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DINO - 17 jun, 2016) - A vacina contra a dengue está mais perto de ser uma realidade. Os testes começaram no mês de fevereiro e devem envolver aproximadamente 17 mil pessoas no Brasil a partir de junho. É o que reporta o médico especialista
Sergio Cortes, com base em relatos do Jornal "A Tribuna".
Quem possui a exclusividade na produção da vacina contra a dengue no Brasil é o Butantan. Em parceria com o National Institutes of Health, dos Estados Unidos, o instituto produz a vacina com vírus vivos, mas atenuados geneticamente. Com isso, os vírus ficam enfraquecidos e deixam de ter potencial para provocar doenças.
O objetivo da última etapa na pesquisa é verificar e comprovar a eficácia da vacina. Entre os voluntários brasileiros, 2/3 deles receberão a vacina de fato, enquanto o restante receberá placebo, uma substância que possui as mesmas características da vacina, mas sem os vírus, o que a deixa sem efeitos.
Nem o voluntário nem a
equipe médica responsável saberá se a aplicação foi da vacina ou do placebo, a fim de dar mais confiabilidade aos testes, lembra o médico Sergio Cortes. A partir disso serão coletados exames dos voluntários para verificar se quem recebeu a vacina realmente ficou imune tempos depois da aplicação e índices das doenças em quem recebeu placebo.
Os testes começam na cidade de
São Paulo. Em seguida devem ser realizados em Manaus (AM), Aracaju (SE) e São José do Rio Preto (SP). Mais adiante eles chegarão também em Recife (PE), Fortaleza (CE), Porto Velho (RO), Boa Vista (RR), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Belo Horizonte (MG), e Porto Alegre (RS).
A estimativa do Instituto Butantan é que os participantes recebam as vacinas em até um ano. Os resultados ainda podem variar de acordo com a circulação do vírus, nota Sergio Cortes, mas a previsão é que o instituto tenha a vacina pronta para registro até 2018.
Na fase de testes nos
Estados Unidos - realizados em um grupo pequeno e controlado entre fevereiro e março - a vacina contra a dengue obteve 100% de proteção nos 21 voluntários. No mesmo estudo, quem recebeu placebo contraiu, de fato, uma linhagem de vírus da dengue tipo 2, encontrada no Pacífico e que tende a provocar sintomas mais leves.
Ainda nos testes realizados em solo norte-americano os cientistas verificaram que a vacina tetravalente produzida era capaz de estimular a produção de um número relevante de anticorpos para os subtipos 1, 3 e 4. Mais tarde foi obtida também a proteção contra o subtipo número 2. Ainda restam, no entanto, os testes de grande escala, que só serão possíveis no Brasil, reporta o especialista Sergio Cortes. Mesmo assim os
cientistas responsáveis se mostraram confiantes em relação à vacina.
Ainda há a intenção, por parte dos cientistas, de conseguir produzir uma vacina "pentavalente", que seja também eficaz contra o vírus da Zika. Por ora, o principal desafio será realizar testes com cobaias humanas sem produzir um risco demasiado para os voluntários.
Dessa forma, para Sergio Cortes, é possível entender os próximos meses como decisivos para os estudos relacionados ao combate à dengue no Brasil.