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DINO - 08 dez, 2015) - A maior organização ambiental do mundo, The Nature Conservancy (TNC), lança a Coalizão Cidades pela Água. A iniciativa vai elevar o nível de segurança hídrica de mais de 60 milhões de brasileiros, em 12 regiões metropolitanas com a atuação integrada de empresas. Para o diretor executivo do Programa Brasil da TNC, Antonio Werneck, o lançamento da Coalizão Cidades pela Água marca uma nova fase na relação das empresas com o uso da água. "Investir em segurança hídrica funciona como uma apólice de seguro, já que em um contexto de escassez, não adianta trabalhar somente com ações intramuros. A ação ampla e integrada à sociedade é que vai trazer para as companhias a segurança de que elas poderão continuar produzindo e de que seus fornecedores e clientes não serão afetados", afirma.
O objetivo é ajudar empresas e governos a incorporar a preservação de rios e nascentes como uma ferramenta essencial de gestão sustentável da água. O esforço comum parte dos princípios de que a disponibilidade de água é um elemento insubstituível para a operação das companhias. Aquelas interessadas na sustentabilidade de seus próprios negócios podem contribuir para a ampliação da segurança hídrica no país. "O investimento em infraestrutura verde ainda é visto como uma ação pontual e secundária, mas deveria ser uma solução de segurança hídrica estruturante. Ele é capaz de tornar as metrópoles mais resilientes, reduzindo os impactos negativos dos extremos climáticos, cada vez mais frequentes e intensos", afirma Samuel Barrêto, gerente de recursos hídricos da TNC no Brasil.
As cidades beneficiadas são Curitiba (PR), Santos (SP), Maceió (AL), Salvador (BA), São Paulo/Campinas (SP), Recife (PE), João Pessoa (PB), Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES), Belo Horizonte (MG) e Goiânia (GO). Já fazem parte da Coalizão Ambev, Coca-Cola, Femsa, Fundación Femsa e Klabin. Também apoiam a iniciativa Kimberly-Clark, Faber-Castell, Arcos Dourados/McDonald"s, Unilever e Bank of America Merrill Lynch.
As empresas participantes contribuirão, durante os próximos cinco anos, com ações de gestão sustentável da água em suas cadeias de produção e com aportes para projetos de restauração florestal em áreas chave para a saúde dos mananciais. Já no lançamento, a Coalizão conta com o aporte de 18 milhões de reais, o equivalente a 15% da expectativa total de arrecadação de 120 milhões de reais nos primeiros cinco anos. Esse valor ajudará a levantar outros recursos, públicos e privados, como os da compensação ambiental. A soma dos investimentos deve chegar a 1 bilhão de reais no fim do período.
Com o apoio da iniciativa privada, a TNC poderá expandir ações que já trazem resultados comprovados, como a recuperação de florestas que preservam os rios que abastecem os sistemas Cantareira e Alto Tietê, em São Paulo, e Guandu, no Rio de Janeiro. A organização também terá condições de levar iniciativas similares para novas capitais em diversas regiões do país.
A decisão de investir em infraestrutura verde está baseada em estudos científicos que demonstram que a recuperação de florestas, rios e solos em áreas estratégicas aumenta o fluxo hídrico e a qualidade de água disponível para o uso da população, das empresas e dos produtores rurais. Em São Paulo, por exemplo, a restauração de menos de 3% das áreas desmatadas nas bacias que abastecem os sistemas do Cantareira e do Alto Tietê, caso feita nas áreas estratégicas apontadas pelo mapeamento da TNC, seria suficiente para reduzir em até 50% a erosão de nascentes e riachos que abastecem os moradores da região metropolitana.
Outro estudo, publicado pela TNC em outubro de 2014, o "Urban Water Blueprint, desenvolvido em parceria com o C40 (Cities Climate Leadership Group) e a International Water Association, apontou que muitas das 100 maiores metrópoles do mundo teriam retorno econômico positivo se investissem na preservação de nascentes e mananciais.
Já a escolha das cidades atendidas pela Coalizão está baseada no estudo "Infraestrutura Verde: uma oportunidade para garantir a segurança hídrica das principais cidades da América Latina", elaborado pela TNC e pelo Science for Nature and People (SNAP), um grupo de pesquisa formado por cientistas de ONGs de conservação. O levantamento listou as 25 cidades da América Latina que terão maior retorno sobre o investimento em restauração florestal de áreas estratégicas para o abastecimento de água. Dessas, 12 são brasileiras ? justamente as que estão englobadas na Coalizão Cidades pela Água e que vão se beneficiar da nova iniciativa.
O diretor regional da TNC para a América Latina, Aurelio Ramos, afirma que a Aliança Latino-Americana pelos Fundos de Água, uma iniciativa para desenvolver um conjunto de soluções para a segurança hídrica em algumas das maiores cidades do continente, como Lima, Santiago, Medellin e Monterrey, entre outras, se fortalece com a Coalizão que impulsionará a melhoria das políticas de gestão da água, no Brasil e nos países vizinhos. "Muitas cidades na América Latina já desenvolvem projetos de conservação de bacias hidrográficas, mas esses investimentos terão que entrar, cada vez mais, no cardápio das principais ações que uma cidade pode tomar para garantir sua água", sustenta.