Releases 27/11/2015 - 18:11

Muitas empresas começam atrasar impostos. É hora de virar o jogo para evitar o agravamento da crise


São Paulo--(DINO - 27 nov, 2015) - Muitas empresas começam a não pagar impostos para poder honrar os salários neste final de ano. Mais um sinal de que a crise prolongada irá, em breve, destruir muitas companhias fragilizadas. E um alerta de que chegou a hora de virar o jogo, recomenda o economista Luis Alberto de Paiva, presidente da Corporate Consulting, consultoria líder na área de reestruturação empresarial. Uma gestão perdulária ou hesitante em tomar medidas tempestivas, ainda que duras, observa o economista, sempre cobra um preço elevado. No âmbito empresarial, a queda de lucratividade, maior endividamento e, no limite, o dilema de partir para a lei de recuperação judicial ou direto para a falência.

"Não existe mais tempo a perder. Tanto o Brasil como suas empresas precisam dar uma virada em seus resultados, processo também conhecido por "turnaround", ou reverter prejuízos, endividamento, recuperar dinamismo econômico e voltar a crescer de forma sustentável", acrescenta Paiva.

Os sintomas de que passou da hora de agir aparecem normalmente na área financeira, no fluxo de caixa, a empresa tem mais pagamentos que receita de forma recorrente. Tal situação gera passivos, juros em cascata e novas dívidas, num ciclo vicioso que aumenta cada vez mais a bola de neve do endividamento.Num segundo momento começa a parar a operação,vende e não entrega, compra insumos e não paga, perde crédito, não tem dinheiro nem para a folha de pagamento. Começa a atrasar impostos ... esse é o começo do fim do negócio, explica o economista.

A boa notícia é que nunca é tarde para reagir. "Temos acompanhado diversos casos de empresas que evitaram a quebra, retomaram os pagamentos aos seus credores e passaram a gerar novos negócios após adotar projeto de turnaround ou mesmo ter acionado o mecanismo da recuperação judicial. Após a reestruturação, tem hoje uma vida empresarial mais saudável, introduziram controles gerenciais, sistemas de preços dinâmicos para evitar prejuízos, e aumentaram o faturamento com maior disciplina financeira e corte de custos. Outras conseguiram vender parte ou o total dos ativos, o que seria inviável pela existência de dívidas de curto prazo e ações de cobrança. A lição é bastante clara: é possível usar as ferramentas disponíveis para ter uma gestão mais eficaz e não apenas para abater dívidas com os credores sem um plano de negócios sustentável", enfatiza o presidente da Corporate Consulting.

O primeiro passo é evitar medidas desesperadas que somente irão agravar a saúde financeira. "Verificamos atualmente que muitos empresários começam a vender bens até pessoais com preços aviltados, cortar funcionários, produtos menos rentáveis, mas tudo sem um plano de negócios de médio e longo prazo, o que pode ser fatal", assinala o economista.

Uma terapia de ajuste deve começar pela cabeça do controlador. Reestruturar um negócio costuma contrariar tudo o que o fundador da empresa acredita. O empreendedor sempre reluta em reduzir de tamanho, vender ativos, descontinuar e reposicionar produtos pouco rentáveis, adotar nova estratégia de negócio, encolher a folha de pagamentos."É sempre uma decisão extremamente difícil, porque envolve muita emoção, pessoas, é sua vida toda ali. Por mais que aceite os motivos e as razões para mudar tudo o que não dá mais certo, requer uma resignação e entendimento que só vem com o tempo e com os resultados positivos. Em alguns casos não há alternativa a não ser o afastamento dos acionistas do comando diário das operações, seja para um conselho de administração ou em favor de uma gestão interina e compartilhada", explica Paiva.

"Quando se faz uma varredura da situação financeira verificamos sérios problemas devido à falta de modelos de precificação e de sistemas gerenciais que geram decisões erradas e comprometem a saúde financeira da companhia. Sem uma gestão profissional, a empresa acaba perdendo sua competitividade no mercado. E a crise aumenta. O que temos visto nas empresas que necessitam passar por turnaround é equipes bem despreparadas, tendenciosas ou até mesmo lesivas aos interesses da companhia", detecta o presidente da Corporate Consulting.

Mesmo uma consultoria especializada funciona apenas como uma ferramenta para a empresa reencontrar seu caminho no mercado. Uma gestão externa também não substitui a interna. A empresa pode usar assessoria externa na busca de seus objetivos, entre eles montar estratégias, formar equipes internas para uma gestão eficaz, ajustar o sistema de informações gerenciais. O trabalho da consultoria é provisório, temporário.

"Portanto, são muitas as opções sem cair no desespero. O que não pode é cavar um buraco sem fim que não permita voltar mais, ou chegar ao precipício e cair", destaca Paiva.