Sao Paulo--(
DINO - 09 mai, 2017) - Um dos maiores desafios atuais dos gestores de empresas se refere a capacidade de motivar e engajar os colaboradores para entregarem resultados extraordinários. Diversas empresas já descobriram o poder da técnica de "storytelling" e cada vez mais vem utilizando a contação de histórias como prática gerencial chave para liderar, motivar e comprometer o desempenho dos colaboradores na pratica de valores e comportamentos esperados pela empresa.
A constatação é dos professores do curso de extensão da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Marco Aurélio Morsch e Ricardo Fonseca, coordenadores do programa "Storytelling como ferramenta para cultura organizacional". No curso, que acontece a partir do dia 22 de maio, os participantes aprendem técnicas e princípios para contarem narrativas engajadoras e inspiradoras, preparando-se para atuar como gestores contadores de histórias e serem mais efetivos na gestão da cultura organizacional.
Um estudo feito nos EUA indicou que 70% dos colaboradores sentem-se desmotivados no trabalho e 75% dizem que deixaram o trabalho por causa de seus chefes ? maus gestores. No Brasil, apenas 37% dos trabalhadores se sentem motivados.
As empresas em todo o mundo investem milhões de dólares em treinamentos de motivação e engajamento dos colaboradores. Nos últimos anos, algumas corporações passaram a capacitar seu corpo gerencial para aplicar técnicas de storytelling e transformar os gestores em contadores de histórias junto a suas equipes.
"Todos nós amamos uma boa história", constata Morsch. "Contar histórias é uma tradição social que acompanha a civilização humana desde o tempo das cavernas. Mas somente nas últimas décadas a prática passou a ser sistematizada no âmbito das empresas. "Histórias são fenomenais. Uma grande história muda qualquer coisa" esclarece Morsch. "Elas facilmente conectam e contagiam as pessoas. Elas tem um mágico poder de mobilizar, agregar relevância e prover significado. Tem sido cada vez mais utilizada para engajar equipes".
Líderes empresariais exemplares são grandes contadores de histórias, explica Morsch. Por exemplo, o ex-presidente da GE, Jack Welch, conta como sua mãe incutiu bastante amor e autoconfiança nele para superar o fato de que ele era o garoto mais baixinho em sua classe e tinha uma gagueira grave. Jeff Bezos, fundador da Amazon.com, muitas vezes conta a história de como criou o primeiro escritório da empresa em uma garagem convertida.
Várias empresas institucionalizaram o storytelling como prática gerencial, fazendo seu uso em diversas atividades diversas como comunicação corporativa, propaganda e gestão de pessoas. Na Nike, por exemplo, todos os altos executivos são designados "contadores de histórias corporativas". Na Procter & Gamble, a empresa contratou diretores de Hollywood para ensinar técnicas de storytelling para seus executivos.
Dados excitam a mente, mas não conquistam corações. Conforme Ricardo Fonseca, que também é consultor e sócio-diretor da 4Humagers Consultoria: "Apenas 5% das pessoas se lembram dos gráficos e estatísticas apresentados em uma reunião, enquanto 63% se lembram facilmente de uma história contada".
"Estudos no campo da neurociência explicam como o storytelling afeta o cérebro das pessoas" ressalta Fonseca. "A história ativa partes no cérebro que permite ao ouvinte modificar a história conforme suas próprias ideias e experiências graças a um processo chamado acoplamento neural. Como um espelho, os ouvintes experimentam atividades neurais semelhantes ao apresentador. O cérebro libera dopamina no sistema nervoso quando o indivíduo experimenta uma situação emocionalmente desafiadora, tornando mais fácil a memorização do evento com maior acuracidade."
Um estudo internacional revelou que vários gestores adotam a técnica de contar histórias no seu o dia a dia para motivar os colaboradores e inspirar a mudança cultural. Eles consideram o storytelling como uma habilidade inerente à função do líder, "uma parte integral do que fazem". Para os entrevistados, histórias são a maneira mais efetiva de se conectar com as pessoas e construir o tipo de clima onde os colaboradores sentem-se confortáveis e receptivos para internalizar os objetivos organizacionais. "Histórias emocionam e são memoráveis, elas humanizam a organização", disse um gerente. "A contação de histórias é absolutamente crítica para a mudança cultural. Ela ajuda as pessoas a aprender lições. As pessoas facilmente a ouvem, a interpretam e a armazenam de uma maneira melhor", disse outro entrevistado.
O curso ensina como estruturar uma metodologia que permita facilitar a construção de histórias dentro do ambiente corporativo, criando parâmetros e caminhos para conexão entre cenário e cultura organizacional, perfis e arquétipos, trama e missão, entre outros aspectos.
Para Fonseca existem princípios, técnicas e habilidades requeridas para contar uma história engajadora. "Uma boa história deve ser interativa, visual, conectar-se emocionalmente com o ouvinte e usar diálogos realistas ao introduzir personagens com os quais o interlocutor se identifique. Ao utilizar palavras, símbolos ou recursos audiovisuais para transmitir um conteúdo e compartilhar conhecimento, a arte de contar histórias acaba aproximando as pessoas da empresa, pois o ser humano estabelece ligações interpessoais e conexões emocionais através de uma narrativa".
Como implementar a prática do storytelling nas empresas? Para os dois pesquisadores, essa implementação exige primeiramente a conscientização dos gerentes da arte e da ciência de contar histórias. Uma vez consciente do que contar histórias significa, e do impacto que pode advir, o próximo passo é a construção de um repertório e currículo que demonstre a aplicação estratégica do storytelling em treinamento, definição de expectativas e diretriz organizacional.
Depois, a empresa deve criar uma plataforma para ampla utilização da contação e capturação de histórias junto aos departamentos. Finalmente, garantir que os líderes sejam especialistas em storytelling, incluindo-a como uma habilidade necessária para aquisição e desenvolvimento de talentos, e recompensando a efetiva aplicação dessa habilidade na gestão organizacional.
Website:
http://up.mackenzie.br/extensao/cursos-de-extensao-2017/gestao-e-negocios/estrategia-e-inovacao/storytelling-como-ferramenta-para-cultura-organizacional-2205-a-0506/