São Paulo, SP--(
DINO - 26 abr, 2016) - Muitas mulheres buscam nos procedimentos estéticos maneiras para ficarem mais bonitas, buscando o corpo ideal. Porém, também é possível aproveitar o momento para pensar na saúde. Isto porque o tecido adiposo é rico em células-tronco mesenquimais, que apresentam capacidade de multiplicação em laboratório e podem ser transformadas em outras células e tecidos, o que lhes confere um enorme potencial para o tratamento de diversas doenças.
Um grupo formado por três cientistas da USP (Universidade de São Paulo), orientados pela geneticista Mayana Zatz, foi o primeiro a isolar células-tronco humanas da gordura no Brasil. Segundo uma das responsáveis pela pesquisa, Natássia Vieira, o tecido adiposo constitui uma excelente fonte para coleta e armazenamento de células-tronco mesenquimais em indivíduos adultos, submetidos à lipoaspiração ou outros procedimentos cirúrgicos.
"Estas células se mostraram mais versáteis, portanto mais capazes de serem transformadas em diversas outras células e tecidos, e também se revelaram capazes de serem armazenadas, preservadas e, posteriormente, expandidas, o que aumenta a possibilidade de aplicações terapêuticas futuras", disse um dos responsáveis pela pesquisa, Eder Zucconi.
No cordão umbilical, as células-tronco são as mais jovens e, portanto foram menos sujeitas a alterações causadas por fatores ambientais, tóxicos e infecciosos.
"Para os indivíduos adultos que perderam a chance de armazenar as células-tronco do cordão umbilical, a recomendação é armazenar as células-tronco da gordura o quanto antes, pois os estudos mostram que quanto mais jovens maior o seu potencial de proliferação e diferenciação em outros tecidos", explica Zucconi.
O procedimento de coleta é simples e não causa nenhum desconforto ao paciente. Normalmente é usado gordura que seria descartada durante a cirurgia, seja estética ou não. Após a coleta, a amostra é enviada ao laboratório onde as células são isoladas, armazenadas e caracterizadas.
"Quando armazenadas, as células mantem as mesmas características da época que foram congeladas, ou seja, o processo de envelhecimento é estagnado", acrescenta Mariane Secco.
A expectativa da comunidade científica mundial é de que futuros tratamentos com o uso de células-tronco não vão demorar a acontecer. Diversos Centros de Pesquisa em todo o mundo estão investigando possíveis aplicações para o tratamento de inúmeras doenças, tais como diabetes, lesões ósseas, infarto do miocárdio, artrite, lúpus, entre outras. Só nos Estados Unidos, existem mais de 300 estudos registrados no FDA (Food and Drug Administration) - órgão do governo responsável pelo controle dos alimentos, medicamentos, cosméticos, entre outros - e uma boa parte já se encontra na fase 3, a última, e já envolvendo pacientes em condições controladas.
Diante de tantas aplicações, é fácil imaginar que, em um futuro muito próximo, as células-tronco mesenquimais serão utilizadas rotineiramente por todas aquelas pessoas que tiveram a oportunidade de armazená-las.
"O uso de células-tronco no tratamento de doenças ainda está no início, mas os primeiros resultados das pesquisas começam a aparecer, especialmente envolvendo doenças cardíacas, ósseas, lesões de cartilagem e doenças autoimune. Também é grande a expectativa de uso na área de transplantes de órgãos, reduzindo a fila de espera por um doador compatível e o uso de medicamentos contra rejeição", explica a geneticista Mayana Zatz.
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