A presidente Dilma Rousseff discursou nesta terça-feira (23) em Nova York durante a Cúpula do Clima, um evento convocado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon para gerar uma atmosfera política favorável ao novo acordo climático global que deverá ser discutido até a Conferência do Clima de Paris (COP 21), em dezembro de 2015. A uma plateia de líderes políticos e empresariais, a presidente disse que o novo acordo climático "precisa ser universal, ambicioso e legalmente vinculante, respeitando princípios e os dispositivos da convenção".
A expectativa é que os compromissos do futuro acordo incluam metas de redução de gases de efeito estufa proporcionais à responsabilidade histórica dos países e sua capacidade de cumpri-las, tendo como referência o limite dos 2°C de aumento na temperatura. O novo acordo deve entrar em vigor após 2020.
"Trata-se de um processo de grande relevância para garantir que direitos básicos como alimento, água e energia sejam assegurados a toda a população", afirmou a CEO do WWF-Brasil, Maria Cecilia Wey de Brito.
Em seu discurso, Dilma Rousseff destacou que entre as medidas adotadas pelo Brasil para diminuir as emissões de gases de efeito estufa está o combate ao desmatamento, "não só na Amazônia, mas também no Cerrado". A presidente anunciou que o corte raso no Brasil caiu 79% na última década e ressaltou que entre 2010 e 2013, o país deixou de lançar a cada ano em média 650 milhões de toneladas de dióxido de carbono.
O WWF-Brasil reconhece os avanços no controle do desmatamento, mas diferente do que disse a presidente, o Brasil ainda não possui um sistema de monitoramento do desmatamento no Cerrado tão robusto quanto na Amazônia. Outros biomas como a Caatinga e o Pantanal também esperam por sistemas de controle do desmatamento e da degradação.
Outras fontes - De acordo com a CEO da organização, o desmatamento não é mais o principal vilão das emissões de gases de efeito estufa no Brasil. Na última década, os setores de energia e agropecuária aumentaram significativamente sua participação nas emissões nacionais. Em 2012, os dois setores foram responsáveis por cerca de 60% das emissões brasileiras.
Além disso, o governo brasileiro vem aumentando a participação de termelétricas em sua matriz nacional o fomento ao uso do transporte individual e reduzindo os investimentos em alternativas renováveis nos últimos três anos. O consumo de combustíveis fósseis demonstra que o Brasil ainda precisa resolver internamente esses gargalos com vistas a manter sua histórica liderança nas negociações internacionais sobre o clima.
Para o WWF-Brasil, o País precisa urgentemente reafirmar seu protagonismo nas negociações internacionais sobre o clima. Internamente, deve retomar os principais compromissos e iniciativas capazes de conduzir a nação ao desenvolvimento de baixo carbono. Entre eles, a redução do desmatamento na perspectiva do desmatamento líquido zero, os incentivos para aumentar a participação de energias renováveis alternativas na matriz energética nacional, as propostas para o transporte com baixas emissões e o aumento de investimentos em agricultura de baixo carbono.
O País também precisa acelerar seu Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas com objetivos e metas claras de implementação e que envolva a União, estados e municípios em ações de adaptação aos efeitos do aquecimento global.