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DINO - 11 ago, 2015) - Na última quinta-feira (30/07) os pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) publicaram os resultados da técnica de estímulos elétricos testada em paraplégicos, financiada pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH). A novidade foi noticiada pelo médio especialista no assunto Sergio Cortes.
A técnica não invasiva consistia em estímulos elétricos na medula espinhal e fez com que os paraplégicos conseguissem movimentar voluntariamente as suas pernas, de forma coordenada. A
técnica foi testada em quatro voluntários que tinham entre 19 e 56 anos, paralisados por mais de dois anos e que haviam sofrido lesões na coluna vertebral. Eles fizeram dezoito sessões semanais de 45 minutos que combinavam fisioterapia e estímulos elétricos e também receberam doses diárias de buspirona durante quatro semanas. O medicamento imita o efeito da serotonina e através de testes em camundongos revelou ser eficaz para estimular os movimentos comandados pela medula espinhal.
Depois deste tratamento, os pacientes conseguiam movimentar as pernas de forma voluntária e coordenada, enquanto recebiam os estímulos elétricos através de eletrodos colados na pele em locais específicos da coluna vertebral.
Sergio Cortes destaca a declaração feita pelo pesquisador líder da pesquisa, Reggie Edgerton, que disse que "o fato de eles terem recuperado o controle voluntário tão rapidamente deve significar que eles tinham conexões neurais que estavam dormentes, que nós reativamos".
Segundo
Sergio Cortes, o grupo de pesquisadores não é o primeiro a testar estes estímulos elétricos que reestabelecem a comunicação entre os membros e o cérebro. No ano anterior, outro grupo de pesquisadores obteve este feito, porém, eles sugeriam a necessidade de uma cirurgia para implantar os eletrodos.
Também no ano passado um adolescente paraplégico, envolto de um equipamento robótico que ajudava em sua locomoção, deu o chute inicial na cerimônia de abertura da Copa do Mundo no Brasil. A diferença entre as técnicas é a funcionalidade que é diferente nos dois casos, afirma Sergio Cortes. Enquanto a técnica com impulsos elétricos atua internamente enviando informações ao cérebro, a veste robótica é efetiva apenas na reprodução do movimento externo e não age enviando mensagens ao cérebro.
Essa técnica também é testada no Brasil por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mas a diferença é que os eletrodos são fixados nas pernas e as correntes elétricas atingem as raízes lombo-sacrais, ajudando a ativar os músculos dos membros inferiores, que começam a se movimentar de forma automática por meio do reflexo. Neste caso, os pesquisadores afirmam que com o tempo o treino repetitivo refaz a ligação entre o cérebro e o músculo, permitindo o movimento voluntário.
Os pesquisadores da
UCLA afirmam que ainda não sabem se os voluntários que participaram do experimento conseguirão voltar a andar sozinhos, mas o avanço já é significativo, afirma Sergio Cortes.
Estes estudos são, sem dúvida, os primeiros passos que comprovam a incrível capacidade do ser humano e servem para plantar sementes de esperança nas pessoas que sofrem de lesão modular, pois ela "pode não significar mais uma sentença de paralisia para o resto da vida", afirma o Dr. Roderic Pettigrew, diretor do Instituto Nacional de Imagem Biomédica e Bioengenharia no NIH.