, inovação e responsabilidade ambiental", afirma Anderson Baranov, CEO da Norsk Hydro Brasil, empresa norueguesa com mais de 120 anos de história, com presença em toda a cadeia de valor do alumínio no País. "É a primeira COP com floresta, e o Pará tem tudo para ser referência em sustentabilidade e meio ambiente", completa.
A Hydro atua no Pará desde 2011, com operações de bauxita e alumínio. Em Barcarena, a empresa mantém a Alunorte — a maior refinaria de alumina do mundo em uma única planta. A unidade emprega cerca de 8 mil pessoas, sendo 80% paraenses, entre diretos e indiretos.
Desde 2022, a Hydro participou de investimentos da ordem de R$ 12,6 bilhões em projetos de descarbonização e geração de energia limpa. A empresa substituiu o óleo combustível usado na refinaria Alunorte por gás natural, instalou caldeiras elétricas (boilers) e implementou usinas solares e eólicas para abastecer suas próprias operações. "Chegou a hora de transformar conhecimento e relatórios em ação. Nós já trocamos a matriz energética e começamos a inaugurar plantas de energia renovável que compõem o fornecimento das nossas operações", explica Baranov.
Além disso, a companhia aposta em uma inovação típica da Amazônia: o uso do caroço de açaí como biomassa. "Estamos transformando um resíduo em energia limpa. É um problema ambiental que vira solução sustentável", diz o executivo. O projeto, desenvolvido em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA), já está em fase de testes e promete substituir o carvão no futuro.
Para Baranov, o debate sobre sustentabilidade deve ser seguido de ações concretas para tornar uma questão de sobrevivência empresarial. "A conta fecha, sim. Sustentabilidade é obrigação para quem quer continuar existindo. Quem não tiver essa preocupação não sobrevive no futuro", afirma. Segundo ele, investir em projetos sociais e ambientais não é custo adicional, mas parte de uma estratégia de longo prazo. "Além de investir em publicidade, investimos em projetos sociais. O retorno vem naturalmente, em reputação, orgulho e competitividade", resume.
Desenvolvimento social
A Hydro também se destaca por iniciativas voltadas ao desenvolvimento humano e social. Entre os projetos mencionados pelo CEO, estão o Fundo Hydro, que já beneficiou mais de 100 mil pessoas direta e indiretamente por meio de programas de agricultura familiar, capacitação e bioeconomia, e a parceria com o programa Territórios da Paz (TerPaz), do governo do Pará, que oferece mais de 70 serviços gratuitos à população — de atendimento médico a cursos de empreendedorismo. Como parte dessa parceria, a empresa foi responsável pela construção de quatro unidades do TerPaz, sendo três em Belém e uma em Moju. "É gratificante ver a transformação acontecendo de perto. O projeto social só faz sentido se melhorar a vida das pessoas ao redor da nossa operação", afirma.
A mineração
A mineração na Amazônia, um tema sempre cercado de controvérsias, também é tratada com franqueza pelo executivo. "A sociedade não vive sem mineração. Está no avião que usamos, no celular, na embalagem do remédio. O problema não é minerar, é como minerar. A mineração legal protege e refloresta. A ilegal destrói", afirma.
Entre as inovações mais recentes, está o Tailings Dry Backfill, tecnologia desenvolvida pela Mineração Paragominas que elimina o uso de barragens de rejeitos. "Extraímos a bauxita, devolvemos o solo original e reflorestamos a área. Com essa tecnologia, 800 hectares que antes seriam destinados para armazenamento permanente de rejeitos já estão disponíveis para ações de reabilitação e reflorestamento. Desde que teve início o programa de reflorestamento da Mineração Paragominas, em 2009, já foram reabilitados 3.467 hectares", detalha.
O executivo acredita que o legado da COP-30 será duplo: de infraestrutura e de reputação. "Belém já ganhou com as obras e os investimentos. Mas o mais importante será consolidar a Amazônia como um fórum permanente de diálogo e resultados. Temos de parar de fazer relatórios e começar a entregar", defende.
Baranov reforça que a Hydro opera com padrões internacionais de governança e ética, influenciados pela cultura norueguesa. "A Noruega é o maior contribuinte do Fundo Amazônia e tem uma tradição de respeito ao meio ambiente. Isso faz parte dos nossos valores. Trabalhamos com transparência, ética e busca por ser referência mundial em descarbonização e comportamento responsável", afirma.
Com uma matriz energética cada vez mais limpa, investimentos em tecnologia e programas sociais sólidos, a Hydro se coloca como exemplo de que é possível unir competitividade, responsabilidade e compromisso ambiental. "Sustentabilidade não é custo. É o único caminho para o futuro", conclui o executivo.
Energia do açaí e o novo ciclo da bioeconomia
O açaí, símbolo da cultura paraense, ganha uma nova função nas mãos da Hydro: a de combustível renovável. O projeto, ainda em fase-piloto, transforma o caroço — resíduo que representa até 85% da fruta — em biomassa energética, reduzindo o impacto ambiental e criando uma nova cadeia de valor para a região.
"Estamos investindo em tecnologia local, com cientistas brasileiros e a UFPA. A ideia é usar o caroço do açaí para gerar energia e substituir fontes mais poluentes", explica Anderson Baranov. Além de resolver um problema logístico — o descarte inadequado do caroço —, a iniciativa pode tornar-se um marco na bioeconomia regional. "É o mesmo conceito do bagaço da cana no Sudeste: transformar o resíduo em energia limpa", compara o executivo.
O plano é expandir o uso de biomassa nos próximos anos e integrar o modelo às operações industriais da Hydro em Barcarena. "O futuro da Amazônia passa por soluções que unam economia, inovação e floresta em pé. E o caroço do açaí é um símbolo disso", diz Baranov.