Rio de Janeiro - RJ--(
DINO - 09 mai, 2018) -
A administradora Elisângela Araújo, de 45 anos, nunca foi magra. Desde criança lutava contra a balança, e com o passar do tempo, foi se conscientizando sobre o mal que a obesidade causaria à sua saúde. Perdeu o pai cedo, vítima de complicações de diabetes, e chegou a pesar 119 Kg. Foi quando decidiu fazer a cirurgia bariátrica, que a deixou com 65 Kg. “Eu tinha 41 anos e nenhuma expectativa de ter qualidade de vida”, afirma.
Ana Claro Castro, de 31 anos, também administradora, após várias tentativas frustradas de dietas, foi outra que só conseguiu emagrecer com a intervenção cirúrgica. De 120 Kg, ela foi para 70 Kg, e logo sentiu a necessidade de mudar o estilo de vida. Parou de fumar e passou a se exercitar seis dias por semana.
Para quem vê de fora, ambas as perdas de peso já seriam ‘a volta por cima’, certo? Nem tanto. “Eu ainda não me sentia aceita pela sociedade”, diz Ana Clara. Ela se refere ao processo pelo qual passam os ex-obesos quando precisam se enxergar numa nova realidade, mas ainda convivem com uma lembrança física do sobrepeso de uma vida inteira: a flacidez. “Eu não era mais obesa, mas permanecia com questões sociais que tinha quando era. Por exemplo, continuava com dificuldade de saber que roupa usaria, só que desta vez, para esconder o excesso de pele. Para me aceitar de maneira diferente, a plástica foi um pilar fundamental”, diz.
Segundo Marcelo Moreira, cirurgião plástico, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS), o excesso de pele dos seios é uma das coisas que mais incomodam essas pacientes. “A mama é feita de tecido adiposo e mamário. Com o emagrecimento rápido, quase toda gordura é consumida, restando basicamente pele. Por isso, na maioria dos casos, é preciso realizar a mastopexia, na qual o excesso cutâneo é removido e a prótese de silicone é colocada”, explica o médico.
Outra questão comum, nestes casos, é a cintura. “Sempre fui roliça”, diz Elisângela, que realizou uma abdominoplastia três anos após a sua bariátrica. De acordo com o médico, em casos de perda de peso de mais de 50 kg, em geral, fica indicada a cirurgia de abdômen em âncora, que leva em consideração a retirada da pele medial e inferior, e marca a cintura.
Já Ana Claro chorou de felicidade mesmo quando viu suas novas pernas, após se submeter a um lifting de coxa com lipoenxertia. “Naquele momento, realizei que era outra pessoa”, diz.
Embora as duas continuem com projetos de novas intervenções reparadoras, elas asseguram que falta de autoestima não é mais problema. “Agora são só detalhes”, acha graça Elisângela.
Apesar da euforia, o médico ressalta que o paciente pós-bariátrico deve ser visto com atenção, pois quanto maior é a perda de peso, há mais pele para tirar, e maiores são as cicatrizes. Além disso, muitos têm anemia e deficiências de vitaminas, itens que influenciam na cicatrização. “É importante saber que um novo formato corporal não irá aparecer da noite para o dia, mas que é possível melhorar bastante a harmonia física se forem utilizadas as técnicas certas, respeitando os intervalos necessários entre elas”, conclui.
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