Releases 27/11/2018 - 14:34

Bolhas especulativas e as formas de mitigar seus efeitos na carteira de investimentos


São Paulo-SP--(DINO - 27 nov, 2018) - Uma bolha especulativa é um incremento vertiginoso nos valores dos ativos que é alimentada pela especulação. A bolha é criada por uma disparada injustificada nos preços motivada pelo comportamento exuberante do mercado. Quando não há mais investidores dispostos a comprar pelos elevados preços, ocorre uma venda massiva, provocando o esvaziamento da bolha. A bolha não é esvaziada até que os preços caiam e retornem aos níveis normalizados.

A primeira bolha especulativa que temos registro aconteceu na Holanda entre 1634 e 1637. Admitir que uma simples flor derrubou a poderosa economia holandesa da época pode parecer uma coisa absurda, mas, foi exatamente isso que ocorreu após Carolus Clusius, um botânico, trazer bulbos de tulipa de Constantinopla. Seus vizinhos admirados com a beleza desta planta, roubaram os bulbos e começaram inadvertidamente um comércio.

Holandeses abastados iniciaram a coleta e compra de variedades mais exóticas e raras como se fosse um bem de luxo. À medida que a demanda cresceu, os preços dos bulbos destas variedades raras se elevaram astronomicamente.

O problema com a comercialização de tulipas é que os bulbos só florescem de 7 a 12 anos após serem plantados e a floração dura apenas uma semana nos meses de maio a abril. Esta característica natural da planta limitava o comércio a um período específico. Desta forma, para garantir um mercado de tulipas ao longo de todo o ano, especuladores criaram contratos de tulipas para entrega futura, surgindo
daí o primeiro derivativo do mercado financeiro como conhecemos atualmente.

A bolha estourou quando se descobriu contratos futuros falsos. Os Investidores perceberam que estavam com papéis podres na mão, que lhes davam direito a tulipas inexistentes. Esta situação gerou um pânico que se espalhou por todo continente Europeu, fazendo com que o preço do bulbo dispencasse para uma ínfima parte de seu preço recente.

Bolha pontocom

A bolha pontocom aconteceu ao final da década de 90 e caracterizou-se por um incremento exagerado nos mercados acionários alimentado por investimentos em empresas de base tecnológica. Surgiu de uma combinação de investimentos especulativos e superabundância de capitais de risco em startups.

À medida que a tecnologia avançou e a Internet começou a ser comercializada, os startups pontocom ajudaram a alimentar a bolha especulativa, iniciada em 1995. A bolha subsequente foi formada por dinheiro barato e capital fácil. Os preços de suas ações viram altas incríveis, criando um frenesi entre os investidores.

Mas, como o mercado atingiu o pico, o pânico seguiu entre os investidores. O capital antes fácil começou a secar e as empresas com milhões em capitalização de mercado tornaram-se inúteis em um período de tempo muito curto. Quando o ano de 2001 terminou, uma boa parte das empresas pontocom quebrou.

Bolha Habitacional dos EUA: a crise das subprimes

Esta foi uma bolha imobiliária que afetou mais da metade dos Estados Unidos em meados dos anos 2000. À medida que os mercados começaram a cair, os valores imobiliários começaram a subir e a demanda por imóveis começou a crescer, em níveis quase alarmantes.

As taxas de juros começaram a declinar e quaisquer exigências rígidas de empréstimos bancários foram jogadas pela janela, o que significava que quase qualquer um poderia se tornar proprietário de uma casa. De fato, quase 56% das pessoas que compraram casas naquele período nunca poderiam fazê-lo em circunstâncias normais.

Quando se tornou óbvio que os valores residenciais poderiam afundar, os preços começaram a cair, o que desencadeou uma liquidação nos títulos lastreados em hipotecas, levando a uma queda nos preços e milhões de dólares em inadimplência de hipotecas.

Maneiras de minimizar o impacto das bolhas especulativas

Diercio Ferreira CEO da Pecúnia Educação Financeira e membro da ABEFIN - Associação Brasileira de Educadores Financeiros, orienta que os investidores tenham atenção redobrada aos riscos inerentes aos investimentos que possam ser classificados como "out lier" (pontos fora da curva). Devemos aprender a desconfiar de investimentos que prometam rentabilidade muito destoante dos demais investimentos de sua mesma classe. Investimentos que oscilam demais, podem gerar uma grande rentabilidade num momento e/ou um grande prejuízo logo depois.

Richard Barrington, contribuidor da Revista Forbes nos dá cinco dicas de como mitigar os efeitos das bolhas especulativas:

a) Não se importe em perder a festa: a música sempre soará boa, até que a polícia invada o pedaço. Se alguma coisa parecer errada, não participe da farra apenas porque parece que todo mundo está se divertindo. Fuja do "efeito manada".

b) Foque em seus objetivos: não seja sugado para jogar o jogo de outras pessoas. Se você se concentrar em investir para atender às suas próprias necessidades e circunstâncias, você estará menos inclinado a seguir a multidão e cair no "efeito manada".

c) Diversifique: este é um dos princípios mais elementares de investimento, mas que as pessoas abandonam prontamente ao primeiro sinal do "ouro de tolo". Caso você diversifique adequadamente minimizará o impacto de qualquer explosão de uma bolha especulativa.

d) Use uma disciplina de venda: quando você compra algo, tem um preço-alvo em que estará disposto a vender. Dessa forma, se você tiver a sorte de ver o seu investimento subir, você não será atraído a esperar pela fato do investimento estar se tornando mais popular.

e) Desbalanceamento: à medida que os investimentos individuais ou classes de ativos valoriza, realinhe-os periodicamente para mantê-los em consonância com o mix planejado. Dessa forma, uma bolha especulativa não inflacionará um investimento até o ponto em que ele tenha um impacto excessivo em seu portfólio.

Com o avanço da tecnologia e a velocidade das mudanças, as bolhas especulativas serão cada dia mais comuns e onipresentes, e seu alcance tão difundido, que seria irreal falar sobre evitar bolhas completamente. No entanto, com foco e disciplina, você pode minimizar os impactos e evitar danos desastrosos em seu portfólio de investimentos.

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