Curitiba, PR--(
DINO - 31 out, 2018) -
Em meio àquela que possivelmente é a maior crise da história do Brasil, em que estima-se haver mais de 13 milhões de desempregados, não é incomum encontrarmos profissionais graduados, especialistas e até doutores, buscando novas fontes de renda e novos rumos para a carreira. Histórias de engenheiros, advogados e professores que tornaram-se motoristas de Uber, por exemplo, são cada vez mais frequentes.
Mas mesmo entre aqueles que não sentiram o peso da crise em suas profissões, encontramos cada vez mais profissionais seguindo atividades e carreiras alternativas.
Dentre os motivos que podem ser os causadores dessa "migração", estão o estresse, as múltiplas oportunidades que os meios digitais trazem, inovações que podem tornar uma profissão obsoleta ou mais difícil, ou ainda o simples desejo de aprender algo novo ou de fazer algo diferente.
Nos EUA os médicos estão deixando de exercer a profissão cada vez mais cedo. Uma pesquisa recente realizada na Sanford Medicine mostrou que a maioria deles (59%) acha que o sistema de prontuário eletrônico (SPH) deveria passar por uma reforma profunda, e 40% disse ver mais desafios com o SPH do que benefício. A adoção do SPH é vista como um dos motivos para o abandono cada vez mais precoce da carreira.
De passatempo a atividade paralela
Há aqueles que se dedicam a outras áreas fora da sua profissão apenas por lazer ou passatempo. Maikel Ramthun, médico especialista em clínica médica, nefrologia e medicina intensiva, além das várias atividades dentro da área médica que incluem visitas hospitalares, coordenação de unidade de terapia intensiva, consultório, supervisão de programa de residência médica e criação de conteúdos para aplicativo de educação médica, aventurou-se em outras áreas há alguns anos.
Iniciou aprendendo fotografia por conta própria, para fazer registros das filhas. Suas fotos o levaram a ficar conhecido nas redes sociais, e lhe renderam até prêmios. Depois das fotos vieram dois livros, que segundo ele foram escritos também sem nenhuma pretensão maior. Ambos foram sucesso de vendas. Atualmente com um novo projeto, ele conta os motivos que o levaram a investir seu tempo em outras atividades: "A medicina continua sendo meu foco principal de trabalho e estudo, mas gosto de aprender coisas novas todos os dias. Se não estou aprendendo algo novo ou produzindo, entro em parafuso", afirma o médico que agora além de relançar o livro "o médico que fingia ser fotógrafo" (a primeira edição esgotou-se nas primeiras semanas após o lançamento), criou um site
(Manual do Maikel)onde pretende ensinar as pessoas a viverem melhor, com dicas sobre a vida baseadas em suas experiências: "Acho que a diversificação é importante em todas as áreas. Mesmo que seja apenas para aliviar o estresse. Sempre lembro da Kodak que era a maior empresa de fotografia do mundo e foi à falência. Precisamos inovar, aprender, criar. Não consigo ficar parado no tempo. Fazer novas descobertas e poder alcançar mais pessoas, tornou-se minha nova busca diária".
O médico ainda cita o exemplo de colegas que empreenderam criando aplicativos médicos e de outros que criaram sites e deixaram de exercer a medicina para dedicar-se exclusivamente à nova profissão: "Meu objetivo não é deixar a medicina. Essa é minha essência. Porém, descobri através da internet e das redes sociais que posso ajudar as pessoas de outra forma, e que posso impactar a vida de muito mais gente do que se estivesse fechado em meu consultório".
Ao ser perguntado de onde tira tempo para se destacar na medicina e ainda responder a cada um dos seguidores em seu Instagram (
@maikelmd), o médico brinca: "Me segue lá e acompanha o manual do Maikel que eu te ensino tudo isso".
Website:
https://manualdomaikel.com