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DINO - 16 set, 2015) - Até o século XIII, a infância era pouco valorizada e essa fase da vida não recebia uma atenção especial por parte da sociedade.
Roupas de bebê eram do mesmo tipo de vestimenta e não havia diferenciação entre meninos e meninas. Assim que a criança deixava a fase dos cueiros, que eram faixas de tecido enrolada ao corpo, sem muitos detalhes, ela passava a usar roupas como os outros homens e mulheres adultos de sua família.
Em torno do século XVI, é comum encontrar representações de crianças em pinturas da época em que meninos menores usavam trajes hoje concebidos como roupas de meninas, como saias, vestidos e aventais.
Já as meninas, logo após a primeira infância, passavam a usar roupas de adultas, pois a ideia da separação entre crianças e adultos ainda não era uma realidade no caso das mulheres. Na época Vitoriana, meninas também costumavam usar crinolinas e espartilhos, especialmente as das classes mais altas.
Infância preservada
Já no século XVIII, crianças de famílias mais ricas da nobreza ou burguesia possuíam roupas específicas para suas idades, diferentes das vestimentas do mundo adulto. Mas ainda eram trajes pesados, com muitas camadas. Com a difusão das ideias do Romantismo, que previa que as crianças deveriam ser vistas como embriões dos adultos, um ser naturalmente puro e ingênuo, que a infância se separou do mundo adulto, protegido de todos os males e educado.
A essa nova sensibilidade acompanhou-se a democratização do ensino e a popularização das escolas e internatos, tanto públicos quanto privados, que provocaram uma espécie de "prolongamento" da infância.
Assim, só seria considerado adulto o jovem que finalizasse seus estudos primários, e, assim, uniformes escolares e roupas de brincar e de passeio passaram a ganhar um toque mais infantil, como as calças curtas, no caso dos meninos. Esse movimento também tem relação com o avanço das ciências sociais, da pedagogia e da educação como campo do saber, que considerava a infância uma etapa importante e característica da fase da vida de todo indivíduo, e, por isso, deveria ser preservada e valorizada. Era o momento de aprendizado e de formação do cidadão para ocupar seu lugar na estrutura social e no mundo do trabalho.
Primórdios da moda infantil
Esses primeiros uniformes infantis masculinos eram inspirados em trajes militares, com casacos de botões e calças mais compridas para o inverno. Havia também uma espécie de influência do tipo de roupas usadas especificamente por trabalhadores na então crescente moda infantil, como alguns modelos de gorros e macacões, usados por operários e trabalhadores do campo, mas que, para as crianças, eram confeccionados em tecidos mais macios.
As meninas usavam vestidos com aventais e também gorros para segurar os cabelos. Ainda eram vestidos inspirados nos modelos femininos adultos, mas possuíam a barra mais curta, usados com meias grossas e pequenas bonitas de cano médio.
No começo do século XX, com o crescimento da indústria da moda, e com o aumento da segmentação dos mercados, a moda infantil ganha fôlego, especialmente entre famílias mais abastadas. Meninos e meninas passam a usar roupas específicas para suas idades, com detalhes, bordados e adornos mais próximos do universo infantil, em peças que priorizavam o conforto e a mobilidade, mais alegres e coloridas.