Cuiabá, MT--(
DINO - 25 jul, 2018) - Como mentora, as pessoas me indagam sobre qual seria o momento ideal para mudar a estratégia profissional, sobre qual seria o time para sair de uma situação a priori considerada cômoda, para arriscar-se em novos horizontes?
Em quase vinte anos que ingressei no mercado de trabalho, sempre me guiei por um feelling natural, sem pensar estrategicamente, apesar de ser bastante cautelosa em minhas decisões, que entretanto, foram tomadas no tempo em que me sentia motivada e ao mesmo tempo, encorajada a mudar o trajeto a seguir. Creio que por vezes, a reflexão demasiada paralisa.
Pensando no tema em questão, percebo que as mudanças que me ocorreram foram motivadas por um conjunto de fatores, então resumi alguns.
1) Insatisfação latente ou insistente: certamente acredito que a insatisfação seja uma das maiores molas propulsoras da humanidade. A insatisfação criou a roda, já pararam para pensar nisso?
Todavia, pensar que insatisfação é fator que justifica a reclamação é uma bobagem sem precedentes. Quando insatisfeitos, comumente podemos nos tornar pessoas que somente se queixam e reclamam de tudo e todos. Vítimas permanentes das circunstâncias. A insatisfação limitada a reclamação, é perda de tempo, de energia, de oportunidade, de felicidade e de evolução. A insatisfação que entretanto, desperta o senso crítico e a criatividade, essa sim é a insatisfação que move, e que todo mundo deve ter dentro de si em alguma dose.
2) Crença em minha própria capacidade de realização: a insegurança sobre sua própria capacidade é uma sabotagem comum entre as pessoas, sobretudo as mulheres, e muitas vezes é reflexo do olhar pousado sobre o outro, do que sobre um real e eficiente processo de autoconhecimento, ou de autovalorização.
Devemos ter cautela ao admirarmos o outro. Quando os feitos de alguém, ou suas qualidades, servem de estímulo para que possamos concluir por meio de dados reais que é possível alcançarmos determinados objetivos, simplesmente pela convicção de que todo o ser humano é criado com a mesma matéria e munido, quase sempre, das mesmas competências físicas e mentais, é muito válida a inspiração. Mais ainda quando as pessoas a quais nós consideramos exemplares, os são justamente, por serem prova de superação de obstáculos em algum nível da vida.
Se entretanto, usarmos as pessoas como índice comparativo, ou como meros objetos de desejo no tocante ao "querer ter" o que aquela pessoa aparenta ter ou ser, estamos fadados à frustração, tristeza e revolta, e a questionarmos nossa capacidade de realização de forma vazia e idiota.
Saber que somos constituídos da mesma massa cinzenta, é um bom passo para sabermos que podemos nos tornar algo próximo do que o Einsten foi, se esse é nosso objetivo de vida, assim como também podemos nos tornar um atleta, um intelectual de ponta, um gestor competente, um orador de excelência e por aí vai.
3) Necessidade que suplanta o medo: se tem algo poderoso que pode eliminar qualquer medo, é a tal da necessidade. Ah, essa sim. Já ouviram falar daquele velho ditado que diz que "quando a água bate na ?" as pessoas rapidinho encontram um meio de resolver algo? A urgência pela necessidade é um antídoto poderosíssimo de movimentação do ser.
Se não há necessidade, ou se a consciência de que a solução virá sempre de um terceiro, a ajuda ou apoio financeiro, a tendência natural do ser humano é dar menos de 10% de sua capacidade na concretização do seu objetivo.
4) Ambição acerca de uma projeção de futuro muito sedimentada: Eu sempre fui ambiciosa. Sim, e digo isso sem receio algum de julgamento. Se não houver ambição, não há motivação.
Os ignorantes constantemente confundem ambição com ganância. Contudo, esta última diz respeito à ânsia incontrolável por dinheiro, custe o que custar para alcançar um objetivo econômico. A ambição na verdade, é motivação a algo que o ser humano considerar importante ao seu senso de realização, e pode estar ligada a fatores materiais ou não.
Se você almeja ser uma referência em sua área profissional, isso é uma ambição. Assim, como quando você deseja construir um projeto social, ou mesmo participar de um, também é uma ambição. Mas como tudo na vida, deve ser equilibrado. A ambição deve existir em você tanto quanto outros sentimentos ou características importantes, mas jamais ser maior do que o senso ético.
5) Autonomia: aguardar que outras pessoas decidam fazer por você aquilo que sabe perfeitamente como fazer, isso é inaceitável. Se quer algo, sabe o caminho, faça você mesmo!
6) Percepção de que o status quo não mais acrescenta ou entusiasma: tédio, falta de desafios, obstáculos impostos por outras pessoas que impedem seu crescimento. Tudo isso são fatores que minam não só a autoestima como também a vontade de fazer, a vontade de melhorar de evoluir. Se esses fatores estão presentes em sua vida há algum tempo, reveja sua situação com urgência.
7) Dizer não: muitas pessoas vão querer barrar seus passos por conveniência própria. Aprenda a dizer não. Mas aprenda a dizer não com inteligência. Não crie inimizades por isso.
8) Não pensar no que deixou para trás: escolheu mudar? Então o passado só te servirá de experiência. Esqueça! Ficar matutando se sua decisão foi boa ou ruim, e se aquela promoção que não saiu em anos de espera poderia ter finalmente acontecido se você tivesse aguentado mais uns seis meses, não vai mudar nada, e só te trará incertezas e conjecturas inúteis.
9) Certificar-se de que suas fontes de apoios são seguras e confiáveis: amigos e parceiros leais são essenciais no seu caminho.
10) Decidir fazer e faça: algo a dizer aqui? Acho que não.
Dra: Lisiane Schmidel é advogada, pós-graduada em Direito Empresarial e do Trabalho, membro do Instituto Brasileiro de Práticas Colaborativas, sócia da Schmidel e Associados, mentora feminina e influenciadora de conteúdo digital. Instagram: @lisianeschmidel
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